Sporting. O retrato de três meses para esquecer

Da pré-época sem vitórias à tentativa de invasão da garagem de Alvalade, com a goleada sofrida na Supertaça como ponto de passagem obrigatório de um desastroso arranque de temporada.
Publicado a
Atualizado a

Há cerca de três meses o Sporting aparentava começar a nova época embalado pelas conquistas da Taça da Liga e da Taça de Portugal no ano zero de Frederico Varandas à frente dos destinos do clube e as promessas de que a equipa-base era para manter e de que o plantel seria mais equilibrado.

"Posso garantir que vai ser um grupo mais competitivo, mais homogéneo, em que as segundas linhas se vão aproximar muito mais das primeiras. Independentemente da saída de jogadores, tínhamos de contratar. Depois, o que o mercado ditar, estamos preparados", garantiu o líder leonino a 27 de junho, à Sporting TV.

Um pouco querido mês de agosto

Porém, em pouco mais de dois meses os verde e brancos viram sair unidades importantes como Bas Dost, Diaby, Raphinha e Thierry Correia, quatro jogadores que foram utilizados em conjunto nos dois primeiros encontros oficiais da temporada, a goleada sofrida ante o Benfica na Supertaça Cândido de Oliveira (0-5) e o empate nos Barreiros frente ao Marítimo (1-1). O treinador, o holandês Marcel Keizer, foi o senhor que se seguiu, após a derrota caseira com o Rio Ave na 4.ª jornada (2-3).

Demasiadas mudanças promovidas por um líder que, a 1 de fevereiro, reiterou que "80% do sucesso desportivo é delineado entre o mês de junho e 31 de agosto". "É aí que se constrói o plantel, onde se impõem rotinas, princípios de jogo", tinha afirmado Varandas dias depois da vitória na Taça da Liga.

As saídas de última hora, para muitos consideradas a preço de saldo, surgiram na sequência do final da novela Bruno Fernandes, que durou até ao fecho do mercado de transferências em Inglaterra, no início de agosto, e que ameaçou arrastar-se até ao final do mês. No entanto, meses antes a mensagem era de que não era urgente vender. "Se chegarmos aos valores que queremos... Podem ser 20 milhões pagos a pronto, mais objetivos. Se precisássemos desse dinheiro já o tínhamos vendido", disse o líder de Alvalade sobre Acuña, também a 1 de fevereiro, numa altura em que o lateral/extremo argentino era pretendido pelos russos do Zenit.

Pré-época fez temer o pior

As várias saídas ocorreram após uma pré-época marcada pela ausência de vitórias, com empates diante dos suíços do St. Gallen (2-2), os belgas do Club Brugge (2-2) e dos ingleses do Liverpool (2-2) e derrotas com os helvéticos do FC Rapperswil-Jona (1-2), Estoril (0-1) e Valencia (1-2).

O pesado desaire com o rival Benfica acentuou a preocupação dos sportinguistas, mas não do seu presidente. "Estou muito chateado, estou, mas não estejam preocupados que eu também não estou", declarou após o jogo da Supertaça. No entanto, quase um mês depois, Frederico Varandas utilizou o resultado da Supertaça para justificar a destituição de Marcel Keizer. "A derrota na final da Supertaça marcou muito e a confiança em Keizer até a falar com o grupo desceu", explicou.

O holandês já não participou nas decisões de um último dia de mercado bastante agitado para os lados de Alvalade, com as saídas de Raphinha, Thierry Correia e Diaby e as entradas de Bolasie, Jesé Rodríguez e Fernando, a 2 de setembro. No final desse dia, porém, Luiz Phellype era o único ponta-de-
-lança de raiz da equipa principal, ao passo que o goleador dos sub-23 na Liga Revelação, Pedro Mendes, não tinha sido inscrito - ao contrário do seu suplente, Tiago Rodrigues.

Leonel Pontes por esclarecer

Para o lugar de Keizer entrou Leonel Pontes, que contava por vitórias os jogos que levava à frente dos sub-23 na Liga Revelação, mas nunca ficou esclarecido se o treinador madeirense seria uma aposta definitiva ou se ocuparia o cargo de forma interina. "Leonel Pontes não tem um prazo. Tem uma tarefa e estaremos aqui para acompanhar a evolução e tomar as decisões que tivermos de tomar", afirmou na altura, a 4 de setembro.

Ao cabo de seis jornadas, o Sporting soma apenas oito pontos - metade do líder Famalicão -, o que se traduz no pior começo de temporada desde 2012--2013, época que ficou marcada pela pior classificação de sempre da história do clube, o 7.º lugar. Em oito jogos oficiais nesta temporada, os leões sofreram golos em todos e têm até um saldo negativo de 12-17.

Frederico Varandas, que desde que iniciou o mandato nunca foi uma figura querida entre as principais claques, sentiu a contestação a subir de tom após a derrota diante dos famalicenses, com vários adeptos a tentarem invadir a garagem do Estádio José Alvalade e a entoarem cânticos em que era exigida a demissão do presidente.

No dia seguinte, esta terça-feira, o líder leonino esteve reunido com direção desportiva, equipa técnica e jogadores na Academia do clube, em Alcochete, ao mesmo tempo que vários elementos da SAD reuniam em Alvalade, mas, até ver, ainda nenhuma decisão mais radical foi tomada.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt