“Manteremos o ímpeto da operação, concentrando-nos na cidade de Gaza”, declarou Eyal Zamir, durante uma visita no terreno à Faixa de Gaza.
“Manteremos o ímpeto da operação, concentrando-nos na cidade de Gaza”, declarou Eyal Zamir, durante uma visita no terreno à Faixa de Gaza.Foto: EPA / ABIR SULTAN / Lusa

Israel anuncia nova fase da ofensiva centrada na cidade de Gaza

As declarações do chefe do Estado-Maior sobre “planos que visam ocupar Gaza são a promessa de uma nova vaga de extermínio e deslocamento massivo”, reagiu o movimento islamita no seu ‘site’ oficial.
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O exército israelita vai “concentrar” as suas operações na cidade de Gaza, no norte do território palestiniano, para atacar de “forma decisiva” o Hamas, anunciou o chefe do Estado-Maior este domingo, 17 de agosto. “Hoje aprovámos o plano para a próxima fase da guerra”, declarou Eyal Zamir, durante uma visita no terreno à Faixa de Gaza, citado num comunicado do exército.

“Manteremos o ímpeto da operação, concentrando-nos na cidade de Gaza”, acrescentou, referindo-se à ofensiva de grande escala anunciada em meados de maio pelo exército no território palestiniano, em guerra há 22 meses. Sublinhando que Gaza é considerada por Israel um dos últimos bastiões do movimento islamita palestiniano Hamas, Eyal Zamir afirmou que os ataques continuarão até à sua “derrota decisiva”, com os reféns “no centro” das preocupações israelitas.

As declarações do chefe do Estado-Maior sobre “planos que visam ocupar Gaza são a promessa de uma nova vaga de extermínio e deslocamento massivo”, reagiu o movimento islamita no seu ‘site’ oficial.

"Crime de guerra", denuncia Hamas

O Hamas considera tratar-se de “um crime de guerra de grande dimensão, que reflete o desprezo do ocupante pelas leis internacionais e humanitárias”, levado a cabo “com o apoio político e militar dos Estados Unidos, que deram carta branca a Israel”.

Israel afirmou estar a preparar-se para assumir o controlo da cidade de Gaza e de campos de refugiados vizinhos, com o objetivo declarado de derrotar o Hamas e libertar os reféns raptados durante o ataque de 07 de outubro de 2023, que desencadeou a guerra.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, tinha anunciado no final da semana passada a aprovação deste novo plano, ratificado pelo seu gabinete de segurança, para uma nova fase das operações na Faixa de Gaza, já sem referência à operação anunciada em maio. Essa operação “atingiu os seus objetivos, o Hamas já não tem as mesmas capacidades de antes”, afirmou o chefe do exército.

“A campanha atual não é pontual”, mas insere-se “numa estratégia planeada a longo prazo” que visa em primeiro lugar o Irão, adiantou, sem, no entanto, fazer referência ao plano de Netanyahu.

Na sexta-feira, o exército tinha confirmado que as suas tropas estavam a levar a cabo uma série de operações na periferia da cidade de Gaza, onde os habitantes relatam há vários dias intensos bombardeamentos e incursões terrestres.

Na noite de sábado, o Cogat, organismo dependente do Ministério da Defesa e responsável pelos assuntos civis nos territórios palestinianos, anunciou que seriam “fornecidas tendas e outros equipamentos de abrigo no âmbito dos preparativos de Tsahal para deslocar a população das zonas de combate para o sul da Faixa de Gaza, para sua proteção”.

Estas declarações “do ocupante, sobre a instalação de tendas no sul de Gaza sob um pretexto ‘humanitário’, representam uma flagrante manobra de engano para encobrir o massacre iminente e o deslocamento forçado”, reagiu o Hamas.

Segundo a rádio militar, o objetivo do exército seria, até 07 de outubro, não só “retirar a população da cidade de Gaza, mas também concluir o cerco da cidade e assumir o seu controlo operacional”. “Pelo menos quatro divisões serão destacadas para a Faixa de Gaza no âmbito da nova operação”, acrescentou a rádio, referindo a mobilização de “várias brigadas da reserva, ou seja, dezenas de milhares de soldados de reserva”.

Greve geral e críticas de Netanyahu

O anúncio da nova ofensiva ocorre num dia de greve geral em Israel, convocada por familiares dos reféns. “Aqueles que hoje pedem o fim da guerra sem derrotar o Hamas não estão apenas a endurecer a posição do Hamas e a afastar a libertação dos nossos reféns, estão também a garantir que as atrocidades de 7 de Outubro se repitam vezes sem conta”, disse Benjamin Netanyahu, à saída da reunião semanal do gabinete, avança o Times of Israel.

“Para progredir na libertação de nossos reféns e garantir que Gaza não seja mais uma ameaça a Israel, precisamos completar a missão e derrotar o Hamas”, complementou o líder israelita. Esta declaração diz respeito ao plano de conquistar totalmente a cidade de Gaza - um dos motivos da convocação desta greve geral.

"Esta é precisamente a decisão do gabinete adotada na semana passada. Estamos determinados a implementá-la", explicou Netanyahu. Este plano está a ser alvo de críticas não só do povo israelita, mas também da comunidade internacional. Esta greve já resultou na detenção de 30 pessoas.

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