Ainda antes de entrarmos na Capital do Natal, no corredor de acesso às bilheteiras, junto às barraquinhas de artesanato, há um animador vestido de rena e outros dois vestidos de elfos, os ajudantes do Pai Natal. São eles que recebem os visitantes com brincadeiras e se disponibilizam para tirar fotografias. É aproveitar, pois, para já, essa será a única rena que encontrarão em todo o parque de diversões..Depois das fotografias tiradas no fim de semana e que rapidamente se espalharam pelas redes sociais, mostrando algumas renas entristecidas, estendidas sobre a relva falsa, os animais foram retirados do local. "Mas não teve nada que ver com as queixas", garante ao DN Jorge Carvalho, o responsável pelos Burros do Magoito, a Quinta Pedagógica de onde vieram as duas renas, macho e fêmea, contratadas para o evento. O que se passou, explica, é que numa das inspeções percebeu-se que faltava uma licença do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas que é exigida por lei e que ninguém sabia que era necessária. Trata-se de uma "licença estritamente administrativa", uma vez que, segundo a organização do evento, a vistoria do ICNF "verificou que estão reunidas todas as condições para o bem-estar e segurança dos animais, não tendo sido identificados quaisquer constrangimentos"..Isso mesmo confirma Jorge Carvalho, que não tem dúvidas de que a Capital do Natal "tem todas as condições para receber as renas": "Na verdade, nunca estive num recinto que tivesse tão boas condições para expor os animais", afirma. O recinto das renas tem 200 metros quadrados e, a pedido do responsável pelos animais, foi montada uma vedação com 1,90 metros de altura e com rede até meio. "Isto permite que as renas estejam soltas, nunca estiveram amarradas. E evita que as pessoas estejam a molestar os animais." Além disso, os animais têm um abrigo de 15 metros quadrados, água e comida à discrição, e estão sempre acompanhados de um tratador da quinta pedagógica. "A única coisa que se pode dizer é que seria melhor ter um chão mais natural, mas a alcatifa foi a melhor solução que se encontrou e elas estão bem, estão confortáveis", garante.."As pessoas também ficaram muito surpreendidas por as renas não terem hastes. Mas a verdade é que as hastes das renas caem naturalmente no início do inverno e só voltam a nascer no verão", justifica Jorge Carvalho. "Disseram que eu tinha cortado as hastes ou então que eu estava a expor renas bebés, que ainda nem tinham hastes. É mesmo falar sem saber", lamenta. Neste caso, as duas renas, vindas da Lapónia e que estão há um ano e meio da quinta pedagógica, têm 8 e 10 anos (a esperança média de vida de uma rena está entre os 15 e os 18 anos)..Portanto, as renas não estão lá mas espera-se que voltem a qualquer momento..Alguns ajustes foram necessários.A boa é notícia é esta: a Capital do Natal, que abriu na sexta-feira no Passeio Marítimo de Algés, pode não ser "uma experiência imersiva, em que cada visitante é envolvido numa história natalícia", como se apregoou nos textos promocionais, mas também não é uma experiência tão horrível como se poderia imaginar através dos vários comentários lidos nas redes sociais..Aliás, os que estiverem habituados a ir ao festival NOS Alive, que se realiza naquele mesmo espaço, não se espantarão com a falta de lugares para estacionar nem com os muitos metros que é preciso caminhar até finalmente chegar à entrada. Com uma área total de 72 mil metros quadrados (cerca de sete vezes um campo de futebol), sendo um parque ao ar livre e localizado tão perto do rio, é normal que nos dias mais ventosos a visita não seja tão agradável. E nos dias de chuva será ainda pior. Essa foi umas das críticas que a organização mais ouviu no fim de semana. E tratou logo de fazer alguns ajustes.."Logo no sábado, o segundo dia de funcionamento do parque, em que se verificou uma grande afluência de pessoas e com condições atmosféricas muito adversas, mesmo para um evento ao ar livre, identificámos um conjunto de situações, relacionadas com a entrada das pessoas nos equipamentos, com a organização das filas de espera e do staff, que foram corrigidas no dia seguinte", explica a organização, em resposta a algumas questões colocadas pelo DN.."Para além disso, vamos reforçar toda a zona adjacente ao lago, colocando uma estrutura de ferro e madeira com relvit e passadiços de borracha, como temos nos resto do parque, para garantir o máximo conforto aos visitantes", garante a organização, sublinhando: "Este é o primeiro ano que estamos a realizar este evento, pelo que acreditamos que, até ao último dia, continuaremos a melhorar ainda mais a experiência dos nossos visitantes.".Na solarenga tarde de terça-feira, sem filas a assinalar, as crianças corriam pelo recinto à vontade. E embora ainda houvesse alguns funcionários a limpar os restos de lama deixados pela chuva dos últimos dias, a alcatifa que cobre todo o recinto estava verdejante como deveria ser e até havia muitos miúdos sentados no chão..Para prevenir problemas futuros, a organização decidiu estabelecer um limite máximo de 15 mil pessoas por dia no recinto..Elfos, gelo e uma roda-gigante.Até ao final do dia de terça-feira visitaram a Capital do Natal 21 471 pessoas (destas, cerca de cinco mil foram crianças provenientes de escolas e instituições sociais do concelhos de Oeiras)..Sempre acompanhados por música natalícia, ao som de Last Christmas, dos Wham, ou de A Todos Um Bom Natal, pelo Coro de Santo Amaro de Oeiras, a visita começa invariavelmente pelas pistas de snow tubing, que ficam na Montanha do Vento Corajoso. São escorregas em que os miúdos deslizam em pneus gigantes ao mesmo tempo que dão gritinhos de entusiasmo. Os mais pequenos divertem-se no comboio que percorre todo o recinto. Nos Bosque dos Elfos há várias atividades também para as crianças - como por exemplo deixar um desejo ou visitar a Árvore do Tempo Infinito. Também podem entregar uma carta ao Pai Natal ou experimentar decorar biscoitos de gengibre. Em cada divertimento, os elfos, de cara pintalgada, falam com as crianças na "linguagem dos elfos" (ouve-se muitas vezes a palavra "pakata", que, explicam-nos, quer dizer "olá")..Sentados no parque de merendas, os alunos de uma escola do concelho de Oeiras comiam o seu lanche quando apareceu o Pai Natal rodeado de elfos agitando os ruidosos sinos. Incentivados pela professora, os miúdos contam ao Pai Natal o que mais gostaram de ver. As respostas são as esperadas: a roda-gigante, a pista de patinagem e o Palácio dos Guardiões da Neve, que era aquele sobre o qual havia mais expectativas..O palácio é uma tenda gigante onde as temperaturas são sempre negativas e o termóstato pode chegar aos oito graus negativos nos dias de maior afluência (para compensar o calor humano). Aqui, convém vestir os casacos e enfiar os gorros, porque está mesmo muito frio. As paredes e o chão estão cobertos de gelo. Além das esculturas de gelo há também umas pequenas pistas para deslizar no gelo e um espaço onde é possível brincar com bolas de neve. A experiência é engraçada, embora não caia neve, como se chegou a dizer. Depois de sair deste mundo branco, subir aos céus na roda-gigante e ver a praia ali ao lado até é um bocadinho estranho..Feitas as contas, quem tiver filhos pequenos pode ter aqui uma tarde bem passada, mas também é verdade que os preços são um pouco elevados: o bilhete do adulto custa 30 euros (foi o que o DN pagou para entrar), as crianças dos 3 aos 12 pagam 25 euros e há um bilhete de família a 88 euros para dois adultos e duas crianças. A Capital do Natal pode ser visitada até 12 de janeiro.