Pelo menos uma pessoa morreu e 19 ficaram feridas na madrugada deste sábado, 27 de dezembro, em consequência de um ataque russo contra a capital ucraniana, Kiev, que deixou ainda 320 mil casas sem eletricidade, informou o presidente da câmara da cidade.O ataque com mísseis balísticos e drones levado a cabo por Moscovo, e que atingiu vários pontos da cidade, aconteceu em vésperas de um encontro programado entre o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e o presidente norte-americano, Donald Trump, na Florida, para discutir a questão dos territórios, no âmbito das negociações destinadas a pôr fim à guerra, em curso há mais de quatro anos, mas que até agora não produziram resultados concretos.O presidente ucraniano reagiu nas redes sociais, afirmando que o ataque contra Kiev mostra que a Rússia “não quer o fim à guerra”.De acordo com Zelensky, as forças de Moscovo utilizaram quase 500 drones e 40 mísseis nesta ofensiva, que, afirmou, teve como "alvo principal" Kiev, nomeadamente "instalações energéticas e infraestruturas civis". "Muitas questões têm surgido nos últimos dias – então, qual é a resposta da Rússia às propostas para pôr fim à guerra oferecidas pelos EUA e pelo mundo? Os representantes russos participam em longas conversas, mas, na realidade, Kinzhals e 'shaheds' falam por eles. Esta é a verdadeira atitude de Putin e do seu círculo mais próximo. Não querem acabar com a guerra e procuram aproveitar todas as oportunidades para causar ainda mais sofrimento à Ucrânia e aumentar a pressão sobre outros países do mundo", declarou o presidente ucraniano.Para Zelensky, "a pressão em resposta é ainda insuficiente". "Se a Rússia transforma até o período do Natal e do Ano Novo numa época de casas destruídas e apartamentos incendiados, de centrais eléctricas arruinadas, então esta atividade doentia só poderá ser combatida com medidas verdadeiramente enérgicas. Os EUA têm essa capacidade. A Europa tem essa capacidade. Muitos dos nossos parceiros têm essa capacidade. A chave é usá-la", reforçou o chefe de Estado da Ucrânia.Perante estes ataques russos, Zelensky reforçou a importância de continuar a apoiar a defesa da Ucrânia, garantindo que o país não irá reduzir os esforços diplomáticos para acabar com a guerra. "Mas a diplomacia não funciona sem segurança. A segurança deve ser garantida pelas maiores potências mundiais, e iremos discuti-la em privado hoje e amanhã com os líderes europeus, com o primeiro-Ministro do Canadá e com o presidente dos Estados Unidos", destacou.Uma série de fortes explosões foi ouvida em Kiev durante a madrugada, depois de as autoridades militares terem alertado a população para a presença de numerosos drones e mísseis a ameaçar diversas regiões do país. .2600 edifícios de habitação sem aquecimento. Segundo o presidente da câmara de Kiev, os ataques noturnos na capital provocaram um incêndio num edifício residencial e causaram um morto e 19 feridos, dos quais 11 foram hospitalizados.“Na capital, 19 pessoas já foram atingidas. Onze delas foram hospitalizadas”, afirmou Klitschko, acrescentando que “2600 edifícios de habitação, 187 creches, 138 escolas e 22 instituições sociais” ficaram sem aquecimento.A vítima mortal foi uma mulher de 47 anos, revelou o governador regional, Mykola Kalashnyk, acrescentando que mais de 320 mil lares permaneciam sem eletricidade hoje de manhã, sobretudo na margem esquerda da região.A Força Aérea ucraniana emitiu um alerta aéreo nacional nas primeiras horas de sábado, indicando que ‘drones’ e mísseis sobrevoavam várias regiões do país, incluindo a capital.As negociações para uma solução do conflito intensificaram-se nas últimas semanas, após a apresentação de um plano proposto por Donald Trump.Inicialmente considerado por Kiev e pelos europeus demasiado favorável a Moscovo, o documento foi reformulado. .Donbass, garantias de segurança e central nuclear de Zaporíjia em cima da mesa na reunião entre Zelensky e Trump. Volodymyr Zelensky revelou esta semana os detalhes de uma nova versão, revista mas criticada por Moscovo, que acusou a Ucrânia de querer “sabotar” as negociações.A nova versão do plano prevê o congelamento da linha da frente, sem oferecer uma solução imediata para as reivindicações territoriais da Rússia, que ocupa mais de 19% do território ucraniano.“Temos uma agenda carregada. Isso acontecerá durante o fim de semana, penso que no domingo, na Florida, onde teremos uma reunião com o presidente Trump”, afirmou Zelensky na sexta-feira aos jornalistas.Segundo o presidente ucraniano, as conversações incidirão sobre “questões sensíveis”, nomeadamente o futuro do Donbass, região industrial do leste da Ucrânia reivindicada por Moscovo, e da central nuclear de Zaporijia, no sul do país, ocupada por forças russas, bem como sobre as garantias de segurança que os países ocidentais poderão fornecer à Ucrânia no âmbito de um eventual acordo de paz.Na sexta-feira, Trump afirmou que Zelensky “não terá nada” sem o seu acordo, numa entrevista ao portal Politico, manifestando também confiança num entendimento tanto com o líder ucraniano como com o presidente russo, Vladimir Putin, com quem disse prever conversar “em breve”.A mais recente versão do plano norte-americano, um documento com 20 pontos, propõe congelar as posições das duas partes, sem responder à exigência russa de retirada das forças ucranianas de cerca de 20% da região de Donetsk que ainda controlam.Ao contrário da versão inicial, o novo texto deixou de incluir qualquer obrigação jurídica de não adesão da Ucrânia à NATO, uma linha vermelha para Moscovo.Por estas razões, a aprovação do documento pela Rússia, parece, para já, improvável.O vice-ministro russo dos Negócios Estrangeiros afirmou que o texto “difere radicalmente” do que tinha sido negociado anteriormente entre Washington e Moscovo, advertindo que, sem regressar aos entendimentos prévios, “nenhum acordo poderá ser concluído”..Zelensky anuncia novo encontro com Trump no domingo. "Muitas coisas podem ser decididas antes do Ano Novo".Putin diz que Rússia pode estar aberta a troca parcial de territórios, mas quer todo o Donbass