Infarmed suspende tratamento com hidroxicloroquina a doentes covid

A Autoridade do Medicamento em Portugal vai enviar indicações aos hospitais, esta quinta-feira, para deixarem de utilizar o fármaco vocacionado para o tratamento da Malária.
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O Infarmed vai suspender o tratamento com hidroxicloroquina (um fármaco usado na luta contra a Malária) a doentes com covid-19. A indicação deverá chegar aos hospitais ainda esta quinta-feira. ​A notícia foi avançada pela Antena 1 e confirmada pelo DN.

"O Infarmed recomenda, por questões de segurança, que não deve ser utilizada a hidroxicloroquina ou a cloroquina até ao pleno esclarecimento e até aos resultados dos diversos estudos publicados quanto ao seu risco", disse o vice-presidente da entidade reguladora do medicamento, António Faria Vaz, à Antena 1.

Portugal é o quarto país europeu a tomar esta decisão (depois de Itália, Bélgica e França), desde que a Organização Mundial de Saúde (OMS) pediu a suspensão da utilização deste fármaco no contexto da pandemia do novo coronavírus. No entanto, o diretor da OMS, Tedros Ghebreyesus, indicou que os testes clínicos solidários com outras terapias vão continuar em mais de 400 hospitais espalhados por 35 países, que contam com 3 500 voluntários. "Há muito poucos estudos randomizados e é importante recolher informação sobre a segurança e eficácia" da hidroxicloroquina como terapia para a covid-19, uma vez que é usada principalmente para tratar a malária, defendeu.

Antes a revista cientifica The Lancet tinha publicado um estudo onde associava o uso de hidroxicloroquina a um aumento da taxa de mortalidade em doentes com diabetes e doenças coronárias. Também a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) lançou alertas no mesmo sentido.

A cloroquina e a hidroxicloroquina são usadas há muitos anos para tratar a malária e doenças anti-inflamatórias como a artrite reumatoide. Além dos problemas cardíacos, os dois medicamentos também podem provocar danos no fígado e nos rins, convulsões e baixar o nível de açúcar no sangue.

Em Portugal, não há registo de nenhuma situação de agravamento de doença devido ao uso desta substância química, incluídas nas orientações de tratamento da covid-19 desde março. No entanto, as autoridade de saúde decidiram agir de forma cautelosa. A Direção-Geral da Saúde (DGS) prometeu, esta quinta-feira, em conferência de imprensa, publicar ainda hoje uma nova norma sobre a utilização da hidroxicloroquina, medicamento que ficou ainda mais conhecido depois de o Presidente dos Estados Unidos da América ter afirmado que esta era a solução para combater a pandemia.

Donald Trump chegou mesmo a autorizar a compra de milhões de caixas deste fármaco para o país e admitiu, no Twitter, estar a tomar os comprimidos, apesar de a autoridade responsável pela aprovação de novos medicamentos nos EUA, a Food and Drug Administration, ter alertado para o risco.

No Brasil o presidente, Jair Bolsonaro, também tem defendido a eficácia da cloroquina e o Ministério da Saúde brasileiro recomendou o seu uso em todos os pacientes, mesmo os que têm sintomas ligeiros.

Até agora, não existe um medicamente cientificamente comprovado para tratar a covid-19, mas há vários fármacos candidatos e a ser sujeitos a ensaios clínicos por todo o mundo.

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