SEF foi extinto pelo Governo do PS há dois anos.
SEF foi extinto pelo Governo do PS há dois anos.Carlos Manuel Martins / Global Imagens

"Foi para isto que extinguiram o SEF?", diz associação do ex-SEF sobre esquema criminoso contra imigrantes

"Se há uns tempos atrás nos dissessem que era possível que as coisas em matéria de imigração ficassem ainda pior, seria difícil acreditar", reagiram.
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“Se há uns tempos nos dissessem que era possível que as coisas, em matéria de imigração, ficassem ainda piores, seria difícil acreditar. Hoje sabemos que não e apetece-nos praguejar: Porra! Foi para isto que extinguiram o SEF? Foi para isto que quiseram as competências do SEF?” Esta foi a reação da Associação para a Memória Futura do SEF, o extinto Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, à operação “Safra Justa”, que levou à detenção de dez militares da Guarda Nacional Republicana (GNR) e de um agente da Polícia de Segurança Pública (PSP). A ação foi realizada na terça-feira, 25 de novembro, pela Polícia Judiciária (PJ).

A entidade, formada por antigos funcionários do SEF, alguns ainda no ativo e outros já não, classifica a situação como “grave” e critica a PSP. “Os factos indiciados, a crer nas notícias publicadas ontem, são de tal gravidade, no contexto em que foram praticados e por quem atualmente detém responsabilidades acrescidas no exercício da autoridade do Estado em matéria de controlo e gestão da imigração, que realçam ainda mais, se tal era possível, o erro da extinção do SEF, a tal ‘polícia de imigração desumana e que não fazia falta’.”

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A associação afirma que, “passados cinco anos, a PSP continua a não estar preparada” para lidar com a imigração, citando situações como o reforço do trabalho dos inspetores da PJ nas fronteiras e casos de burnout entre agentes da PSP destacados para os aeroportos. Destaca também “os alertas feitos por companhias aéreas e por embaixadas de países terceiros, que têm chamado a atenção para o caos no controlo de fronteira do aeroporto de Lisboa”.

Sobre a Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA), responsável pela área documental dos imigrantes, refere que “já muito foi dito e escrito sobre a incapacidade e a impreparação da AIMA para dar resposta aos desafios que exige uma gestão da imigração equilibrada, adequada, célere e competente”. E reitera as “críticas ao modelo instituído”.

O DN questionou a PJ sobre as medidas de coação impostas aos detidos, mas ainda não obteve resposta. Além dos agentes de autoridade, foram detidas outras seis pessoas, dois estrangeiros e quatro portugueses, suspeitas de integrarem a organização criminosa que tinha como alvo trabalhadores imigrantes. Segundo a Judiciária, terão sido pelo menos 500 as vítimas.

amanda.lima@dn.pt

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