Opinião

Daniel Deusdado

Esqueçam Galamba. O problema é a habitação 

Nem Galamba, nem o SIS, nem as fragilidades do SNS ou do sistema educativo. O maior problema do país, sem solução à vista, é a habitação, sobretudo para as novas gerações. É aqui que o governo enfrenta a maior área de tensão social, e talvez as maiores hesitações, porque o mercado imobiliário é tão complexo que não é fácil pô-lo a funcionar bem, embora seja facílimo dar cabo dele. O que parece estar a acontecer.

Daniel Deusdado

António Araújo

Pouca-terra

No dia 15 de Setembro de 1830, com muita pompa e não menos circunstância, foi inaugurada a Liverpool & Manchester Railway. A festa, monumental: centenas de milhares de mirones, ruas engalanadas, venda de memorabilia, bandas de música, correspondentes de jornais de paragens longínquas, da América, da Índia. Quinze anos volvidos sobre Waterloo, o herói dessa batalha, o duque de Wellington, agora investido no cargo de primeiro-ministro, subia a bordo de uma carruagem especial para perfazer a distância de 56 quilómetros entre o maior porto da Grã-Bretanha, Liverpool, e a sua principal urbe industrial, Manchester. Não foi uma viagem fácil: passados 21 quilómetros, uma das carruagens descarrilou e a de trás colidiu com ela. A meio do percurso, na estação de Parkside, fez-se uma paragem técnica, para abastecimento de água, e, contrariando as instruções recebidas, cerca de 50 convidados saíram das respectivas carruagens. Entre eles, William Huskisson, antigo membro do gabinete, deputado por Liverpool, uma figura marcante na edificação do Império Britânico, pai da doutrina do comércio livre. Dois anos antes, tinha-se desentendido com o primeiro-ministro, abandonara o governo, e aquela era uma ocasião suprema para se reconciliar com Wellington. Por isso, precipitou-se para cumprimentar o duque, apertou-lhe a mão, não reparando que uma outra locomotiva, a Rocket, se aproximava perigosamente na outra linha. Acabaria colhido, ferido com gravidade. Morreria nessa noite.

António Araújo

João Lopes

Os artifícios da nossa inteligência

O debate sobre a Inteligência Artificial (IA) adquiriu uma atualidade e, mais do que isso, uma urgência que não é possível negar. Nem banalizar. Até porque o que está em causa excede a hipótese científica (ou de ficção científica) de os humanos serem dominados pelas máquinas - trata-se também de saber como é que alguns humanos poderão usar as máquinas para dominar outros humanos. Ao mesmo tempo, mesmo sem negar as componentes dramáticas de tais hipóteses, o debate tem sido, em parte, contaminado por formas de alarmismo mediático que relevam da vontade (muito humana...) de apenas instalar cenários (reais ou virtuais) de conflito e perturbação.

João Lopes

Mais atualidade

Fórum da Sustentabilidade e Sociedade

Festival Moods terminou este domingo

MOODS: Uma festa "fascinante" que alcançou os objetivos

Se tivesse de descrever o MOODS, Cristina Pinto não teria dúvidas: é uma festa "fascinante". Pelos espetáculos e pela mensagem de sustentabilidade que lhe está associada. Na companhia do filho, Cristina Pinto foi apenas uma entre as centenas de pessoas que, nos últimos três dias, participaram no festival. O evento decorreu no Jardim Basílio Teles, em Matosinhos. Para Domingos de Andrade, diretor-geral editorial do Global Media Group, o festival foi um "momento único" e "inédito". Também Fernando Rocha, vereador da Câmara de Matosinhos, fez um balanço "muito positivo".

Mais Opinião

José Mendes

Táxis: modernizar sem protecionismos

A Assembleia da República aprovou a autorização legislativa para que o governo legisle no sentido de criar o novo regime jurídico do serviço público de transporte de passageiros em táxi. Um importante passo no sentido da modernização de um setor que, sendo importante no sistema de mobilidade urbana, tem historicamente demonstrado uma grande inércia na adaptação a novas realidades. Mas entre as boas notícias há também algumas ameaças.

José Mendes

Viriato Soromenho Marques

A casa sem telhado

Um século depois do nascimento de Eduardo Lourenço (doravante, EL) é impossível não sentir uma dor de alma pela falta que nos faz a sua capacidade de decifrar enigmas. Neste momento surpreendente, em que um vento de loucura percorre o mundo -- podendo devastá-lo muito mais depressa do que até os mais pessimistas o poderiam prognosticar --, reler o que esse grande pensador escreveu sobre Portugal e o mundo ajuda à serenidade, embora amarga, que a lucidez, sempre permite.

Viriato Soromenho-Marques

Pedro Marques Gomes

O exemplo de Mário Mesquita é a melhor resposta

Há 50 anos, publicava-se um livro que era para ter sido outro e que acabou por ser o que foi, porque o seu autor não quis deixar de fazer o que sempre tinha feito: combater a ditadura. Foi o primeiro livro de Mário Mesquita, que o publicou como um grito político contra o Regime. Deu-lhe um título provocatório - Portugal Sem Salazar - que logo desconstruiu na primeira página: "Salazar continua vivo, presente no nosso quotidiano, na vida política portuguesa. Os mais fiéis nem sempre são os melhores discípulos e a fidelidade à memória do homem público não se confunde com a fidelidade à doutrina".

Pedro Marques Gomes

Evasões

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