"Hoje, os trabalhadores estão a levantar-se para dizer que não aguentamos mais esta noite interminável de macronismo", disse ao Le Monde esta quinta-feira, 18 de setembro, Sophie Binet, secretária-geral da Confederação Geral do Trabalho (CGT), dizendo que contava com 400 mil manifestantes em toda a França, antes da marcha partir para Paris.Centenas de milhares de pessoas estão a participar esta quinta-feira em protestos anti-austeridade em toda a França, apelando a que presidente Emmanuel Macron e o seu novo primeiro-ministro, Sébastien Lecornu, a abandonarem os iminentes cortes orçamentais, e que levaram à queda dos anteriores governos.De recordar que François Bayrou, primeiro-ministro até há uma semana, tinha apresentado uma proposta de orçamento para 2026 que incluía um corte orçamental de 43,8 mil milhões de euros, o congelamento das despesas não relacionadas com a defesa no próximo ano e a não substituição de um em cada três funcionários públicos quando se reformarem.As greves agendadas para esta quinta-feira afetam desde escolas, transportes, saúde, tendo uma fonte do Ministério do Interior dito no início desta semana que cerca de 800 mil pessoas deveriam participar nas greves e protestos.Um em cada três professores do ensino primário estava em greve em todo o país, e quase um em cada dois abandonou o emprego em Paris, informou um dos sindicatos do setor, o FSU-SNUipp. Ao mesmo tempo, jovens bloquearam dezenas de escolas secundárias.Na área dos transportes, os comboios regionais foram fortemente afetados, enquanto a maioria das linhas de comboio de alta velocidade TGV do país funcionavam, segundo as autoridades. No metro de Paris, ao início da manhã, apenas linhas automáticas estavam em funcionamento. Foi ainda reportado que manifestantes reuniram-se para reduzir a velocidade do trânsito numa autoestrada perto de Toulon.Até ao início da tarde havia ainda a registar alguns confrontos à margem dos protestos na cidade de Nantes, com a polícia a disparar gás lacrimogéneo, e em Lyon, onde os media noticiaram que três pessoas ficaram feridas.Um aviso claroNum relatório divulgado ao início da tarde, o Ministério do Interior reportou 141 identificações, incluindo 21 em Paris, 75 detidos, incluindo 16 na capital. Foram ainda registadas 588 ações na via pública, com o Ministério do Interior a notar ainda que todas as escolas secundárias tinham sido desbloqueadas até às 14h30 (hora de Lisboa). Numa conferência de imprensa durante a manhã, o Ministro do Interior cessante, Bruno Retailleau, falou de "ações menos intensas do que o esperado", referindo que uma presença significativa de segurança, incluindo mais de 80.000 polícias, tinha sido mobilizada em todo o país.Já o Ministério da Função Pública, com base em números da final da manhã, adiantou que cerca de 11% dos funcionários públicos do Estado estavam em greve esta quinta-feira, principalmente no setor da Educação. Nos restantes setores do Estado, 5,63% dos funcionários estão em greve na área territorial (que inclui quase 2 milhões de funcionários) e aproximadamente o mesmo número na hospitalar, com 5,6% dos funcionários públicos em greve (de um total de 1,2 milhões de funcionários)."Este é um aviso, um aviso claro para Sébastien Lecornu", afirmou à Reuters Marylise Leon, líder da Confederação Francesa Democrática do Trabalho (CFDT), sobre os protestos de quinta-feira. "Queremos um orçamento socialmente justo". .Mais de 470 detidos no dia em que Lecornu prometeu “ruturas” .Socialistas e extrema-direita exigem mudanças a Lecornu