Opinião

Joana Amaral Dias

Só mais 15

Enquanto os bancos rebentam como pipocas e a recessão espreita atrás da porta com a faca nos dentes, António Costa distribui mais um punhado de migalhas. Um punhado de esmolas já que mexer no IVA dos bens essenciais para tirar dois ou três euros no preço do cabaz básico não fará diferença alguma. Igual para a actualização salarial de 1% prometida para a função pública, supostamente para compensar uma inflação de 10%. A dolorosa lista é extensa - mas basta lembrar que a electricidade continua a ser taxada como um bem de luxo, que os maiores aumentos das telecomunicações da UE são portugueses ou que persistem os disparos na prestação mensal do crédito à habitação. Claro que embora tenha os cofres bem estofados, o primeiro-ministro não aumentou o salário mínimo nem avançou com qualquer apoio aos reformados.

Joana Amaral Dias

António Carlos Cortez

A energia do bom combate: carta à minha geração

Cada apitadela tem uma história p"ra contar/ Diga uma composição que vai rolando sem parar/ assim como o caminho da toada popular/ que não se agarra a uma maneira ou forma de cantar// Pouca terra me foi dada no caminho pra rolar/ Onde não tem cor a terra que parece sempre igual/ Mas dos trilhos e lados nascem roseirais/ que dão força ao meu fogueiro que embalam o meu andar// [...]/ Era a lua que me amava nas noites de pouca-terra/ e me dizia então:/ sopra o vapor desta guerra [...]".

António Carlos Cortez

João Lopes

Madame Lispector

Nestes tempos de super-heróis de muito ruído, zero imaginação e avalanches de marketing, será que ainda somos capazes de reconhecer, acompanhar e partilhar a vida de uma personagem? Será que conseguimos libertar-nos dos estereótipos promovidos por telenovelas e afins, ocupando o espaço social todos os dias, em todos os horários nobres? Ou já alienámos a capacidade de formular a pergunta-chave, mesmo que, ou sobretudo quando, as nossas respostas atraiam um rio de incertezas: de que falamos quando falamos de uma personagem?

João Lopes

Daniel Deusdado

Elefante cor-de-rosa (a viver na sala)

As medidas do Governo de apoio às famílias e aos juros/rendas são uma espécie de pequena ajuda, com um bom embrulho e alguma eficácia, mas não se destinam a resolver nenhum problema estrutural. Elas pretendem, sim, ganhar tempo. Porque todos precisamos que a inflação desça. E para isso Medina perde 470 milhões de euros em IVA de bens essenciais, até Outubro, para ver se as grandes cadeias de distribuição cumprem o que dizem -- que os preços não subiriam tanto se houvesse IVA zero. Uma tese indemonstrável, mas que agora vai a jogo, sob supervisão. E com isso, os supermercados passam a ter legitimidade para tentar meter os produtores de novo na caixa, há algum tempo libertos da sala de tortura negocial. Pois agora há um argumento novo para impedir a subida de preços: o Governo não deixa.

Daniel Deusdado

Mais atualidade

Mais Opinião

Viriato Soromenho Marques

Depois dos anéis, os dedos

O SG das Nações Unidas voltou a apelar aos governos do mundo, depois da publicação de mais um relatório breve do IPCC, sobre a necessidade de redução para metade das emissões de gases de efeito de estufa até 2030, se quisermos evitar a impotência perante catástrofes futuras. Ninguém o escutou. As grandes potências planetárias estão mergulhadas numa guerra irracional, porque insistem em ignorar que estamos em 2023 e não em 1944 (o último ano sem armas nucleares). Mas mesmo que evitemos tombar numa breve e suicidária guerra global, mesmo que as armas se calem nos campos de batalha, a "paz" que vai emergir será ameaçadora. O novo sistema internacional será claramente multipolar, mas percorrido por fraturas e hostilidades que irão aumentar a competição, diminuindo a cooperação e a ação coletiva indispensáveis para evitamos um colapso ambiental e o caos social, ainda bem dentro deste século. Tudo isto está a acontecer, apesar dos estudos e relatórios que mapeiam as tendências do futuro com precisão crescente. Estamos a viver num cenário de irresponsabilidade coletiva, devorando o capital natural de que dependem, para sobreviver em condições de dignidade, as gerações que hoje estão no início do seu percurso escolar.

Viriato Soromenho-Marques

Zhao Bentang

Um Olhar para a Nova Jornada da China através das "Duas Sessões"

Há dias, as "Duas sessões" da China: a 1ª sessão da 14.ª Assembleia Popular Nacional (APN) e 1.ª sessão do 14.º Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, foram realizadas bem-sucedidamente. Nas "Duas sessões", definiram-se objetivos, requisitos e prioridades do desenvolvimento económico e social da China. Como as primeiras "Duas sessões" nacionais realizadas após o 20.º Congresso Nacional do Partido Comunista da China, uma série de disposições estratégicas formuladas no Congresso serão transformadas em vontade nacional e ação conjuntas do povo por meio destas sessões.

Zhao Bentang

Anselmo Borges

A Bíblia e a sua leitura

1 O que é a Bíblia? A palavra deriva do grego, com o significado de "os livros". Em latim, e, por derivação, em português, o termo grego transformou-se num singular feminino -- Bíblia --, designando o conjunto dos textos que formam o que também se chama a Sagrada Escritura. Abrange, na sua totalidade, o Antigo Testamento e o Novo Testamento, contendo 73 livros e constituindo, portanto, uma pequena biblioteca. A sua formação e redacção demorou mais de mil anos. É necessário ter isso em conta, pois não é um livro como o entendemos agora, escrito por um autor e num determinado tempo. Trata-se de uma obra de numerosos autores, muitos até desconhecidos, e alguns dos escritos são inclusivamente o resultado da compilação de tradições e textos anteriores.

Anselmo Borges

António Capinha

Geórgia. Moscovo não desiste do controlo do Cáucaso

Recentemente a Geórgia, antiga república soviética, foi notícia devido à tentativa de aprovação da chamada lei dos "agentes estrangeiros". A lei surgiu por iniciativa de Irakli Garibshvili, primeiro-ministro daquele país. Caso tivesse sido aprovada a nova legislação determinaria que todas as organizações que incluíssem na sua composição um financiamento de fontes de capital estrangeiro em pelo menos 20 por cento teriam, obrigatoriamente, de se registar e seriam consideradas instituições estrangeiras.

António Capinha

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