É cada vez mais barato conquistar o Palácio de Belém

Os custos da campanha presidencial de 2021 vão ser incomparavelmente inferiores aos de 2016. Mesmo os candidatos do PCP e do BE - os mais gastadores - irão cortar nas despesas
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A pandemia e o exemplo dado por Marcelo Rebelo de Sousa em 2016 vão fazer que as campanhas para as eleições presidenciais de 24 de janeiro de 2021 sejam drasticamente mais baratas do que as de há cinco anos.

Mesmo a campanha do comunista João Ferreira - com o orçamento mais elevado de todos, 450 mil euros - é bastante mais barata do que a do seu camarada Edgar Silva em 2016, que apresentou um orçamento de 750 mil euros.

No Bloco de Esquerda é a mesma história. Em 2016, Marisa Matias apresentou um orçamento de cerca de 455 mil euros. Agora, as previsões de despesas baixam para 250 mil euros. Apesar disso, a campanha da eurodeputada bloquista é a que tem o segundo orçamento mais alto.

DestaquedestaqueA campanha de Marcelo em 2016 custou 179 mil euros - dez vezes menos do que a de Cavaco quando foi reeleito em 2011.

Há cinco anos, foi Marcelo Rebelo de Sousa quem demonstrou que era possível fazer uma campanha e ser eleito com um orçamento incomparavelmente mais baixo do que as outras campanhas. Enquanto Sampaio da Nóvoa apresentou um orçamento de 742 mil euros, Marcelo resumiu-se a 157 mil euros.

A despesa final do ex-líder do PSD acabou por ser um pouco maior - 179 mil euros - mas as receitas da campanha, incluindo a subvenção do Estado que acabou por receber (165,4 mil euros) - superaram em muito a despesa. E esta foi dez vezes inferior à que, cinco anos antes, em 2011, Cavaco Silva tinha feito para ser reeleito (1,8 milhões de euros).

Ao angariar para a campanha de 2016 uma receita na ordem dos 224,4 mil euros, a campanha de Marcelo Rebelo de Sousa acabou por dar lucro: cerca de 45 mil euros, que, já depois de eleito, foram doados a uma IPSS de Cinfães (Viseu) e a uma escola de Mogadouro, no distrito de Bragança.

Desta vez, Marcelo vai baixar ainda mais o seu orçamento, para 25 mil euros, e já disse que não tenciona gastar mais do que isso.

A terceira campanha mais cara das atuais presidenciais vai ser a de André Ventura. O líder e deputado único do Chega apresentou um orçamento de 160 mil euros - e o que não faltam pelo país são outdoors com a sua propaganda.

Ana Gomes comprometeu-se com um valor que é de cerca de um terço do valor da campanha de Ventura - mas o dobro da de Marcelo: 50 mil euros.

Depois, nesta tabela, surgem o candidato da Iniciativa Liberal, Tiago Mayan (38,45 mil) e finalmente Vitorino Silva (vulgo: Tino de Rans), que diz que só vai gastar 16 mil euros (e que numa entrevista DN/TSF deste fim de semana considerou ser uma "vergonha" que num tempo de pandemia esteja previsto financiamento público para as campanhas).

João Ferreira - 450 mil euros
Marisa Matias - 250 mil
André Ventura - 160 mil
Ana Gomes - 50 mil
Tiago Mayan - 38,45 mil
Marcelo Rebelo de Sousa - 25 mil euros
Tino de Rans - 16 mil

Edgar Silva - 750 mil euros
Sampaio da Nóvoa - 742 mil
Maria de Belém - 650 mil
Marisa Matias - 454,7 mil
Marcelo Rebelo de Sousa - 157 mil
Tino de Rans - 50 mil

Em 2016, contas feitas aos votos, ficaram para registo os casos de Maria de Belém e de Edgar Silva. Ambos obtiveram no final resultados bastante abaixo do que pretendiam. E ficaram mesmo aquém dos 5% que são a fasquia mínima para se ter direito a financiamento estatal (que é sempre a posteriori).

Maria de Belém - que avançou sem o apoio do seu partido, o PS - obteve 4,24% (196,7 mil votos). Já o candidato do PCP Edgar Silva ficou-se pelos 3,95% (183 mil votos).

No caso de Edgar Silva, a campanha, terminando sem financiamento público, acabou por ser paga pelo PCP: 581 mil euros.

Mas com Maria de Belém a história foi outra. Sem o apoio do PS, a antiga ministra da Saúde teve de pagar tudo do seu bolso: cerca de 542 mil euros. No orçamento inicial apresentado, Maria de Belém apresentara a sua expectativa de subvenção estatal: 790 mil euros. Recebeu, no fim, zero euros. E passou os anos seguintes a resolver o problema. O PS nunca a ajudou.

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