O ministro das Finanças israelita, Bezalel Smotrich, aprovou esta quinta-feira, 14 de agosto, um plano para a construção de milhares de novas habitações entre Jerusalém e o colonato israelita de Ma'ale Adumim, visando "enterrar" a criação de um Estado palestiniano. A construção de novas habitações israelitas pode isolar Jerusalém Oriental do resto da Cisjordânia ocupada."Esta realidade 'enterra' finalmente a ideia de um Estado palestiniano, porque não há nada a ser reconhecido e ninguém para ser reconhecido", disse o ministro (extrema-direita), na cerimónia de anúncio do plano de habitação, criticado por grupos da oposição e da sociedade civil israelita.O grupo Peace Now, organização israelita contrária ao estabelecimento de colonatos, criticou as posições do Governo de Benjamin Netahyahu, incluindo o anúncio do Ministério das Finanças e do gabinete militar responsável pela gestão dos novos colonatos.As autoridades militares têm ainda de aprovar o plano de construção, o que pode acontecer na próxima quarta-feira."Estamos à beira de um abismo, e o Governo está a avançar a 'todo o vapor'", denunciou a organização Peace Now.Durante vários anos, as autoridades israelitas evitaram a implementação do projeto de construção, conhecido como E1, devido à pressão da comunidade internacional, que teme que a expansão dos colonatos impeça o estabelecimento de um Estado palestiniano contíguo a Jerusalém Oriental.No entanto, desde que Benjamin Netanyahu assumiu o poder em 2022, liderando uma coligação de extrema-direita, foi aprovado um número "sem precedentes" de novos colonatos e de apropriação de terras aos habitantes palestinianos."Este não é apenas um plano de construção, é uma mensagem sionista retumbante: uma Jerusalém unida é a nossa capital eterna, e Ma'ale Adumim é parte inseparável dela", disse hoje Smotrich, na cerimónia oficial.Plano prevê a construção de mais de três mil casasO plano de Smotrich prevê a construção de mais de três mil casas na zona e inclui também o desenvolvimento de uma nova estrada para separar o tráfego palestiniano e israelita e ligar a cidade de Belém, na Cisjordânia, ao sul de Jerusalém, com Ramallah, a norte.O plano prevê que a estrada venha a contornar a cidade de Jerusalém.Embora ainda existam alguns procedimentos burocráticos a serem concluídos, se o processo avançar rapidamente, as obras de infraestruturas podem vir a começar nos próximos meses e a construção das casas pode arrancar dentro de um ano.O ministro das Finanças agradeceu o apoio do presidente norte-americano, Donald Trump, e apelou a Netanyahu para "fazer cumprir a soberania israelita" na Cisjordânia para garantir que "os líderes hipócritas da Europa não tenham nada para reconhecer" em setembro.No próximo mês, durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, vários países, como França, Canadá, Austrália e Portugal, devem reconhecer oficialmente o Estado palestiniano. .Portugal vai reconhecer Estado da Palestina mas só após ouvir o PR e os partidos.O anúncio de Smotrich ocorre numa altura em que a Autoridade Palestiniana e os países árabes condenaram a declaração do primeiro-ministro israelita sobre a expansão territorial de Israel. Na terça-feira, Benjamin Netanyahu disse que que estava "muito apegado" à visão de um "grande Estado de Israel".Netanyahu não adiantou mais pormenores, mas os defensores da ideia de expansão defendem que Israel deve controlar não só a Cisjordânia ocupada, mas também partes de países árabes.O principal tribunal das Nações Unidas, o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), declarou no ano passado que a presença de Israel nos territórios ocupados palestinianos é “ilegal” e apelou à suspensão imediata da construção de colonatos, condenando o controlo de Israel sobre as terras que conquistou há quase 60 anosAutoridade Palestiniana criticou anúncio sobre novos colonatos israelitasA Autoridade Palestiniana criticou esta quinta-feira o plano israelita, afirmando que se trata da continuação da "guerra genocida" em Gaza e o agravamento da violência.O porta-voz presidencial palestiniano, Nabil Abu Rudeineh, em declarações à agência de notícias Wafa, disse que a construção das novas casas é ilegal segundo o Direito Internacional.Por outro lado, o porta-voz afirmou que o anúncio vai provocar a violência dos colonos israelitas, assim como vai agravar a instabilidade.O porta-voz das autoridades palestinianas no poder na Cisjordânia recordou que a Resolução 2334 do Conselho de Segurança das Nações Unidas declarou ilegais todos os colonatos na Cisjordânia, Jerusalém Oriental e Gaza.A 19 de julho de 2024, o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) decidiu que Israel deve revogar todas as leis que favoreçam a ocupação da Cisjordânia, classificando-a como ilegal.No entanto, nesse mesmo mês, o Parlamento israelita aprovou uma moção simbólica — sem efeito jurídico — a favor da anexação de territórios.Abu Rudeineh instou os Estados Unidos, aliado de Israel, a interromper "os atos de ocupação israelita" e alertou que se trata de políticas que apenas geram guerras e que criam "uma realidade que viola a legitimidade e o direito internacional".Entretanto, o grupo islamita palestiniano Hamas, que controla a Faixa de Gaza, condenou os planos das autoridades israelitas sobre a construção de milhares de novas casas entre Jerusalém e o colonato israelita de Ma'ale Adumim. "Este plano criminoso revela a verdadeira face do governo sionista [governo de Benjamin Netanyahu]: um executivo colonial e ocupante extremista que apenas compreende a linguagem do assassinato, do genocídio, da deslocação e do confisco de terras", afirmou o Hamas em comunicado.Os planos anunciados hoje pelo ministro das Finanças israelita, Bezalel Smotrich, devem ser ratificados na próxima semana..Apesar de discordar de Netanyahu, líder das Forças de Defesa de Israel aprova plano para Gaza.Hamas fala em incursões israelitas “agressivas” em Gaza e admite presença de força internacional no território