Xi Jinping, presidente da China, ladeado pelos líderes da Rússia, Vladimir Putin, e da Coreia do Norte, Kim Jong-un
Xi Jinping, presidente da China, ladeado pelos líderes da Rússia, Vladimir Putin, e da Coreia do Norte, Kim Jong-unEPA/SERGEY BOBYLEV/SPUTNIK/KREMLIN POOL

Putin e Kim ouvem Xi enaltecer o rejuvenescimento "imparável” da China. Trump fala em "conspiração"

"O mundo volta a enfrentar uma escolha entre paz e guerra, diálogo e confronto”, disse o presidente chinês durante desfile militar em Pequim, que contou com os líderes da Rússia e da Coreia do Norte.
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O presidente chinês, Xi Jinping, afirmou esta quarta-feira, 3 de setembro, que o “rejuvenescimento da nação chinesa é imparável”, durante uma parada militar em Pequim que contou com os líderes da Rússia, Vladimir Putin, e da Coreia do Norte, Kim Jong-un.

“O rejuvenescimento da nação chinesa é imparável e a nobre causa da paz e do desenvolvimento da humanidade triunfará certamente”, declarou Xi, num discurso perante dezenas de milhares de pessoas na Praça de Tiananmen.

“O mundo volta a enfrentar uma escolha entre a paz e a guerra, o diálogo e o confronto”, acrescentou o líder chinês, num momento de crescentes tensões geopolíticas e desafios à ordem internacional do pós-guerra.

Num discurso breve, Xi recordou as vítimas da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e apelou à erradicação das causas da guerra, para evitar a repetição da História.

A principal mensagem, contudo, foi de afirmação do papel da China no mundo: “O povo chinês é um povo que não teme a violência, é autossuficiente e forte”, disse.

“Seguiremos o caminho do desenvolvimento pacífico e trabalharemos de mãos dadas com os povos de todos os países para construir uma comunidade de futuro partilhado para a humanidade”, sublinhou.

A parada teve início após o discurso de Xi, com tropas a marchar em passo ritmado na avenida Chang’an, para a revista do chefe de Estado, que também preside à Comissão Militar Central.

Xi percorreu o alinhamento militar numa limusina preta clássica, saudando os soldados e colunas de mísseis e veículos blindados, enquanto estes respondiam em uníssono com lemas como “Servimos o povo”.

O evento contou com a exibição de mísseis, caças modernos e outros equipamentos militares, muitos dos quais mostrados ao público pela primeira vez, num sinal do crescente peso que a China quer assumir no palco internacional.

EPA/WU HAO

A cerimónia começou com uma salva de 80 tiros de artilharia e a execução do hino nacional, “Marcha dos Voluntários”, composto em 1935 durante a resistência à invasão japonesa.

Xi chegou à Porta de Tiananmen com os convidados de honra, incluindo o Presidente russo, Vladimir Putin, e o líder norte-coreano, Kim Jong-un. Os três subiram juntos à tribuna de honra, após saudarem individualmente cinco veteranos da Segunda Guerra Mundial, alguns com mais de 100 anos.

Trump acusa Xi de conspirar contra EUA juntamente com Rússia e Coreia do Norte

Durante o desfile militar, o presidente norte-americano acusou os líderes da China, Rússia e Coreia do Norte de “conspirarem contra os EUA”, enquanto Xi Jinping, Vladimir Putin e Kim Jong-un assistiam ao evento.

"Peço que transmita os meus mais calorosos cumprimentos a Vladimir Putin e Kim Jong-un, enquanto conspiram contra os Estados Unidos da América", escreveu Donald Trump na rede Truth Social, na terça-feira, dirigindo-se ao presidente chinês.

Trump acusou ainda a China de “não reconhecer” o sacrifício dos soldados norte-americanos na guerra contra o Japão.

Xi e Putin reuniram-se na véspera, à margem da cimeira da Organização de Cooperação de Xangai, realizada na cidade costeira de Tianjin, no norte da China, onde reiteraram o fortalecimento da parceria estratégica sino-russa.

“As relações entre a China e a Rússia resistiram a mudanças no cenário internacional e tornaram-se um exemplo do que devem ser as relações entre potências”, afirmou Xi, segundo a televisão estatal chinesa CCTV.

Kim Jong-un, que chegou a Pequim a bordo de um comboio blindado, juntou-se ao grupo vestido de fato preto e sorridente, na primeira visita à China desde 2019.

O reencontro entre os três líderes acontece duas semanas após Trump ter-se reunido com Putin no Alasca, num encontro que terminou sem acordo para um cessar-fogo na Ucrânia.

Segundo a imprensa norte-americana, foram equacionadas novas conversações multilaterais, mas estas não se concretizaram até agora.

Na sua intervenção, durante a parada militar, Xi não mencionou os Estados Unidos, mas agradeceu o apoio dos países estrangeiros que ajudaram a China na resistência contra a invasão japonesa.

O desfile, além de mostrar força militar, visa também reforçar o apoio interno ao Partido Comunista e projetar a China como alternativa à ordem internacional dominada pelos EUA desde o pós-guerra.

Milhares de pessoas assistiram à parada a partir de zonas delimitadas na Praça de Tiananmen, acenando bandeiras vermelhas enquanto coros entoavam canções patrióticas como “Defender o Rio Amarelo” e “Não há Nova China sem o Partido Comunista”.

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