Contra o covid (e sem Ronaldo) marchar, marchar...
Foi com a vestimenta de campeão da Europa e vencedor da Liga das Nações, que a seleção nacional voltou aos relvados, após paragem de dez meses, por causa da pandemia. O triunfo sobre a vice-campeã mundial Croácia (4-1) foi uma bela forma de fazer esquecer aquele covid-19 que inferniza a vida ao mundo desde março. Com um jogo dinâmico, fluído e com um pendor atacante poucas vezes visto, Portugal, mesmo sem o capitão ao leme, não deu hipóteses aos croatas e construiu um triunfo sólido. Além dos quatro golos, a equipa das quinas ainda acertou no ferro por mais quatro vezes.
Se para um clube jogar sem os seus fervorosos adeptos é estranho, para uma seleção ainda mais. Ouvir A Portuguesa ecoar pelas cadeiras vazias do Estádio do Dragão sem ter 50 mil vozes a acompanhar não deixa de ser triste e chamariz de saudade de uma normalidade que a pandemia teima em alterar. O covid-19 tirou os adeptos dos estádio e roubou-lhe a alma. O sentido de pátria e orgulho na seleção que é campeão da Europa e vencedora da Liga das Nações não se fez ouvir. Faltaram os cânticos, os cartazes a dizer 'CR7 dá-me a tua camisola' ou o mar de cachecóis cheios de vida a cada golo ou lance de perigo...
O silêncio imperou e deu para ouvir os aplausos de um adepto especial. Cristiano Ronaldo viu o jogo da bancada e até foi chamado à atenção por não ter a máscara. Uma infeção num dedo do pé direito impediu o capitão de jogar. Ele podia fazer história. CR7 tem atualmente 99 golos e tinha a oportunidade de chegar aos 100 golos pela seleção num campo onde se estreou a marcar (frente à Grécia, na abertura do Euro2004). Tal como na anterior edição Portugal iniciou assim o apuramento para a final four da Liga das Nações sem o capitão - em 2018, depois de se mudar para a Juventus, pediu para não ser chamado à seleção durante uns meses.
Twittertwitter1302332695582834690
Jota foi a aposta inicial de Fernando Santos para jogar no lugar de Ronaldo e formou um trio avançado terrífico com João Félix e Bernardo Silva, apoiados por Bruno Fernandes e João Moutinho. O selecionador nacional apostou ainda em Anthony Lopes. O guarda redes do Lyon fez assim a sua estreia pela seleção Nacional em competições oficiais depois de sete amigáveis. O guardião de 29 anos em teve tempo para saborear o momento e foi logo chamado a intervir para impedir o golo de Nikola Vlasic.
Depois disso esteve atento, mas foi sempre um mero espetador numa parte de grande nível da seleção nacional, que criou várias oportunidades de golo. Livakovic, guarda-redes da Croácia, foi o melhor da Croácia nos primeiros 45 minutos e teve a colaboração dos ferros da baliza. A certa altura parecia que a bola não queria mesmo entrar na baliza croata. Jota, Raphael Guerreiro e João Félix viram os ferros da baliza impedir-lhes o golo. Só Cancelo soube como trair Livakovic. Depois de o tentar bater com uma trivela à Quaresma, o lateral adiantou mesmo Portugal com um remate espetacular.
A vantagem era magra para aquilo que Portugal produziu na primeira parte. Depois do intervalo adivinhava-se outra atitude por parte da vice-campeã mundial, mas a Croácia estava órfã do talento das duas principais estrelas (Modric e Rakitic) e Portugal não tirou o é. Jota que se estreou a titular e jogou no lugar de Ronaldo deu tranquilidade à equipa portuguesa. Logo depois do avançado do Wolverhampton se estrear a marcar pela equipa nacional, João Félix fez o mesmo. O menino de ouro do futebol português fez o 3-0 e estreou-se assim a marcar pela seleção no Dragão, tal como Ronaldo o fez há 16 anos. Semelhanças?
Depois ainda houve tempo para Fernando Santos estrear Trincão. O jogador do Barcelona entrou para o lugar de Bernardo Silva aos 78 minutos, tornando-se o 42.º jogador a ser lançado pelo selecionador desde que assumiu o cargo no final de 2014. Por entre uma e outra substituição Portugal relaxou um pouco e viu Petkovic bater Anthony Lopes, antes de André Silva entrar em campo para fazer o 4-1 final.
A seleção nacional venceu assim mais um jogo no terreno portista. Esta foi a 11.ª vez que o Estádio do Dragão recebeu a seleção, sendo que só assistiu a uma derrota - no tal jogo com a Grécia, na abertura do Euro2004. A última vez que a equipa nacional jogou no campo do FC Porto, ergueu um troféu, a Liga das Nações que agora começou a defender. E para quem não jogava há quase dez meses - o último jogo foi a 17 de novembro, com o Luxemburgo (2-0) - , a equipa nacional não se saiu nada mal.
Venha a Suécia...
VEJA OS GOLOS
4-1 André Silva
Twittertwitter1302347476175814656
3-1 Petkovic
Twittertwitter1302346229632970753
3-0 João Félix
Twittertwitter1302340417954942977
2-0 Jota
Twittertwitter1302337815196372994
1-0 João Cancelo
Twittertwitter1302328559835516930
FICHA DE JOGO
Jogo no Estádio do Dragão, no Porto
Portugal - Croácia, 4-1
Marcadores: 1-0, João Cancelo, 41'; 2-0, Diogo Jota, 58'; 3-0, João Félix, 70'; 3-1, Bruno Petkovic, 90'+1'; 4-1, André Silva, 90'+4'
Equipas:
Portugal: Anthony Lopes, João Cancelo, Pepe, Rúben Dias, Raphael Guerreiro, Danilo, João Moutinho (Sérgio Oliveira, 82), Bruno Fernandes, Diogo Jota, João Félix (André Silva, 88) e Bernardo Silva (Francisco Trincão, 78)
Selecionador: Fernando Santos
Croácia: Dominic Livakovic, Tin Jedvaj, Dejan Lovren, Domagoj Vida, Borna Barisic, Mário Pasalic (Marcelo Brozovic, 61), Mateo Kovacevic, Josip Brekalo (Ivan Perisic, 61), Nikola Vlasic, Ante Rebic e Andrej Kramaric (Bruno Petkovic, 74)
Selecionador: Zlatko Dalic
Árbitro: Davide Massa (Itália)
Ação disciplinar: Cartão amarelo para Tin Jedvaj (60') e Borna Barisic (70')
Assistência: Jogo realizado à porta fechada devido à pandemia de covid-19