A Comissão Nacional de Jurisdição (CNJ) do PS enviou uma notificação a vários elementos do partido a confirmar decisões de expulsão. Daniel Adrião, ex-candidato à liderança do partido por quatro vezes, recebeu a missiva, que tem data a 14 de novembro. Como tal, o antigo candidato a secretário-geral já não é militante do partido.Em causa está a candidatura de Daniel Adrião à presidência da freguesia de S. Vicente, em Lisboa, de forma independente, concorrendo diretamente contra o candidado do partido pelo qual era militante.Segundo a CNJ, "integrar uma lista contrária à apresentada pelo PS ou às orientações definidas pelos órgãos competentes do partido" é considerada uma "infração disciplinar, qualificada como falta grave", o que deu direito à expulsão. Na missiva, lamenta-se "a confrontação gratuita" nas últimas autárquicas. Recorde-se que a escolha recaiu em André Biveti, que venceu as eleições na freguesia, apesar de Daniel Adrião ter sempre afirmado que o seu nome fora bem acolhido ainda com Pedro Nuno Santos, e depois José Luís Carneiro, ao leme do PS.Ao DN, admite que vai recorrer para o Tribunal Constitucional. "Não responde à questão essencial levantada no meu recurso, no caso o incumprimento da norma estatutária relativa à aprovação da lista pelo órgão competente, com poderes para definir a orientação do partido. Como poderia eu impugnar um ato que não existiu? Não há qualquer base jurídico-legal... é do domínio da ficção. O Tribunal Constitucional decidirá quem tem razão", avisou Daniel Adrião em conversa com o DN.No início desta semana, Luís Parreirão, homem forte do Secretariado Nacional, lembrou que existem "regras” no PS. “O partido tem regras, a disciplina tem de ser aplicada. Os militantes sabem que devem apoiar o PS nas eleições, salvo indicações de liberdade de voto. Ao quebrarem regras, é a vida...”, tentou clarificar, preferindo não confirmar se existiu mais de uma dezena nesta situação em 2025 e adotando, antes, uma postura de diplomacia. “Há várias circunstâncias, avaliamos se as pessoas que saem mantém um ideário socialista. Regressos são sempre pensados caso a caso”, afirma. Não respondeu, na altura, no caso concreto de Daniel Adrião. Nessa mesma entrevista, Parreirão falou no crescimento de militantes, 6000 em menos de doisanos, colocando o PS acima dos 90 mil filiados. Resta esperar atualizações de alguns dissidentes que foram, entretanto, confrontados com decisões de expulsão. ."Estou chocado". Daniel Adrião expulso do PS por avançar como candidato contra o partido.PS à beira dos 100 mil militantes e sem fechar a porta a dissidentes.PS ferido por dentro: sete dissidentes ganharam câmaras socialistas