A militância nos partidos políticos é, muitas vezes, tema interno, sem tanta divulgação quando existem mais saídas do que entradas. O DN pôde saber que no caso do Partido Socialista o crescimento, desde janeiro de 2024 a outubro de 2025, cifrou-se em 6500 militantes. Um resultado importante para o partido, tendo em conta que o PS deixou de governar em 2024 e teve, nas Legislativas de maio de 2025, um enorme tombo eleitoral, passando para 58 deputados e, pela primeira vez em democracia, para terceira força política no Parlamento. Nas eleições autárquicas de 12 de outubro, também deixou de ser o partido com mais câmaras municipais, sendo destronado pelo PSD. Ainda assim, os dados a que o DN teve acesso mostram um crescimento de militantes progressivo, sem ser visível um pico adesão nos meses que antecederam as autárquicas. Luís Parreirão, antigo deputado e secretário de Estado socialista, agora no Secretariado Nacional, descreve como “valoroso” este aumento que diz ser “transversal no território”. “É agradável ver o registo dos militantes no PS, tem sido feito um esforço para a melhor organização possível e é valoroso ver esta adesão autónoma, que encaramos como um ato de cidadania. Quando os partidos têm momentos menos bons, e isto acontece no PS e no PSD, há picos de adesão, as pessoas querem mostrar que estão com esses partidos. Isso traduz que, ideologicamente, essas pessoas, que não eram militantes, se identificavam com o PS”, responde ao DN o experiente socialista, que admite que “os números totais andarão entre 90 e100 mil militantes”, apontando ainda que os do PSD “devem ser semelhantes.”O dirigente socialista salienta o “crescimento transversal no território”, visível, portanto, fora das áreas metropolitanas, e diz ainda que a idade média do militante baixou (48 anos), com 17% a terem menos de 30 anos. Há um fator impactante nas contas. “Não é por não pagar quotas que se afastam militantes”, diz Parreirão, considerando que “as atitudes são muito mais importantes para ficar no Partido Socialista.”É nessa ótica que o PS mantém uma postura dialogante, até com quem governa câmaras, depois de sair do partido. Pelas contas do DN, foram sete os municípios conquistados por independentes que tinham saído das fileiras do PS. Agora há uma porta aberta, mediante o que possa a ser a governação. “Há um conjunto de independentes, de presidentes de câmara que não se candidataram pelo PS e que se identificam ideologicamente com o PS. É desejável que voltem. É um desafio que faço, porque são ideologicamente socialistas. Diria que não há exclusão nem adoção, mas temos racionalidade neste assunto”, admite Luís Parreirão, considerando ainda que “as grandes vitórias autárquicas” - sobretudo, ao nível das câmaras municipais de capitais de distrito - são a resposta a quem “vaticinava que íamos afundar-nos.”Por outro lado, há casos de dissidentes que candidatando-se por outros partidos ou como independentes, à revelia do PS, foram expulsos. E sem notificação para o efeito, como Daniel Adrião revelou ao DN. Luís Parreirão lembra que “há regras” no PS. “O partido tem regras, a disciplina tem de ser aplicada. Os militantes sabem que devem apoiar o PS nas eleições, salvo indicações de liberdade de voto. Ao quebrarem regras, é a vida...”, tenta clarificar, preferindo não confirmar se existiu mais de uma dezena nesta situação em 2025 e adotando, antes, uma postura de diplomacia. “Há várias circunstâncias, avaliamos se as pessoas que saem mantém um ideário socialista. Regressos são sempre pensados caso a caso”, afirma.Luís Parreirão destaca o papel que José Luís Carneiro tem tido no “crescimento sustentável” do número de militantes. “O PS tem feito um caminho de grande afirmação de ideias e o secretário-geral tem conduzido o PS no caminho tradicional - foi conhecer o país, fez um esforço por isso e tal foi notado”, lembrando que coligações acontecem “em certos momentos e contextos locais e nacionais”, mas que “o PS é um partido absolutamente estruturante”. “Mal iria quando assim não fosse”, refere Luís Parreirão.Números6500 adesõesOs números que o DN teve acesso mostram que existiram 6500 formalizações de novos militantes entre janeiro de 2024 e outubro de 2025, aproximando o partido de 100 mil pessoas.17% de jovensA idade média do militante baixou para 48 anos. 17% dos militantes terão hoje menos de 30 anos. Logo, a base via Juventude Socialista, representa um pouco mais de 10% do partido.58 DeputadosAs eleições legislativas de maio foram as mais penalizadoras na história do PS. Em 2024, já tinha deixado de governar. Ainda assim, números de crescimento não travaram.7 PresidentesPelo menos sete câmaras municipais foram, em 2025, conquistadas por independentes que tinham raízes no PS. “É desejável que voltem”, diz Parreirão, que avisa que “os regressos são pensados caso a caso.”128 CâmarasO Partido Socialista conquistou 128 municípios nas Autárquicas, ganhando 126 destes isoladamente. Somou 1,8 milhões de votos e capitais de distrito importantes. Porto e Lisboa foram grandes derrotas..Autárquicas: PSD vence nas cinco maiores câmaras, pela primeira vez desde 2005, mas PS trava queda eleitoral .PS ferido por dentro: sete dissidentes ganharam câmaras socialistas.OE2026: Carneiro diz que abstenção serve o país e que PS foi comedido nas propostas