Zelensky e Trump numa conferência de imprensa em Palm Beach, na Florida
Zelensky e Trump numa conferência de imprensa em Palm Beach, na FloridaEPA/PRESIDENTIAL PRESS SERVICE / HANDOUT HANDOUT EDITORIAL USE ONLY/NO SALESHANDOUT EDITORIAL USE ONLY/NO SALES

EUA garantem 15 anos de segurança à Ucrânia no plano de paz. Putin e Trump tiveram telefonema "positivo"

Zelensky ressalvou que preferiria um compromisso americano até 50 anos para dissuadir a Rússia de novas tentativas de tomar o território da Ucrânia através da força.
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Os Estados Unidos oferecem à Ucrânia garantias de segurança durante um período de 15 anos no âmbito de uma proposta de plano de paz, revelou esta segunda-feira, 29 de dezembro, o presidente ucraniano.

Zelensky acrescentou, porém, que preferiria um compromisso americano até 50 anos para dissuadir a Rússia de novas tentativas de tomar o território da Ucrânia através da força.

Já Donald Trump, que este domingo recebeu o presidente ucraniano no seu resort na Florida, insistiu que a Ucrânia e a Rússia estão "mais perto do que nunca" de um acordo de paz.

As várias partes destas negociações procuram ainda um consenso sobre questões-chave, incluindo de que regiões da Ucrânia as forças russas se retirarão e o destino da central nuclear de Zaporijia, ocupada pela Rússia. Trump ressalvou que as negociações lideradas pelos EUA, que já duram há vários meses, ainda podem falhar.

“Sem garantias de segurança, realisticamente, esta guerra não vai acabar”, disse Zelensky aos jornalistas em mensagens de voz na resposta a perguntas enviadas através de um chat do WhatsApp.

Os detalhes das garantias de segurança não foram divulgados, mas Zelensky adiantou que incluem a forma como um acordo de paz seria acompanhado, bem como a “presença” de parceiros. O presidente ucraniano não adiantou mais pormenores, mas a Rússia já declarou que não aceitará o envio de tropas de países da NATO para a Ucrânia.

Paralelamente, o presidente russo Vladimir Putin afirmou esta segunda-feira que as tropas russas estão a avançar na região leste de Donetsk, na Ucrânia, e também a intensificar a sua ofensiva na região sul de Zaporijia.

Putin tem procurado apresentar-se como negociador numa posição vantajosa no terreno, enquanto as forças ucranianas se esforçam por conter o exército russo, e salientou, numa reunião com altos responsáveis ​​militares, a necessidade de criar zonas de segurança militar ao longo da fronteira russa. “Esta é uma tarefa muito importante, pois garante a segurança das regiões fronteiriças da Rússia”, afirmou.

Entretanto, a porta-voz da Casa Branca confirmou que Donald Trump e Vladimir Putin conversaram telefonicamente, tendo descrito a conversa como "positiva".

Já o Kremlin disse que Trump foi notificado sobre a alegação russa de um ataque com recurso a drone contra a residência presidencial de Putin. O conselheiro do líder russo, Yuri Ushakov, afirmou que o presidente dos Estados Unidos ficou chocado ao receber a informação.

Entretanto, o presidente francês Emmanuel Macron anunciou esta segunda-feira uma reunião dos aliados da Ucrânia, em Paris, no início de janeiro, para discutir garantias de segurança para Kiev, no âmbito de um acordo de paz com a Rússia.

"Vamos reunir os países da Coligação dos Dispostos em Paris, no início de janeiro, para finalizar as contribuições concretas de cada país", escreveu Macron na rede social Facebook.

No domingo, Trump anunciou que Rússia e Ucrânia concordaram negociar através de um grupo de trabalho, formado pelos seus principais colaboradores, para finalizar um acordo de paz "nas próximas semanas".

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Zelensky afirmou na conferência de imprensa que espera que este grupo trabalho permita ter "decisões em janeiro" sobre seis documentos que deveriam solucionar os diferendos sobre o cessar-fogo, as garantias de segurança para Kiev por parte da NATO e o futuro das regiões orientais ucranianas ocupadas pela Rússia do Donbass.

O presidente ucraniano apresentou esta semana uma nova versão do plano, reformulada após duras negociações exigidas por Kiev, que considerou a primeira versão muito próxima das exigências russas.

O novo documento abandona duas exigências fundamentais do Kremlin: a retirada das tropas ucranianas da região de Donetsk, que faz parte de Donbass, e um compromisso juridicamente vinculativo da Ucrânia de não aderir à NATO.

Em comunicado, o Kremlin indicou que Putin "concordou com a proposta norte-americana para resolver a situação na Ucrânia através da criação de grupos de trabalho", com um deles a tratar "da dimensão da segurança" e outro "das questões económicas".

O Presidente dos Estados Unidos disse que foram feitos "numerosos progressos" para "acabar com a guerra".

Um novo encontro nos Estados Unidos, mas envolvendo também dirigentes europeus, está previsto para janeiro, declarou, por sua vez, Volodymyr Zelensky.

Rússia e Ucrânia estão em guerra há quase quatro anos, depois de as tropas russas terem invadido território ucraniano.

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