O relatório da PSP sobre a morte por eletrocussão de um cão no Parque das Nações indica que, segundo eletricistas da E-Redes e da Câmara Municipal de Lisboa presentes no local, um cabo entalado na bainha de aço estaria a provocar tensão elétrica no solo, originando uma fuga de corrente ativa com carga suficiente para causar a morte do animal. As conclusões coincidem com as medições dos Sapadores Bombeiros, que detetaram 117 volts na terra. De acordo com o documento policial a que o DN teve acesso, “compareceram no local o senhor X, eletricista da Câmara Municipal de Lisboa, e o senhor Y, oficial eletricista da E-Redes, tendo os mesmos prestado a informação técnica a esta Polícia de que o cabo se encontrava entalado na bainha de aço e que o mesmo se encontrava a fazer tensão à terra, estando no momento o poste com fuga de corrente ativa com tensão suficiente para provocar a alegada letalidade do animal”. As conclusões registadas pela PSP confirmam o que já constava do relatório dos Sapadores Bombeiros, divulgado pelo Diário de Notícias. Nesse documento, os bombeiros relatam que “após ambos os piquetes chegarem, solicitei a verificação do local, pois estava a sair algum vapor de dentro do poste. O pessoal da E-Redes fez a medição do local e detetou que a terra estava a mostrar valores de 117 volts, pelo que se concluiu que existia corrente elétrica no chão, possivelmente por um cabo em más condições no subsolo”. A zona foi de imediato vedada. Apesar dos relatórios da PSP e dos Bombeiros, a E-Redes descarta responsabilidades no caso do Parque das Nações, ocorrido a 15 de novembro, assumindo apenas a morte de dois cães em Odivelas, também junto a um poste de iluminação pública, a 14 de novembro, após fortes chuvadas. Em Odivelas, a empresa confirma ter encontrado um cabo subterrâneo com isolamento rasgado, possível origem das descargas elétricas no local. Já na capital, a empresa reitera que, “após investigações no terreno e perícias efetuadas”, não foram identificadas falhas na rede de serviço público. Conclusões que apontam, aparentemente, para que o problema tenha ocorrido na luminária, cuja manutenção é da responsabilidade da autarquia. Reações políticas em uníssono A sucessão de incidentes motivou reações políticas. Alexandra Leitão, vereadora do PS, defendeu um apuramento rigoroso das falhas que levaram à morte do cão por eletrocussão na cidade, enquanto PCP, Livre e BE anunciaram um “questionamento imediato” ao presidente Carlos Moedas. Por seu turno, o Chega apresentou um pedido formal à autarquia para a realização urgente de ações técnicas à infraestrutura elétrica municipal, incluindo medições de tensão, verificações de ligação à terra e consulta de registos de manutenção. O caso chegou também ao Parlamento. O PAN apresentou pedidos formais de esclarecimento ao Ministério do Ambiente e Energia e à Câmara de Lisboa, exigindo responsabilidades e o reforço imediato das inspeções na rede pública de iluminação. O requerimento já deu entrada na Assembleia da República. Depois de o Diário de Notícias ter revelado que o poste no Parque das Nações registava 117 volts no solo - falha que vitimou um dos cães e que poderia ter colocado em risco transeuntes -, a Câmara de Lisboa garantiu ter inspecionado outros equipamentos idênticos na zona, sem encontrar anomalias. A autarquia sublinha que a rede de iluminação pública é sujeita a verificações trienais e a inspeções adicionais sempre que surgem indícios de perigo. Sobre os procedimentos de manutenção, o município explica ainda que o sistema de iluminação pública da cidade é composto por uma infraestrutura gerida pela E-Redes, enquanto os apoios, luminárias e toda a instalação elétrica a partir do ponto de entrega de energia nas caixas de ramal são da responsabilidade da autarquia, num total de cerca de 75 mil unidades distribuídas por toda a cidade. .“Matou um cão. Poderia ter matado uma criança”, avisa especialista. Eletrificação no solo causa morte de três cães em Lisboa e Odivelas.Morte de animais eletrocutados. Chega exige acesso a inspeções às luminárias de Lisboa.Luminárias letais chegam ao Parlamento. PAN quer explicações do Ministério do Ambiente e Energia .Alexandra Leitão exige esclarecimentos sobre postes elétricos letais: “A segurança no espaço público não pode falhar".Luminárias letais: Após relatório dos bombeiros apontar falhas, Câmara de Lisboa garante que rede está segura