OMS suspende temporariamente ensaios com hidroxicloroquina, o medicamento que Trump tomou
A Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou na segunda-feira a suspensão temporária dos ensaios clínicos com hidroxicloroquina para combater a covid-19 por causa de estudos científicos que associam maior mortalidade ao uso daquele medicamento.
Apesar desta decisão, o Ministério da Saúde brasileiro mantém a sua recomendação de usar hidroxicloroquina em doentes com o novo coronavírus.
"Estamos muito tranquilos e serenos em relação à nossa orientação. Ela segue uma orientação feita pelo Conselho Federal de Medicina, que dá autonomia para que os médicos possam prescrever essa medicação para os pacientes que assim desejarem. Isso é o que vamos repetir diariamente", declarou Mayra Pinheiro, secretária de gestão em trabalho na saúde do ministério, durante uma conferência de imprensa, em Brasília.
O medicamento foi usado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, apesar de a autoridade responsável pela aprovação de novos medicamentos nos EUA, a Food and Drug Administration (FDA), ter alertado para o risco de causar problemas de coração.
A hidroxicloroquina é medicamento que Trump tem defendido quase desde o início da pandemia. Na semana passada disse que já o estava a tomar. "Tudo o que posso dizer é que até agora pareço estar bem", disse o presidente norte-americano.
Tedros Ghebreyesus destacou que o resto dos testes clínicos solidários com outras terapias vão continuar em mais de 400 hospitais em 35 países, que contam com 3.500 voluntários.
Na habitual conferência de imprensa de acompanhamento da pandemia, a cientista sénior da OMS Soumya Swaminathan declarou que "há muito poucos estudos randomizados e é importante recolher informação sobre a segurança e eficácia" da hidroxicloroquina como terapia para a covid-19, uma vez que é usada principalmente para tratar a malária.
"Os dados dos estudos observacionais [como o do Lancet] podem ser enviesados. Queremos usar [a hidroxicloroquina] se for segura e eficaz, se reduzir a mortalidade e os internamentos e se os benefícios forem mais do que os danos", afirmou.
Tedros Ghebreyesus afirmou que os organismos de vigilância e segurança da OMS vão voltar a reunir-se brevemente, na próxima semana, para reavaliar a decisão.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou quase 345 mil mortos e infetou mais de 5,4 milhões de pessoas em 196 países e territórios.
Mais de 2,1 milhões de doentes foram considerados curados.
Em Portugal, morreram 1.330 pessoas das 30.788 confirmadas como infetadas, e há 17.822 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.