"Desvendou o caso". A afirmação foi proferida pelo procurador-geral de Rhode Island, Peter Neronha, e ilustra bem a importância da informação publicada no Reddit por um cidadão anónimo, em situação de sem abrigo, sobre o suspeito do tiroteio na Universidade de Brown, que matou duas pessoas e feriu outras nove, e da morte do físico do MIT, Nuno Loureiro.Foi a informação publicada num fórum da rede social que levou as autoridades a identificar o carro que o suspeito alugou, um Nissan Sentra cinzento, com matrícula da Florida, e, posteriormente, à identificação de Cláudio Valente. O português acabaria por ser encontrado morto pelas autoridades numa unidade de armazéns, em New Hampshire. "Ele tirou a própria vida quando o tentámos deter", disse Oscar L. Perez Jr., o chefe de polícia de Providence, em conferência de imprensa.Identificado como Iamin-Kare, o utilizador da Reddit, que mais tarde foi referido pelas forças de segurança como "John", indicou, num fórum da rede social, que uma viatura considerada suspeita foi vista perto da universidade.“Estou a falar a sério. A polícia precisa de investigar um Nissan cinzento com matrícula da Florida, possivelmente alugado. Era esse o carro que ele estava a conduzir”, lê-se na publicação, conforme está, aliás, mencionado num documento da polícia de Providence.Vários utilizadores da rede social aconselharam "John" a contactar as autoridades e o denunciante disse que o tinha feito, tendo depois prestado depoimento na polícia de Providente.Nas informações que deu aos agentes, afirmou que viu, pela primeira vez, o suspeito numa casa de banho do prédio de engenharia, onde horas depois ocorreria o tiroteio. Segundo a Associated Press, "John" referiu, no depoimento, que ele estava a usar roupas inadequadas para o tempo frio. Adiantou depois que viu novamente Cláudio Valente a alguns quarteirões de distância a afastar-se repentinamente de um Nissan Sentra quando o viu.No depoimento, segundo o documento da polícia de Providence, citado pela CNN, "John" confrontou o homem devido ao comportamento suspeito e este terá perguntado: "Porque é que me está a importunar?"."Esta pessoa levou-nos ao carro, que nos levou ao nome" do suspeito, disse o procurador-geral de Rhode Island sobre a pista que ajudou a avançar na investigação. Uma dica preciosa de um cidadão, que, avançou uma fonte à Fox News, é um sem abrigo, que estudou na Universidade Brown.Com base nesta informação, refere a AP, os investigadores chegaram ao carro e à matrícula do mesmo, o que permitiu à polícia aceder a uma rede de mais de 70 câmaras de vigilância, que rastreiam matrículas e outros detalhes dos veículos. .Polícia: Português matou físico Nuno Loureiro mais duas pessoas na Universidade Brown.Uma informação crucial, a juntar às imagens de videovigilância analisadas, que permitiram seguir os passos do suspeito, que foi visto a alugar o carro, a 1 de dezembro, uma viatura detetada nas imediações do campus da Universidade Brown, antes do ataque que vitimou dois estudantes.Já em Brookline, Massachusetts, as câmaras de segurança captaram o suspeito a cerca de 800 metros do bloco de apartamentos, onde residia o físico Nuno Loureiro. Vídeos adicionais mostraram o indivíduo "a entrar no prédio de apartamentos do docente no dia do homicídio, a 15 de dezembro", explicou Leah B. Foley, a procuradora do Massachusetts, em conferência de imprensa. As autoridades também informaram que o suspeito trocou placas de matrícula para escapar à polícia. Terá colocado uma placa não registada do Maine no veículo antes do homicídio do professor.. Foi a partir da informação do utilizador do Reddit que as autoridades chegaram ao carro do suspeito e ao nome do português, passando depois a ligar o tiroteio na universidade ao assassinato de Nuno Loureiro. O suspeito era o mesmo.As autoridades acabaram depois por encontrar Cláudio Valente morto numa unidade de armazéns e junto do qual estava uma mala que continha duas armas de fogo e provas que "correspondiam exatamente às recolhidas no local do tiroteio", disse Ted Docks, agente especial do FBI responsável pelo caso. .Portugal colabora com autoridades dos EUA. O ministro dos Negócios Estrangeiros português, Paulo Rangel, indicou que as autoridades norte-americanas têm estado em contacto com Portugal, que tem prestado uma “cooperação muito grande”, mas ressalvou que “as investigações estão longe de estar terminadas”.A Polícia Judiciária também referiu a existência dessa cooperação. Em comunicado, avança que que foi contactada na quinta-feira, 18, e "se encontra a prestar colaboração e apoio às autoridades daquele país, desde o momento inicial em que o suspeito se tornou, para aquelas, alvo de interesse".""A Polícia Judiciária permanece em contacto e a prestar toda o suporte necessária às investigações em curso", acrescenta..Portugal está a colaborar com as autoridades dos EUA no caso do envolvimento de um português em três homicídios.O que se sabe sobre o português suspeito de matar professor do MIT e mais duas pessoas na Universidade de Brown