O primeiro dos cartazes com que a campanha presidencial de André Ventura pretende responder à sentença do Tribunal Cível de Lisboa, que ordenou a retirada daqueles onde se lia que “os ciganos têm de cumprir a lei”, foi colocado nesta segunda-feira em Vila Nova de Milfontes. Em vez de fazer uma referência direta a essa minoria étnica, a nova mensagem de propaganda política do líder do Chega defende que “as minorias ‘do costume’ têm de cumprir a lei”.A reação à derrota na justiça foi anunciada através das redes sociais de André Ventura e do Chega, nas quais foram partilhadas fotografias e vídeos do novo outdoor. “Então? E assim já pode ser?”, perguntou ironicamente o líder partidário, que esteve nesta segunda-feira no litoral alentejano, numa ação de pré-campanha para as presidenciais de 18 de janeiro de 2026, interrogando-se se “será que assim os coitadinhos ‘do costume’ já não ficam melindrados?”.Tribunal obriga André Ventura a tirar das ruas cartazes sobre os ciganos .Os cartazes que faziam referência direta aos ciganos foram alvo de uma ação judicial interposta por membros de associações de defesa dos direitos dos ciganos, tendo a juíza Ana Barão entendido que são discriminatórios, representando afrontas ao direito à honra, ao bom-nome e à reputação dos autores da queixa.Segundo a juíza, a restrição da liberdade de expressão do candidato à Presidência da República justificou-se pela “necessidade social imperiosa” de impedir uma discriminação em função da etnia, sendo a mensagem dos cartazes de Ventura particularmente grave por ter sido “pensada para causar um impacto específico relativamente a um grupo social”.Condenado ainda a pagar 2500 euros de multa por dia de atraso na remoção de cada um dos cartazes abrangidos pela sentença, o líder do Chega optou por uma estratégia alternativa, novamente potenciada nas redes sociais. Sucederam-se vídeos de dirigentes do partido a colocar autocolantes com “censurado” a tapar a parte dos cartazes onde surgia a palavra “ciganos”. Mas agora estão a ser substituídos com os que fazem referência às “minorias do costume”.