A presidência russa indicou esta quinta-feira, 14 de agosto, que prevê “discussões complexas” entre os líderes dos Estados Unidos, Donald Trump, e da Rússia, Vladimir Putin, na cimeira prevista para sexta-feira no Alasca, mas não vão assinar nenhum documento.“Não é esperado. Nada foi preparado. Dificilmente haverá um documento", afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, em declarações à televisão pública russa, a propósito da possibilidade de os dois presidentes subscreverem um texto formal sobre a guerra na Ucrânia.O porta-voz afirmou que o lado russo parte para a reunião com “boa vontade política demonstrada pelos presidentes de ambos os países para resolver os problemas através do diálogo” e que serão abordadas “as questões mais difíceis".Quando questionado se os dois líderes planeiam discutir uma troca de territórios entre a Rússia e a Ucrânia para resolver o conflito, Peskov respondeu que "obviamente, serão abordadas questões relacionadas com a solução ucraniana", ressalvando que esse “é um assunto muito complexo e multifacetado".O líder russo "explicará os acordos e entendimentos alcançados" numa conferência de imprensa conjunta com o homólogo norte-americano, referiu Peskov.Na véspera da cimeira, Putin elogiou esta quinta-feira os esforços “enérgicos e sinceros” dos Estados Unidos para pôr fim aos combates na Ucrânia..Antes do encontro no Alasca, Putin elogia "esforços enérgicos" de Trump para pôr fim à guerra na Ucrânia. O líder russo observou, numa reunião extraordinária com altos funcionários do Governo e do Kremlin, que o trabalho dos norte-americanos visa “um acordo que responda aos interesses de todas as partes envolvidas no conflito”.O tema central da cimeira será “evidentemente a resolução da crise ucraniana”, segundo Yuri Ushakov, conselheiro diplomático de Putin, mas também serão abordados outros temas de segurança internacional.O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, expressou esta quinta-feira, por seu lado, esperança no sucesso do encontro de alto nível, considerando que é crucial um cessar-fogo na Ucrânia."Como disse o Presidente [Trump], a sua esperança é interagir [com Putin] e obter uma noção muito rápida e antecipada se a paz é possível ou não", comentou Rubio aos jornalistas no Departamento de Estado, à margem de um encontro com representantes do Paraguai..Trump quer cessar-fogo e ameaça com “consequências muito graves”, Putin mantém exigências. Rubio recordou que Trump falou com Putin quatro vezes por telefone e que agora entendeu que “era importante falar com ele pessoalmente, olhá-lo nos olhos e determinar o que era possível e o que não era".Questionado se seriam abordadas concessões territoriais, o chefe da diplomacia de Washington indicou apenas que serão discutidas “entre outras coisas, as disputas territoriais, as reivindicações e os motivos dos combates”, que se prolongam desde a invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022.“Todos estes elementos farão parte de um pacote abrangente, mas acredito que o Presidente espera garantir o fim dos combates para que estas discussões possam ocorrer", afirmou Rubio.O secretário de Estado norte-americano afirmou ainda, tal como a Ucrânia e os principais líderes europeus pediram, que para se alcançar a paz, terão de ser tratadas as garantias de segurança à Ucrânia."Vamos ver como correm as negociações. Estamos esperançosos", declarou, sublinhando que "em última análise, cabe à Ucrânia e à Rússia chegarem a um acordo" para alcançar a paz.Donald Trump já se tinha também pronunciado esta quinta-feira sobre a cimeira com o homólogo russo, defendendo que qualquer acordo para pôr fim à guerra na Ucrânia terá de passar por uma reunião que inclua Putin e o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que não foi convidado para comparecer no Alasca.“Este encontro abrirá caminho para outro”, declarou o Presidente norte-americano à estação Fox News.Para Trump, um segundo encontro, com os líderes russo e ucraniano “será muito, muito importante, porque será um encontro em que eles chegarão a um acordo” sobre o conflito.“E não quero usar o termo ‘dividir as coisas’, mas, de certa forma, não é um termo mau. Haverá concessões mútuas no que diz respeito às fronteiras, aos territórios”, insistiu Trump, a propósito de trocas territoriais como parte de um acordo de paz, uma hipótese entretanto descartada por Zelensky, respaldado pelos líderes europeus, que rejeitam cedências pela força..Zelensky anuncia que a Ucrânia recebe 1300 milhões de euros de ajuda militar via NATO. Na mesma entrevista, Donald Trump estimou em “25%” o risco de fracasso do encontro com Putin na sexta-feira.De acordo com o Kremlin, a reunião tem início às 11:30 locais (20:30 em Lisboa), na base militar de Elmendorf-Richardson nos arredores de Anchorage, no Alasca, e será seguida de uma conferência de imprensa conjunta..Elmendorf-Richardson. A base no gelo que recebe o encontro Trump-Putin foi central na Guerra Fria. Em primeiro lugar, haverá um encontro presencial entre os dois líderes, seguido de delegações compostas por cinco altos funcionários, que incluirá um pequeno-almoço de trabalho.