Faltam 80 mil trabalhadores no setor da construção.
Faltam 80 mil trabalhadores no setor da construção.José Carmo/Global Imagens

Sem imigrantes, promessa das 133 mil casas até 2030 será difícil de cumprir

Portugal só consegue construir 26 mil habitações por ano, diz presidente da APEMIP. Capacidade construtiva do país está, de momento, totalmente tomada.
Publicado a
Atualizado a

O país não tem mão-de-obra suficiente para cumprir a promessa do primeiro-ministro, Luís Montenegro, de disponibilizar 133 mil casas públicas até 2030 para as famílias identificadas com graves carências habitacionais, diz Paulo Caiado, presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP). "É absolutamente essencial aumentar a capacidade construtiva" em Portugal para dar resposta a esse compromisso, defende.

A construção precisa de mais de 80 mil trabalhadores – número recorrentemente apontado pela associação do setor -, e para colmatar essa falha "são necessários mais imigrantes, que têm de ter casa digna", frisa o responsável. Em paralelo, "é necessário industrializar a construção".

Segundo Paulo Caiado, a capacidade construtiva instalada no país só consegue edificar 26 mil casas por ano. E "está em plena laboração", salienta. No atual estado do setor, seria necessário alocar toda a indústria ao objetivo das 133 mil casas e, ainda assim, seriam precisos mais de cinco anos para executar essa meta, o que inviabilizaria a sua conclusão até 2030.

É preciso "apoiar as empresas, apostar em processos construtivos mais eficientes e recorrer a imigrantes, mais e menos qualificados", defende Paulo Caiado.

Na passada quinta-feira, em Conselho de Ministros, o governo voltou a assegurar que pretendia cumprir com o objetivo de ter as 133 mil casas prontas até 2030, um número que integra os 26 mil fogos financiados pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), no âmbito do 1º Direito – Programa de Apoio ao Acesso à Habitação, que têm estar finalizados até julho de 2026.

Faltam 80 mil trabalhadores no setor da construção.
Contrato com Banco Europeu de Investimento permite financiar "mais 12 mil casas" de habitação acessível

O último balanço dá conta que foram apenas entregues 11 mil casas desse programa destinado a dar resposta a pessoas a viver em habitações indignas e sem capacidade financeira para aceder a uma casa adequada. O governo acredita que chegará ao fim do ano com 20 mil imóveis do 1º Direito concluídos.

Na mesma reunião do governo, foram aprovadas medidas para acelerar a oferta de habitação pública. A alteração ao Código dos Contratos Públicos, de forma a eliminar os obstáculos ao recurso à construção modular nas empreitadas de obras públicas foi uma delas, assim como a proposta de lei que isenta de fiscalização prévia do Tribunal de Contas os contratos de financiamento destinados à promoção, reabilitação e aquisição de imóveis para habitação acessível ou pública ou para alojamento temporário.

Também foram aprovadas alterações ao regime do 1.º Direito para agilizar o pagamento dos apoios contratualizados das obras já concluídas ou em avançado estado de execução. E autorizada a venda de 16 imóveis públicos, sendo que a receita das transações servirá para financiar os programas de habitação pública em vigor.

Neste domínio, a Associação Lisbonense de Proprietários (ALP) veio já contestar "a alienação de património público simbólico, como a antiga sede do Conselho de Ministros". Em comunicado, defendeu que "são iniciativas avulsas, de impacto meramente residual, incapazes de alterar estruturalmente o mercado".

Na mesma nota, a ALP lembra que o Estado detém cerca de 2% da oferta habitacional e, diz, "para elevar esse valor para 5% (mais 180 mil fogos), teria de investir mais de 27 mil milhões de euros".

Faltam 80 mil trabalhadores no setor da construção.
Procura de casas por estrangeiros foca-se agora nas pequenas cidades
Faltam 80 mil trabalhadores no setor da construção.
Promotora de luxo estreia-se em Lisboa com projeto de branded residences

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt