Portugal tem 448 casos confirmados com coronavírus. 117 nas últimas 24 horas
Os cálculos matemáticos estimam que o pico da pandemia provocada pelo novo coronavírus, em Portugal, só aconteça no final de abril, início de maio. E os novos casos revelados todos os dias têm confirmado esta expectativa, superando entre os 30% a 50% o dia anterior. Nas últimas 24 horas, foram notificados mais 117 casos de covid-19 no país, elevando assim a contagem total para 448 infetados e uma morte, segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS), desta terça-feira (17 de março).
Há ainda 323 pessoas a aguardar o resultado das análises laboratoriais, três recuperadas e 6852 em vigilância pelas autoridades de saúde. Embora Portugal tenha registado o primeiro caso de covid-19 no dia 2 de março, desde o primeiro dia do ano já houve 4030 casos suspeitos.
Este é também o dia em que o surto chega a quase todo o território nacional. Só no Alentejo ainda não há casos. No arquipélago da Madeira, uma cidadã holandesa, que aterrou no aeroporto a 12 de março (antes das medidas de proteção estarem em vigor), testou positivo para o novo coronavírus, anunciou o presidente do Governo regional, Miguel Albuquerque, esta terça-feira, em conferência de imprensa. Este caso ainda não se encontra registado no boletim da DGS.
A região mais afetada do país volta a ser o Porto (196 casos), depois Lisboa (180). Foi na capital, no Hospital de Santa Maria, que morreu, esta segunda-feira, a primeira vitima do covid-19, em Portugal, um enfermeiro e massagista do Estrela da Amadora. Nas regiões com maior número de casos, seguem-se o centro (51) e o Algarve (14). Nos Açores, há apenas um caso. Estão também a ser acompanhados no país seis cidadãos estrangeiros.
Já existe em Portugal transmissão local e há 19 cadeias de contágio, mais uma do que esta segunda-feira. "Estamos na fase de aceleração do contágio", admitiu António Lacerda Sales, secretário de estado da Saúde, em conferência de imprensa, no final desta manhã.
A maior parte destas cadeias têm origem em casos importados. Há 18 doentes notificados com ligações a Espanha, 17 a Itália, 13 a França, 8 à Suíça, e um da Alemanha e Áustria, Andorra, Bélgica, Países Baixas e Reino Unido.
Estão hospitalizadas por causa do novo coronavírus 206 pessoas, quando ontem estavam 139. São mais 67 doentes. Sendo que 17 encontram-se nos cuidados intensivos.
Segundo a DGS, 33% dos infetados pelo novo coronavírus têm tosse, 27% febre, 19% dores musculares, 17% cefaleia e 14% fraqueza generalizada. Há 10% dos doentes que apresentam dificuldade respiratória.
A faixa etária em que existem mais cidadãos infetados é a dos 40 aos 49 anos (93 pessoas). Depois a dos 30-39 (88). Há três crianças até aos nove anos e 104 pessoas acima dos 60 anos.
Em vésperas do Conselho de Estado - que acontece quarta-feira às 15:00 e onde deverá ser decidido se o país avança com o estado de emergência - o primeiro-ministro lembrou que o quadro jurídico permite ir escalando as medidas. António Costa sublinhou que a pandemia não durará apenas duas semanas, pelo que poderá obrigar o Governo a tomar medidas inversas, como a requisição civil de trabalhadores e de equipamentos a empresas. "Mesmo sem estado de emergência é possível impor restrições", disse o primeiro-ministro, esta segunda-feira à noite, em entrevista à SIC.
António Costa está a colocar nas mãos de Marcelo a declaração de um estado de emergência no país - estado de exceção que só pode ser acionado em casos de grave ameaça ou perturbação da ordem democrática ou de calamidade pública. Neste cenário, há direitos fundamentais que nunca podem ser colocados em causa, nomeadamente, os direitos à vida ou à integridade pessoal. Esta declaração tem de passar pelos três órgãos de soberania, tendo de ser decretado pelo Presidente da República, depois de uma audição do Governo e de uma autorização da Assembleia da República. A ser declarado, será a primeira vez que este estado vigorará desde o 25 de abril de 1974.
A luta para combater o novo coronavírus levou também à reposição, desde as 23:00 de segunda-feira, das fronteiras com Espanha - uma medida que, não sendo inédita, só é usada em casos muito especiais.
Até dia 15 de abril, os dois países ibéricos voltam a ter fronteiras terrestres, aéreas e marítimas. Foram suspensos os voos entre os aeroportos nacionais e os espanhóis, bem com as ligações ferroviárias e as duas ligações fluviais que existem no Minho e no Algarve.
A reposição das nove fronteiras terrestres obriga a uma maior mobilização de meios, através da GNR e do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras.
Espanha é, neste momento, o quarto país do mundo com o maior número de infetados (11 178). Já morreram 491 (149 nas últimas 24 horas). Só está atrás do China - país onde o surto começou, mas que o conseguiu controlar com sucesso nas últimas semanas -, da Itália - o novo epicentro do vírus no mundo - e do Irão.
O covid-19 infetou 186 676 pessoas em todo o mundo. Destas, 80 338 já recuperam. Morreram 7 471 cidadãos.