Yuri Ushakov e Vladimir Putin estão atentos ao plano de paz apresentado pelos EUA.
Yuri Ushakov e Vladimir Putin estão atentos ao plano de paz apresentado pelos EUA.FOTO: EPA/RAMIL SITDIKOV/REUTERS / POOL

Rússia rejeita alterações europeias ao plano de paz na Ucrânia apresentado por Trump

Yuri Ushakov, conselheiro de Putin para os assuntos internacionais, diz que as alterações europeias são "não construtivas" e não convêm à Rússia.
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A Rússia rejeitou esta segunda-feira, 24 de novembro, as modificações introduzidas pelos países europeus ao plano de paz para a Ucrânia apresentado pelos Estados Unidos.

“Tomámos conhecimento do plano europeu que, à primeira vista, é absolutamente não construtivo, não nos convém”, disse o conselheiro presidencial para os assuntos internacionais, Yuri Ushakov, citado pela agência de notícias espanhola EFE.

Os Estados Unidos propuseram na semana passada um plano para acabar com a guerra da Rússia contra a Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022.

O plano foi bem acolhido pelo Kremlin por contemplar grande parte das exigências que têm sido feitas pelo presidente Vladimir Putin para acabar com a guerra.

A presidência russa disse que o plano estava em linha com o que Putin discutiu com o homólogo norte-americano, Donald Trump, em agosto na cimeira do Alasca.

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O plano de Trump, que foi divulgado a meios de comunicação social norte-americanos, inclui a redução do exército para um máximo de 600.000 efetivos ou a cedência à Rússia de territórios que não foram conquistados militarmente por Moscovo.

Vários dirigentes europeus consideraram o plano como uma base para negociar, mas defenderam que necessita de modificações ou, em todo o caso, de mais elaboração.

Delegações da Ucrânia e dos Estados Unidos reuniram-se no fim de semana na cidade suíça de Genebra para discutir o plano, de que saiu uma nova proposta, cujos termos não foram divulgados.

Citando meios de comunicação social ocidentais, a agência russa Ria Novosti noticiou que a União Europeia (UE) propôs que a Ucrânia mantivesse uma força de 800.000 efetivos, em vez dos 600.000 previstos no plano de Trump.

“Segundo algumas fontes, o plano europeu inclui uma proibição do destacamento de forças da NATO na Ucrânia em tempo de paz, enquanto, segundo outras, a decisão sobre a presença de tropas estrangeiras permanece com Kiev”, escreveu a Ria Novosti.

Ushakov disse que o Kremlin só conhece a versão inicial do plano de Trump. “Mas ninguém realizou quaisquer negociações específicas com representantes russos sobre este assunto”, esclareceu o conselheiro de Putin para as questões de política internacional.

O diplomata considerou lógico que os norte-americanos em seguida contactem Moscovo para “começar a discussão de maneira presencial”.

“Sabemos que há certos sinais nesse sentido, mas não existe um acordo concreto sobre um encontro entre representantes russos e norte-americanos”, assinalou.

O Kremlin não recebeu propostas sobre “quem e quando tenciona” deslocar-se a Moscovo para conversações, disse Ushakov, citado pela EFE.

Ushakov disse que muitas das cláusulas do plano enviado ao Kremlin pareciam “totalmente aceitáveis” para Moscovo, mas outras requeriam “uma discussão e uma análise o mais pormenorizada possível entre as partes”.

Admitiu que o plano, a que chamou de “espécie de projeto”, será objeto de revisões e modificações do lado russo, “como, “muito provavelmente, do lado ucraniano, e dos lados norte-americano e europeu”.

“Este é um assunto muito sério”, disse aos jornalistas em Moscovo.

O plano que Washington apresentou a Moscovo rejeitava categoricamente o ingresso da Ucrânia na NATO, enquanto a nova versão deixa espaço para uma decisão consensual dos países membros da Aliança Atlântica, segundo a EFE.

Além disso, obrigava a Ucrânia a abandonar todo o Donbass (Donetsk e Lugansk, leste), quando as tropas de Kiev ainda controlam cerca de 20% do território da região de Donetsk.

Ambas as propostas não contemplam uma declaração de um cessar-fogo até que os dois lados aceitem o plano de paz, ainda de acordo com a agência espanhola.

Os Estados Unidos e a Ucrânia informaram num comunicado conjunto após as conversações realizadas no domingo em Genebra que elaboraram “um quadro de paz atualizado e aperfeiçoado”.

“Qualquer acordo futuro deve respeitar plenamente a soberania da Ucrânia e alcançar uma paz justa e sustentável”, disseram no comunicado.

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