O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, referiu-se à legislação laboral defendida pelo Governo de Luís Montenegro como "uma declaração de guerra aos trabalhadores", que considerou particularmente dirigida aos jovens e mulheres. E disse, no discurso de encerramento da edição de 2025 da Festa do Avante, novamente realizada na Quinta da Atalaia, no Seixal, que a "única resposta possível" será lutar."O Governo pode acordar o que quiser, com quem quiser e onde quiser, mas o seu pacote terá dos trabalhadores a resposta que se exige. E pode ser derrotado nas empresass, nos locais de trabalho e na rua", prometeu o líder comunista, garantindo que o PCP responderá ao apelo da central sindical CGTP para grandes manifestações, marcadas para 20 de setembro, nas cidades de Lisboa e do Porto.Juntando aos partidos que constituem a AD a "lebre ideológica" da Iniciativa Liberal e a "fábrica de mentiras" do Chega, a quem chamou "abre-latas do pior da política de direita", Raimundo voltou a não poupar o PS, que disse parecer "disponível para dar as duas mãos" ao Governo de Luís Montenegro. "Temos um PS às cotoveladas com o Chega para ver quem é o mais cúmplice do Governo, para ver quem é o par favorito de um Orçamento do Estado que já sabemos que será um instrumento para acelerar o desmantelamento do Serviço Nacional de Saúde, o ataque aos serviços públicos, para as privatizações, para transferir recursos públicos para os grupos económicos e manter um país de salários e pensões baixas", disse..Lei laboral: afinal o que pretende o Governo mudar?.Também muito criticada no discurso de Paulo Raimundo, ouvido por milhares de visitantes da Festa do Avante, numa plateia com muitas bandeiras vermelhas, mas também da Palestina, foi a "loucura da guerra", como designa o reforço da despesa pública em Defesa até 5% do PIB, no âmbito dos compromissos da NATO. "Não aceitamos que num país com dois milhões de pessoas na pobreza, incluindo 300 mil pessoas nessa situação, milhões de trabalhadores com baixos salários, a maioria dos reformados com pensões muito baixas, em que o custo de vida e o preço dos alimentos aumenta a cada dia, a grande opção do Governo, apoiado por outros partidos, será vergar o país ao negócio do armamento", disse.As críticas ao "imperialismo norte-americano" e "aos seus aliados, particularmente da NATO e da União Europeia" já tinham sido ouvidas no início da intervenção, na qual Paulo Raimundo arrancou aplausos da plateia, onde se viam muitos lenços palestinianos - tal como no palanque, com o eurodeputado e candidato autárquico João Oliveira a dar o exemplo - ao saudar a "heróica resistência do povo palestiniano".Antecipando forte apoio a manifestações a favor dessa causa, que se realizarão em Lisboa a 16 de setembro, e em Lisboa e no Porto a 29 de novembro, Dia Internacional de Solidariedade com o Povo Palestiniano, o secretário-geral do PCP reafirmou que "não é possível fechar os olhos ao genocídio em curso, às mãos do regime sionista de Israel, com o vergonhoso apoio dos Estados Unidos e da União Europeia". E voltou a instar o Governo de Portugal a reconhecer "imediatamente, e sem condicionalismos", o Estado da Palestina, com as fronteiras acordadas em 1967, a capital em Jerusalém Leste e o direito de retorno dos refugiados palestinianos..Desafios eleitorais "muito exigentes"Para o final ficaram os desafios eleitorais seguintes dos comunistas, nuns próximos meses que reconheceu irem ser "muito exigentes". No que toca às autárquicas, marcadas para 12 de outubro, para as quais a CDU parte com 19 presidências de câmara, incluindo as capitais de distrito Évora e Setúbal, Raimundo disse que os candidatos vão "de cara levantada, com um projeto distintivo no Poder Local, com provas dadas e trabalho e obras realizadas". Mas não hesitou em apelar ao voto "por uma vida melhor", mesmo vindo daqueles que até agora tiveram outras opções.Nas presidenciais, que se disputam em janeiro de 2026, referiu-se à candidatura do ex-deputado António Filipe como "indispensável e insubstituível" numa altura em que o PCP considera essencial defender a Constituição da República Portuguesa, "que, apesar de mutilada, contém as respostas para os problemas que enfrentamos".Também não foi esquecido o 13.º Congresso do PCP, no mês de novembro, apelando aos militantes que construam "em cada escola, universidade, bairro e local de trabalho o vosso caminho, o caminho da democracia e do socialismo", seguindo "o grande rio da história daqueles que lutaram, ao longo dos séculos, muitas vezes com a própria vida, por um mundo melhor"..Avante! antecede teste autárquico de Paulo Raimundo.OE 2026. António Filipe desdramatiza recurso a duodécimos e diz que pior seria “mau orçamento”