Almirante Gouveia e Melo
Almirante Gouveia e MeloFoto: Paulo Spranger / Global Imagens

Gouveia e Melo aceita mas depois devolve corda com nó de forca oferecida pelo ADN na Madeira

Dirigente do ADN recordou palavras do agora candidato presidencial em 2021, em que pediu para lhe darem uma corda para se enforcar caso caísse na tentação da política.
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O candidato presidencial Henrique Gouveia e Melo aceitou este sábado, 5 de julho, no Funchal, a oferta de uma corda com nó de forca, entregue pelo líder regional do ADN, mas devolveu-lha logo de seguida, sugerindo que a utilizasse para enforcar as ideias anticiência.

“Aceito, mas vou-lhe devolver. Sabe porquê? Para o senhor enforcar aqui as vossas ideias do negacionismo, do terraplanismo e de que não há alterações climáticas”, disse e seguiu caminho, despedindo-se do dirigente do ADN, Miguel Pita, com “bom dia e muito obrigado”.

Henrique Gouveia e Melo foi interpelado pelo coordenador regional da Alternativa Democrática Nacional à entrada do Mercado dos Lavradores, no centro do Funchal, onde esteve de manhã, no âmbito de uma visita à região autónoma, que começou na sexta-feira e termina no domingo na ilha do Porto Santo.

O candidato presidencial contactou com vários populares e comerciantes e não se referiu mais ao encontro com o líder do ADN.

Já Miguel Pita explicou que pretendia questionar o almirante sobre as razões que o fizeram mudar de opinião, já que em 2021 afirmou que daria um “péssimo político”. "Se isso acontecer, deem-me uma corda para me enforcar", disse então Gouveia e Melo acerca da eventualidade de cair na tentação da política.

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O líder regional do ADN tencionava também confrontar o candidato com o caso dos tripulantes do NRP Mondengo, que se recusaram a cumprir uma missão na Madeira em 2023, perguntando se iria tratar os portugueses da mesma forma, “julgando-os e condenando-os publicamente”.

Sobre este processo, o Supremo Tribunal Administrativo divulgou no início de maio um acórdão datado de 30 de abril, em que declarou a ilicitude das sanções aplicadas pela Marinha aos militares do navio na sequência de uma missão falhada de 2023, quando Gouveia e Melo era o Chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA).

O tribunal negou provimento ao recurso daquele ramo militar, que contestava uma decisão anterior, do Tribunal Central Administrativo Sul, que já tinha considerado nulas as sanções aplicadas pela Armada por alegada insubordinação a 11 militares, de entre 13 acusados – quatro sargentos e nove praças.

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O coordenador regional do ADN queria ainda abordar Gouveia e Melo sobre a campanha de vacinação contra a covid-19, considerando haver pessoas não vacinadas, como disse ser o seu caso, que se “mantêm vivas e saudáveis”, ao contrário de muitas que “acreditaram e cumpriram com o plano” liderado por ele.

Na sexta-feira, primeiro dia da visita à região, Henrique Gouveia e Melo reuniu-se com o presidente do Governo Regional (PSD/CDS-PP), Miguel Albuquerque, e visitou a obras de construção do novo Hospital Central e Universitário da Madeira.

“Venho fazer esta visita para conhecer melhor a região, falar sobre outros temas que antigamente não falava enquanto era oficial de Marinha e perceber os problemas que as regiões têm”, disse na altura.

Interrogado se gostaria de ter o apoio do chefe do executivo insular, Gouveia e Melo respondeu que não pede “apoio de ninguém em termos formais, nem apoio de instituições”, acrescentando que o que interessa é apoio dos portugueses.

O candidato participa hoje num jantar com apoiantes, num restaurante no concelho de Câmara de Lobos, tendo visitado esta manhã a Unidade Autónoma de Gás Natural dos Socorridos, do Grupo Sousa, e o varadouro São Lázaro, no Funchal, onde se inteirou dos projetos desenvolvidos pela ARDITI - Agência Regional para o Desenvolvimento da Investigação, Tecnologia e Inovação.

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