Henrique Gouveia e Melo, na altura chefe de Estado Maior da Armada, foi à Madeira repreender os militares.
Henrique Gouveia e Melo, na altura chefe de Estado Maior da Armada, foi à Madeira repreender os militares.HOMEM DE GOUVEIA/LUSA

Tribunal declara ilícitas sanções aplicadas aos militares do NRP Mondego

Acórdão nega provimento ao recurso da Marinha, que contestava uma decisão anterior, do Tribunal Central Administrativo Sul, que já tinha considerado nulas as suspensões aplicadas aos 11 militares.
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O Supremo Tribunal Administrativo declarou como tendo sido ilícitas as sanções aplicadas pela Marinha a 11 dos 13 militares que em março de 2023 se recusaram a embarcar no Navio da República Portuguesa (NRP) Mondego alegando questões de segurança.

Datado de 30 de abril e divulgado esta terça-feira na página oficial do tribunal, o acórdão nega provimento ao recurso da Marinha, que contestava uma decisão anterior, do Tribunal Central Administrativo Sul, que já tinha considerado nulas as suspensões aplicadas aos 11 militares visados.

Segundo o tribunal, o processo que conduziu à aplicação das sanções disciplinares contém diversos vícios e falhas que resultam na "nulidade da decisão por vícios do procedimento".

Recorde-se que a Marinha falhou uma missão de acompanhamento de um navio russo a norte da ilha de Porto Santo por causa dessa recusa.

O advogado dos 11 militares, António Garcia Pereira, lembra que os dias de suspensão foram cumpridos e que há "uma mancha" no currículo destes militares associada a este processo e diz que a decisão, por ser de última instância e, portanto, definitiva, significa que não podem subsistir quaisquer efeitos negativos das sanções aplicadas.

A defesa quer ver garantida a "responsabilização da hierarquia", que tinha no topo o almirante Henrique Gouveia e Melo, que na altura se deslocou à ilha da Madeira, onde o navio-patrulha estava em missão, para repreender publicamente os militares que se recusaram a cumprir a missão.

Garcia Pereira diz que é "muito provável" vir a avançar com um pedido de indemnização, nomeadamente por danos morais.

Falta ainda uma decisão da justiça sobre se as punições aplicadas a dois outros militares no mesmo contexto serão igualmente ilegais.

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