No dia em que o estado de emergência nacional foi renovado por mais 15 dias, até 17 de abril, Marcelo Rebelo de Sousa voltou a dizer aos portugueses as razões para apertar mais as medidas de contenção nesta segunda fase de pandemia de covid-19, a mais crítica e depois de, como disse, "termos ganho a primeira" fase. Da sua decisão, que foi apoiada pelo governo e pelo Parlamento, destacou um novo caderno de encargos, com particular destaque para o de travar as deslocações nesta época de Páscoa. "Assegurar que por razões de cansaço nesta Páscoa, não colocarmos uns anos de vida e na saúde de todos por uns dias de férias, para dentro, de fora e para fora"..Tal como António Costa já tinha feito, ao apresentar as medidas suportadas pelo decreto do estado de emergência, o Presidente da República apelou aos emigrantes portugueses, aos "compatriotas que quiserem vir para que compreendam as nossas restrições e para que repensem se podem, adiar essa vinda a Portugal". Frisou que a experiência noutros países demonstrou que visitas à família e deslocações custaram 30 a 50 dias de epidemia.O principal foco destes novos quinze dias de restrições passa ainda, segundo as palavras de Marcelo, pela proteção "reforçada" dos grupos de risco, nas casas, nos lares e dos que não têm abrigo. O que poderá fazer toda a diferença no "sucesso da segunda fase" de combate à expansão do novo coronavírus. Igualmente para prevenir que se alastre aos estabelecimentos prisionais, num conjunto de medidas que serão tomadas em conjunto pelo governo, Assembleia da República, poder judicial e pelo próprio Presidente que tem o poder de indulto. E abrir a porta para a definição dos cenários para o próximo ano letivo, que serão anunciados pelo governo no dia 9 de abril.."Só ganhamos abril senão facilitarmos", garantiu o Presidente, lembrando que a epidemia passará por quatro fases e que só ganharemos a batalha "se não baixarmos a guarda". Admitiu que irá custar ver o número de casos subir, e muitos irão subir, até dia 17, até porque os testes estão a aumentar. "Tem sido e continuará a ser uma mudança radical, que pode valer milhares de vidas salvas"..Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou que os órgãos de soberania estiveram unidos para enfrentar este que é "o nosso maior desafio dos últimos 45 anos", que "atinge vida e saúde". O caminho, disse "é muito longo e muito exigente". E terá consequências "sem paralelo na nossa história democrática" ao nível económico e social, com agravamento da pobreza e da exclusão.."A vida e a saúde exigem que a economia e a sociedade não parem. A primeira fase foi a das últimas semanas, conter o número de contaminados para evitar a rutura do sistema. A segunda fase, em que entramos, será a das próximas semanas, em que tentaremos consolidar a desaceleração do surto. A terceira será vivida nas semanas seguintes, mais cedo ou mais tarde consoante o sucesso da segunda, invertendo o número de crescimento de casos e abrindo para a descompressão possível da sociedade. A quarta será de progressiva estabilização da nossa vida coletiva", afirmou..O Chefe do Estado deu por ganha a primeira fase, já que adiamos o pico das infeções por covid-19 e a progressão do vírus. De percentagens de crescimento de infeções de 30% a 40% nos primeiros dias, baixamos para os 15% ou 20% e nos últimos dias ficámos abaixo dos 15%. "Ganhamos com as medidas restritivas, disse e assegurou que a sociedade portuguesa não só as compreendeu como as interiorizou. O Presidente teve ,aliás, uma palavra de reconhecimento aos portugueses em geral, como aos mais variados setores de atividade.