Suíça é o principal destino dos portugueses.
Suíça é o principal destino dos portugueses.Foto: Unsplash

65 mil portugueses deixaram Portugal em 2024, a maioria pouco qualificada

Suíça e Espanha mantêm-se como principais destinos de uma migração com baixas qualificações escolares, França e Alemanha vêm a seguir.
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Em 2024 emigraram aproximadamente 65 mil portugueses, menos cinco mil do que no ano de 2023. O dado consta do relatório do Observatório da Emigração, do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES), divulgado nesta quinta-feira, 18 de dezembro.

De acordo com o documento, esta “ligeira desaceleração” é ocasionada, sobretudo, pelos efeitos recessivos do Brexit sobre a emigração portuguesa para o Reino Unido, que diminuiu 37% entre 2023 e 2024. Em 2015 eram 32 mil, enquanto no ano passado desceram para menos de três mil.

A Suíça e a Espanha continuam a ser os principais destinos da emigração portuguesa, com 12.388 e 11.332 entradas em 2024, respetivamente. Completa o pódio a França, apesar de o observatório não dispor de dados do último ano. Segundo a entidade, a Alemanha “é a mais forte candidata a disputar o terceiro lugar à França”, com 7.410 entradas de portugueses no mercado alemão.

Outro aspeto é que “cinco dos sete principais países de destino da emigração portuguesa continuam a ter maioritariamente uma migração com baixas qualificações escolares: Suíça, Espanha, França, Alemanha e Luxemburgo”, destaca Inês Vidigal, coordenadora executiva do Observatório da Emigração, citada em comunicado.

Diferente é o cenário dos portugueses que emigram para Bruxelas e para os Países Baixos, onde a maioria possui formação superior. A Bélgica registou 5.471 entradas, os Países Baixos 4.795 e o Luxemburgo 3.469.

Para o sociólogo Rui Pena Pires, os números da emigração são “significativos”, ainda mais no contexto de mudanças na política de imigração, que preveem diminuir a entrada de imigrantes em Portugal. “Enquanto em Portugal se colocam cada vez mais obstáculos à entrada de imigrantes, os portugueses continuam a sair em números significativos para outros países, nomeadamente os da União Europeia”, ressalta.

Na avaliação do investigador, "uma parte do vazio deixado por esta emigração, sobretudo quando é pouco qualificada, abre a porta à entrada de imigrantes que colmatam as necessidades do mercado de trabalho nacional”. No entanto, muitos dos que chegam para cá trabalhar são qualificados, mas acabam por trabalhar noutras áreas por dificuldades em validar o diploma. “Há muitos imigrantes qualificados que, por não conseguirem o reconhecimento das suas habilitações, desempenham trabalhos pouco qualificados, o que se traduz num enorme desperdício de competências necessárias ao desenvolvimento do país”, completa.

De acordo com um recente relatório do Banco de Portugal, a vaga de saídas de trabalhadores imigrantes (registados e a descontar para a Segurança Social) de Portugal aumentou de forma muito pronunciada, a um ritmo de 40% ao mês durante o ano passado. O número de saídas registado em 2024 é o maior das séries usadas pelo banco central, que remontam a 2015 e o mais elevado dos últimos nove anos.

amanda.lima@dn.pt

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