Elmendorf-Richardson. A base no gelo que recebe o encontro Trump-Putin foi central na Guerra Fria
US AIR FORCE / Senior Airman Patrick Sullivan

Elmendorf-Richardson. A base no gelo que recebe o encontro Trump-Putin foi central na Guerra Fria

Construída em 1940, Elmendorf-Richardson tem hoje uma população de 32 mil pessoas. Presidente americano descreveu-a como "a última fronteira do nosso país" e a "primeira linha de defesa dos EUA".
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O capitão Hugh M. Elmendorg morreu em 1933 durante um teste de voo de um caça experimental no Ohio. O brigadeiro-general Wilds P. Richardson, entre outros feitos, chefiou a Comissão Rodoviária do Alasca no início do século XX, tendo construído guarnições e trilhos em todo aquele enorme território. A base que esta sexta-feira, 15 de agosto, vai receber o encontro entre os presidentes dos EUA, Donald Trump, e da Rússia, Vladimir Putin foi nomeada em homenagem a estes dois homens.

Construída em 1940, a Joint Base Elmendorf-Richardson é desde 2010 uma fusão entre a base aérea de Elmendorf, da Força Aérea, com Fort Richardson, pertencente ao exército americano. Maior base militar do Alasca, tem hoje uma população de 32 mil pessoas, ou seja, 10% dos habitantes de Anchorage, a capital do estado.

Com os seus 26 mil hectares, a base continua hoje a ser essencial para a prontidão militar dos EUA no Ártico. Mas a sua importância estratégica não é nova. Durante a Guerra Fria foi um local crítico para a defesa aérea e ponto de comando central para afastar ameaças vindas da União Soviética. No seu auge, em 1957, a base chegou a receber 200 caças e e vários sistemas de controlo de tráfego aéreo e radares de alerta precoce, o que lhe valeu a alcunha de "Top Cover for North America" (algo como "Cobertura Superior para a América do Norte").

Rodeada de montanhas, lagos gelados e glaciares, por ali as temperaturas podem descer com frequência abaixo dos 15 graus negativos, mas esta sexta-feira esperam-se uns amenos 16 graus para receber Trump e Putin, que ali vão debater o futuro da guerra na Ucrânia.

Numa visita à base em 2019, no seu primeiro mandato como presidente, Trump destacou que as tropas ali estacionadas "servem na última fronteira do nosso país como a primeira linha de defesa dos Estados Unidos". Além de Trump, também visitaram a base de Elmendorf- Richardson Joe Biden e Barack Obama, tendo este último sido o primeiro presidente dos EUA a fazê-lo.

Comprado pelos EUA à Rússia em 1867 por 7,2 milhões de dólares, o Alasca tornou-se um estado norte-americano em 1959. A proximidade geográfica entre os dois países naquela região é tal que a pequena ilha de Diomede, no Alasca, fica a menos de cinco quilómetros da grande ilha de Diomede, na Rússia, no estreito de Bering.

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Uma proximidade que o conselheiro de Putin para as relações externas, Yuri Ushakov, destacou: "Parece totalmente lógico que a nossa delegação simplesmente atravesse o Estreito de Bering e que uma cimeira tão importante e esperada entre os líderes dos dois países seja realizada no Alasca."

Mas a escolha do Alasca para uma cimeira entre os dois presidentes em que se vai debater uma solução para a guerra que começou com a invasão russa da Ucrânia não ficou sem críticas. Com vários analistas a apontarem que será fácil a Putin usar o argumento de como é fácil alguns território mudarem de mãos. O presidente russo continua a reivindicar os territórios ocupados na Ucrânia. E o próprio Trump já afirmou que terá de haver alguma troca de territórios se se quer chegar à paz. Um cenário a que a Ucrânia - que não estará presente neste encontro, tem resistido.

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