Capital do Natal. Organização acusa promotores turísticos de enganarem as pessoas

Criticados por muitos visitantes dececionados, os organizadores do proclamado primeiro parque de diversões natalício da Europa, atacam agora quem fez publicidade ao evento
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Os organizadores da "Capital do Natal" decidiram contra-atacar as críticas de fraude sobre o parque de diversões de Oeiras, atirando as culpas para os promotores do evento - ou seja, aqueles que o publicitaram em Portugal e no estrangeiro. Em comunicado divulgado esta manhã é anunciado que vão apresentar, na próxima semana, queixa-crime "contra todos os promotores turísticos que adulteraram a oferta do parque induzindo em erro e defraudando um conjunto alargado de pessoas".

O DN perguntou aos responsáveis pela comunicação de que promotores se tratavam exatamente, mas ainda não obteve resposta.

A organização, da responsabilidade da empresa Christmas Fun Park Lda, criada por lvan Dias, Rui Madureira e João Godinho - todos da área da gestão e marketing - entende que os promotores "prejudicaram a Capital do Natal o seu bom nome e imagem". Serão igualmente alvo de queixa-crime "todos aqueles que fomentaram ou se aproveitaram de tal atuação ilícita".

Da "Lapónia" em Oeiras às renas "tristes"

"A Lapónia em Oeiras", um "Cirque de Soleil constante", renas, neve verdadeira, um "espetáculo imersivo de Natal", muita "magia" e "diversões" nunca vistos no nosso país - era assim anunciada a "Capital de Natal", pela própria organização há menos de três meses. "Parte da tecnologia finlandesa que vamos usar é absolutamente nova, vamos estrear, porque obviamente lá não precisam de ajuda para recriar o Natal. E o resultado é um espaço único, onde as pessoas vão entrar no fundo num sonho, o de uma criança de Oeiras que quis trazer o Natal da Lapónia para a sua terra", dizia numa entrevista um dos fundadores da Christmas Fun Park.

Mas nem tudo correu como esperavam e na primeira semana de abertura choveram as reclamações, de muitas pessoas que se sentiram defraudadas, principalmente de visitantes espanhóis. Com os bilhetes a preços exorbitantes - 25 euros para crianças dos 3 aos 12 anos e 30 por adulto - a deceção acabou por marcar muitas pessoas. As renas estavam "tristes" e não tinham hastes (afinal, porque nesta altura do ano elas caem naturalmente), não havia neve, o piso tinha muita lama. Mas houve também impressões positivas.

A justificar a decisão de avançar para o processo-crime, a organização diz que "em causa está, por um lado, a promoção de notícias e de material publicitário, assim como a compra de espaço publicitário, na maioria dos casos realizada em Espanha, contrariando a informação oficialmente divulgada, o que criou a falsa expectativa de que a Capital de Natal dispunha, entre outros equipamentos, de pistas de ski, e, por outro lado, a projeção dessa deturpação que foi levada a cabo em Portugal por outras entidades, inclusive em proveito próprio".

Rui Madeira, da Christmas Fun Park, já se tinha mostrado "surpreendido" com as reclamações, negando inclusivamente que estivesse prevista neve verdadeira: "Houve um conjunto de sites e de blogues espanhóis que, sem terem qualquer autorização nossa e ou sem terem tido contacto com a organização, apanharam notícias de alguns sites portugueses e fizeram a traduções e assumiram que as nossas pistas de snow tubing iam ser pistas de esqui com neve real, algo que nunca esteve previsto. Isso criou uma falsa expectativa".

Visitas de escolas reagendadas

A "Capital do Natal" diz que é "totalmente alheia" a esta situação, que "lamenta", e promete levar até às últimas consequências a identificação dos responsáveis por este crime e disponibilizará aos impactados por esta publicidade enganosa toda a informação que lhe seja solicitada".

A organização não desistiu de uma segunda oportunidade para causar uma primeira boa impressão e desdobrou-se em explicações e medidas 'diplomáticas' durante toda a semana, chegando ao ponto de optar por retirar as renas, "para não ferir suscetibilidades".

O DN pediu também aos porta-vozes da organização o número de visitantes até ao momento, mas não recebeu essa informação. Até ao final do dia de terça-feira tinham visitado a Capital do Natal 21 471 pessoas.

Mas aparentemente, visitantes não faltarão, pois foi esse o motivo apresentado para reagendar as visitas das escolas de Oeiras. Em comunicado publicado na noite de sexta-feira, na página da internet da Câmara Municipal de Oeiras, é escrito que "as visitas dos alunos das escolas à Capital do Natal, agendadas para os dias 6 e 13 de dezembro, não foram canceladas mas, sim, reagendadas, respetivamente, para 9 e 16 de dezembro".

A autarquia sublinha que esta alteração "foi solicitada pelo promotor do evento" não sendo da sua responsabilidade. Diz a Câmara que o reagendamento "deve-se ao facto de 6 e 13 de dezembro serem sextas-feiras, dias de muita procura, em que já existe grande número de bilhetes vendidos e haverá grande afluência ao recinto. Na posse desta informação, o promotor sugeriu a alteração das datas, previamente definidas, para que os alunos e crianças das escolas do concelho de Oeiras possam, de forma mais tranquila e agradável, tirar partido das atividades".

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