Trump desvaloriza Macron sobre reconhecimento da Palestina: “O que ele diz não tem importância”

Como é habitual, especialmente neste segundo mandato, Donald Trump não poupou palavras em declarações à imprensa concedidas nesta sexta-feira (25). Questionado sobre o anúncio de Emmanuel Macron de que a França irá reconhecer o Estado da Palestina em setembro, o presidente dos Estados Unidos respondeu de forma seca que “O que ele [Macron] diz não tem importância.”

“O Macron fez a declaração dele, eu entendo, ele é uma pessoa ok, um jogador de equipa. Mas essa é a boa notícia: o que ele diz não interessa, não carrega nenhum peso. Gosto dele, é um bom tipo, mas essa declaração dele não tem nenhum peso”, afirmou aos jornalistas, momentos antes de embarcar rumo à Escócia.

A crítica surge poucas horas depois de Macron ter prometido, por carta ao primeiro-ministro palestiniano Mahmoud Abbas, que levará à Assembleia Geral da ONU o reconhecimento oficial da Palestina.

Nas mesmas declarações, Trump indicou que o conflito no Médio Oriente está longe do fim. O presidente norte-americano acusou o Hamas de bloquear qualquer possibilidade de acordo. “O Hamas não quer chegar a um entendimento. Parece que eles querem morrer, o que é muito mau", disse Trump, antes de afirmar que "vai ser preciso caçá-los”, de acordo com a Agencia EFE.

"Hamas é obstáculo para negociações", diz Netanyahu

Washington e Telavive abandonaram a última ronda de negociações com o grupo islamista, que decorria em Doha. O enviado especial dos EUA para o Médio Oriente, Steve Witkoff, justificou a retirada com a “falta de vontade” do Hamas em avançar para uma trégua.

Também nesta sexta-feira (25), o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, endossou a acusação, apontando o grupo como “o verdadeiro obstáculo” à libertação de reféns e ao cessar-fogo. Segundo o governo israelita, estão agora em análise “outras opções”.

O Hamas reagiu com surpresa às declarações norte-americanas e reafirmou o compromisso com as negociações. Em Gaza, multiplicam-se os apelos por uma trégua. “Todos os palestinos em Gaza se sentiram decepcionados com o anúncio de Witkoff", lamentou à agência EFE o professor universitário Taufiq Abu Yarad. "Esperávamos um anúncio de trégua”, sublinhou Yarad.