Cláudio Manuel Neves Valente, de 48 anos, cidadão português, natural de Torres Novas, é o homem identificado como sendo o suspeito do tiroteio na Universidade de Brown, no sábado, onde morreram duas pessoas, e de ser o homicida de Nuno Loureiro, o físico do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), também português, morto a tiro na porta de casa no início desta semana.As autoridades norte-americanas acreditam que Valente está ligado aos dois episódios de violência e anunciaram na madrugada desta sexta-feira, 19 de dezembro, que o português foi encontrado morto. O chefe da polícia de Providence, Oscar L. Perez Jr., afirmou, em conferência de imprensa, que o suspeito "tirou a própria vida" quando os agentes o tentaram deter numa unidade de armazéns em Salem, New Hampshire. . "As autoridades acreditam, de forma coletiva, que identificámos a pessoa e que essa pessoa está morta. Ele foi o responsável não só pelo tiroteio de Brown, mas pela morte em Brookline", disse a procuradora federal de Massachusetts, Leah B. Foley, referindo-se ao assassinato do físico português.Mas quem é Cláudio Valente, o homem que será o único suspeito de três mortes, em dois ataques separados, nos EUA? Natural de Torres Novas, o português chegou aos Estados Unidos em agosto de 2000 com visto F-1, para estudar, a tempo inteiro, neste caso Física na Universidade de Brown.Obteve, posteriormente, a residência permanente legal nos EUA em abril de 2017, através do programa de vistos, conhecido como "green cards", que disponibiliza anualmente até 50 mil vistos, através de sorteio. Após estes acontecimentos trágicos, tendo como suspeito o português, o presidente dos EUA, Donald Trump, decidiu suspender este programa de vistos. Valente esteve matriculado na instituição de ensino superior norte-americana entre 2000 e 2001. Foi admitido na pós-graduação para estudar Física, disse a presidente da Universidade Brown, Christina Paxson. "Não tem nenhum vínculo atual com a universidade", adiantou sobre o português, sem antecedentes criminais conhecidos nos EUA, disseram as autoridades.De acordo com o procurador-geral de Rhode Island, Peter Neronha, enquanto estudava na Universidade de Brown, o português esteve inscrito num programa de doutoramento, mas, posteriormente, desistiu do curso.Antes, Cláudio Valente Antes frequentou o mesmo programa académico de Nuno Loureiro em Portugal, entre 1995 e 2000, disse a procuradora federal de Massachusetts. Estudou no Instituto Superior Técnico (IST), em Lisboa, ao mesmo tempo que o físico do MIT.Frequentou Física Tecnológica, tendo sido colega de curso de Nuno Loureiro e o melhor aluno, naquele ano, ao concluir a licenciatura com uma média de 19 valores, refere o Expresso. "A maior parte dos colegas não tem memória do aluno Cláudio Valente, a não ser o facto de ele ter sido o melhor aluno do curso naquele ano. Ao contrário do Nuno Loureiro, que manteve durante algum tempo alguma ligação e colaborações científicas com professores do Técnico através do Instituto do Plasma", diz ao Expresso Rogério Colaço, presidente do IST.De acordo com a Associated Press, no mesmo ano em que Nuno Loureiro se licenciou em Física no IST, em 2000, Cláudio Valente terá sido alvo de um processo de rescisão de um cargo que desempenhava na universidade de Lisboa, segundo o arquivo de uma notificação de rescisão do então presidente da instituição.De facto, de acordo com um despacho de 18 de fevereiro de 2000, assinado pelo presidente do IST de então, João Hipólito, e publicado em Diário da República, é referido: "Cláudio Manuel Neves Valente - rescindido o contrato administrativo de provimento, na categoria de monitor deste Instituto, a partir de 29 de Fevereiro de 2000"..Portugal está a colaborar com as autoridades dos EUA no caso do envolvimento de um português em três homicídios. A última morada conhecida do suspeito nos EUA era em Miami, Florida, referiram as autoridades norte-americanas na conferência de imprensa, dando conta que o português possivelmente terá usado cartões SIM europeus, o que dificultou o trabalho das forças de segurança para obter a sua localização. Valente também terá trocado placas de matrícula para escapar às autoridades. As imagens de videovigilância terão sido cruciais para identificar o suspeito e monitorizar os movimentos do português. "Temos um vídeo dele a alugar um carro, em Boston", exemplificou a procuradora federal de Massachusetts. . "Os investigadores identificaram o veículo que ele tinha alugado em Boston e que depois conduziu até Rhode Island. O veículo foi visto à porta de Brown e havia imagens de segurança que mostravam uma pessoa parecida com ele. Havia investigações financeiras em curso que o ligavam não só ao carro como aos hotéis", onde esteve, disse Foley. Acrescentou que o carro tinha sido usado para se deslocar até Rhode Island, mas também para regressar a Boston.Foram também registadas "imagens que o apanharam a cerca de 800 metros da residência do professor em Brookline". "Há um vídeo que o mostra a entrar num edifício de apartamentos, no local onde se encontra o apartamento do professor" Nuno Loureiro, acrescentou a procuradora federal de Massachusetts. "E mais tarde, nessa noite, é visto a entrar, cerca de uma hora depois, numa unidade de armazéns, com as mesmas roupas com que tinha sido visto a usar logo após o homicídio", revelou a responsável. Cláudio Valente acabou por ser encontrado morto na madrugada desta sexta-feira, numa unidade de armazenamento, junto a uma mala que continha duas armas de fogo e provas que "correspondiam exatamente às recolhidas no local do tiroteio", disse Ted Docks, agente especial do FBI responsável pelo caso. .Polícia: Português matou físico Nuno Loureiro mais duas pessoas na Universidade Brown.Físico português que dirigia laboratório no MIT morto a tiro em Boston.EUA: Dois mortos e nove feridos em tiroteio na Universidade de Brown