"Vou-te matar". Conselheiro do Chega acusado de ameaçar com faca adversário interno
O Ministério Público acusou o conselheiro nacional do Chega, João Rogério Silva, de crimes de dano e ameaça agravada, que ocorreram em 2023, contra António Cardoso, que entretanto deixou de ser militante do partido, de acordo com a edição desta quinta-feira do JN.
João Rogério Silva, da Concelhia de Oliveira do Hospital, terá tentado destruir o carro de António Cardoso, um dos candidatos à liderança da Concelhia, quando este estava no interior da viatura.
O dirigente nacional do partido liderado por André Ventura terá apontado uma faca contra António Cardoso, ameaçando matá-lo, de acordo com o jornal, que teve acesso ao despacho de acusação, segundo o qual a vítima passou a ter "receio pela sua integridade física e pela sua vida".
António Cardoso disse ao JN que o conselheiro do Chega "confessou ao tribunal e publicamente também" os crimes. "Depois de fazer aquilo, ligou para uma série de testemunhas a dizer o que fez e até à GNR confessou", afirmou a alegada vítima. António José Cardoso referiu que não morreu "porque não calhou". "A minha vida esteve em risco", disse.
O episódio ocorreu em março de 2023. Alegadamente, António Cardoso conduzia o carro da empresa têxtil para a qual trabalha quando outra viatura, conduzida por João Rogério Silva, o abalroou por trás.
Segundo a acusação, depois do embate, o dirigente nacional do Chega ameaçou com uma faca António Cardoso, tendo desferido "várias pancadas com força" na viatura. Partiu o pára-brisas, amassou o capô e tejadilho e riscou vidros laterais, escreve o JN.
"Enquanto João Silva se encontrava com a faca na mão, proferiu a seguinte expressão, em tom sério e ameaçador, dirigida a António Cardoso: 'vou-te matar', tendo de imediato passado com a faca junto ao seu pescoço, simulando o gesto de corte", lê-se na acusação do Ministério Público.
António Cardoso terá conseguido fugir do local e apresentado queixa na GNR.
O jornal teve acesso a uma publicação interna do portal Chega, na qual João Rogério Silva admite ter cometido um " tresloucado ato", referindo que terá sido sido pressionado pelo presidente da Distrital de Coimbra, Paulo Seco, que nega ao JN ter tido qualquer responsabilidade nesta situação.
O Conselho de Jurisdição do Chega e André Ventura teriam conhecimento do caso, segundo a mesma publicação, mas o dirigente nacional não foi afastado dos cargos que desempenhava no partido.
Esta é a mais recente polémica que envolve o Chega, após o deputado Miguel Arruda ter sido acusado de roubo de malas no aeroporto de Lisboa, de Rui Pardal, eleito para a Assembleia Municipal de Lisboa, ter sido acusado de prostituição de menores e de um deputado do Chega/Açores ter sido apanhado a conduzir sob efeito de álcool.