No X (antigo Twitter), a deputada socialista Eva Cruzeiro, escreveu que "Portugal não pode tolerar escravatura do século XXI, nem dentro das forças de segurança, nem em lado nenhum". Para a parlamentar, o facto d agentes de autoridade estarem envolvidos "abala" a confiança."A verdade é simples e dura: Sem mão-de-obra imigrante, grande parte da nossa agricultura moderna colapsava. Mas muitos destes trabalhadores vivem e trabalham em condições que nenhum de nós aceitaria para os nossos. E quando agentes do Estado participam ativamente no abuso, isso abala a confiança de toda a sociedade", afirmou..Segundo o MP, são pelo menos quatro os crimes pelos quais os suspeitos são investigados: auxílio à imigração ilegal, tráfico de pessoas, corrupção ativa e passiva e o crime de abuso de poder..De acordo com nota publicada pelo Ministério Público (MP), os investigados "aproveitaram-se da situação de fragilidade (documental, social e económica) de cidadãos originários de países terceiros, na sua grande maioria indocumentados, para daí retirarem avultadas vantagens económicas".Ainda de acordo com o MP, "estes cidadãos estrangeiros estavam dispostos a trabalhar sem contrato formalizado, recebendo remuneração inferior à praticada no mercado para as funções que aceitaram realizar, em sectores de utilização intensiva de mão-de-obra, como o da agricultura". Entretanto, os suspeitos "não entregaram àqueles os valores prometidos, tendo-lhes deduzido montantes arbitrariamente impostos, referentes a despesas de alojamento, transporte, água, eletricidade e documentação".Como outros casos semelhantes revelam, esta tática é comum em casos de tráfico humano, deixando o imigrante "preso" nesta situação. Conforme o Ministério Público, por estarem envolvidos elementos das forças de segurança, as vítimas eram ameaçadas a não efetuar nenhuma denúncia. "Estes suspeitos ameaçavam ainda aqueles cidadãos, dando-lhes a entender que a queixa às autoridades não seria uma alternativa viável para reagir aos abusos de que foram e/ou estão a ser alvo", pontua. .Segundo avança a Agência Lusa, o polícia detido na operação "prestava serviço no Comando Distrital de Beja", mas "não estava atualmente a trabalhar". A baixa decorre desde setembro de 2024, complementa a Direção Nacional da Polícia de Segurança Pública (PSP)..Vários militares da GNR e um agente da PSP são suspeitos de estarem envolvidos numa organização criminosa que extorquia e maltratava imigrantes no país, boa parte do quais em situação irregular.A Polícia Judiciária (PJ) explica em que a operação desencadeada na manhã desta terça-feira, 25 de novembro, visou o "cumprimento de cerca de 50 de mandados de busca e 17 mandados de detenção, em vários locais do país, em que se investigam crimes de auxílio à imigração ilegal, falsificação, fraude fiscal e branqueamento de capitais". A operação foi realizada em Beja, Portalegre, Figueira da Foz e Porto.Entre os detidos estão 10 militares da GNR e um PSP suspeitos de facilitarem a ação do grupo criminoso. Em causa está uma organização criminosa que controlava centenas de trabalhadores estrangeiros, a maioria indostânicos em situação irregular em Portugal.Segundo ainda a PJ, "através de empresas de trabalho temporário, criadas para o efeito, aproveitava-se da vulnerabilidade dos mesmos, explorando-os, cobrando alojamentos e alimentação e mantendo-os sob coação através de ameaças, havendo mesmo vários episódios de ofensas à integridade física".A investigação levou a que, "durante vários meses", a PJ tivesse realizado "inúmeras diligências investigatórias que permitiram obter indícios e elementos incriminatórios, bem como traçar o quadro geral do funcionamento deste grupo violento, de estilo mafioso" Nesta operação, a PJ contou com a colaboração e suporte da GNR. .Imigração ilegal. Portugal perdeu o financiamento do PRR para os dois novos centros de instalação.Imigração em Portugal cai 2% em 2024, mas entradas para trabalhar sobem 9%