João Noronha Lopes
João Noronha LopesFOTO: JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA

Eleições do Benfica. João Noronha Lopes ao DN: “O Benfica deve formar para vencer e não para vender”

Empresário é um dos seis candidatos à presidência do clube. Caso nenhum consiga reunir mais de 50% dos votos no dia 25 (sábado), os dois mais votados voltam às urnas no dia 8 de novembro.
Publicado a
Atualizado a

O Benfica vai a votos no dia 25 de outubro. O DN desafiou os seis candidatos à presidência do clube para o quadriénio 2025-2029, Rui Costa, Luís Filipe Vieira, João Noronha Lopes, João Diogo Manteigas, Martim Mayer e Cristóvão Carvalho a responder às mesmas cinco questões sobre cinco temas essenciais na vida do clube, desde a prioridade após a eleição, à política e projeto desportivo para o futebol, passando pelo passivo e pelo futuro da instituição Benfica. Eis as respostas de João Noronha Lopes.

A prioridade das prioridades, assim que for eleito é...

São várias prioridades. O Benfica não tem tempo a perder. Foram 4 anos de retrocesso em muitas áreas essenciais da vida do clube. Desde logo irei reunir com os funcionários do Benfica, do estádio ao Seixal, apresentar-me a mim e à minha equipa, e conhecer as pessoas com quem vou construir o futuro do nosso clube. A mudança não se faz com presidências de um homem só. Uma liderança forte começa na capacidade de inspirar e valorizar todos os que estão à nossa volta. É por aqui que pretendo começar.

Como se encontra o equilíbrio entre a formação com a exigência desportiva de um clube como o Benfica: Formar para vender e sustentar o projeto desportivo ou formar para alimentar a equipa e ter sucesso desportivo.

A situação atual do Benfica radica num défice de identidade e na ausência de uma cultura de vitória. Há muito que as prioridades foram invertidas. O Benfica deve formar para vencer e não para vender. Isso implicará um investimento sem precedentes nos nossos jovens, para que possam cumprir o seu sonho de infância, que é também o sonho dos adeptos: serem campeões no Benfica e brilharem na Europa ao serviço do seu clube. Por outro lado devemos contratar para reforçar, não para transformar o Benfica num carrossel de jogadores como aquele a que assistimos nos últimos anos, com contratações e saídas sucessivas que tornaram impossível construir uma base vencedora. Para que tudo isto aconteça, temos de ser mais criteriosos e inteligentes na forma como abordamos o mercado. Identificar o talento mais cedo, garantindo aquisições mais inteligentes que acrescentam valor desportivo e financeiro ao clube. O equilíbrio entre a formação enquanto eixo fundamental e o talento vindo de fora resulta quando a estrutura do futebol sabe o que quer e como lá chegar. Mas é preciso abordar estas duas dimensões de forma consistente, não mudando a estratégia ao sabor do vento ou de calendários eleitorais. Aquilo que temos visto nos últimos 4 anos não é um projeto desportivo, mas um desgoverno desportivo.

O Benfica apresentou um resultado positivo de €34,4 ME. O passivo baixou para 474,9 milhões de euros - ainda é um problema? E como se baixa mais?

É importante não confundir os sócios com manobras de distração. Um ano de resultados positivos não altera a trajetória de agravamento acentuado de desequilíbrios financeiros no Benfica. O passivo aumentou 95M de euros no mandato de Rui Costa. A rubrica de fornecimentos e serviços externos era de 55M de euros no início do mandato e representa hoje um custo de 90M de euros. O plantel de futebol desvalorizou e vale agora menos 100M de euros do que o do primeiro classificado da época passada, apesar de o investimento realizado pelo Benfica ter sido largamente superior. Os custos operacionais aumentaram 83% durante estes 4 anos. A lista continua. Todos os indicadores estruturais das finanças do Benfica apontam no mesmo sentido: uma degradação da sustentabilidade financeira do clube e a ausência de uma estratégia que reconheça desde logo a existência de problemas sérios. Só um diagnóstico sério e realista permite encontrar as soluções de que o clube precisa neste momento. É nisso que eu e a minha equipa financeira trabalhamos há cerca de um ano, com o objetivo de atacar este problema desde o primeiro momento e garantir que o Benfica inverte a trajetória dos últimos 4 anos.

José Mourinho cabe no seu projeto desportivo para o futebol? Porquê?

José Mourinho é o treinador do Benfica e será com ele que vou trabalhar a 26 de outubro. É um treinador que sabe ganhar e sabe que o Benfica tem a mesma ambição. Aquilo que farei assim que for presidente é apresentar a José Mourinho o meu projeto desportivo para o futebol e a equipa que levo comigo para implementar esse projeto.

Como é o Benfica do futuro? (Uma medida reformista até 2030)

Fala do alargamento do estádio e da requalificação da zona envolvente. Um projeto feito com ambição, seriedade e competência, sempre envolvendo os sócios em primeiro lugar. Aquilo que esta direção fez com a apresentação do Benfica district é mais um exemplo do desrespeito pelos sócios e do modo leviano como temas fundamentais da vida do clube foram abordados ao longo dos últimos 4 anos. O Benfica do futuro será seguramente um Benfica mais competente e capaz de aprender com os erros. Só assim poderemos fazer diferente e garantir o futuro a que todos os benfiquistas legitimamente aspiram.

João Noronha Lopes
Rui Costa ao DN: “Mourinho é o homem certo para liderar o Benfica”
João Noronha Lopes
Eleições do Benfica. Luís Filipe Vieira ao DN: “Passivo da SAD aumentou 100 milhões desde 2021”
João Noronha Lopes
Eleições do Benfica. Martim Mayer ao DN: “Método Kaizen de gestão permitirá baixar 20% dos custos”
João Noronha Lopes
Eleições do Benfica. Cristóvão Carvalho ao DN: “Com uma gestão eficiente, passivo deixará de ser um travão”

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt