José Luís Carneiro não conseguiu as cidades mais populosas, até perdeu a liderança da Associação Nacional de Municípios, mas ganhou cinco capitais de distrito, conseguindo angariar Évora à CDU, Viseu, Bragança, Faro e Coimbra ao PSD. Tem agora nove capitais, tantas quanto o PSD, e nestas cinco vitórias quatro acabaram por ser conseguidas a solo, surpreendendo com triunfos inéditos em Viseu e quebrando um jejum de 28 anos em Bragança. A aposta em figuras com passagem por ministérios é realçada como estratégia bem sucedida. “Encarávamos com toda a seriedade estas Autárquicas, queríamos os melhores candidatos. Nessa senda, obviamente que estas figuras encaixaram nesse perfil de responsabilidade para o povo português. Ter pessoas que já passaram pela experiência da República é um contributo para a valorização do governo local”, elenca André Rijo, coordenador autárquico do PS. Ana Abrunhosa foi ministra da Coesão Territorial e encabeçou uma coligação com PAN, Livre e movimento Cidadãos por Coimbra; Carlos Zorrinho, ex-eurodeputado e Secretário de Estado da Energia e Administração Interna, é o novo edil em Évora; Isabel Ferreira, antiga Secretária de Estado para a Valorização do Interior, comanda agora Bragança. “A Isabel Ferreira é um dos quadros mais valiosos do PS, é investigadora, teve passagem pelo Governo, foi Secretária de Estado da ministra Ana Abrunhosa, montou o seu gabinete em Bragança e ajudou a construir o PRR, conhece profundamente as matérias e era o quadro mais qualificado para ganhar Bragança. É um caso de estudo a sua campanha. É um feito absolutamente extraordinário, consegue virar uma câmara que todos davam como perdida”, elogia André Rijo, vincando o equilíbrio da investigadora natural de Moçambique entre o voto “rural e citadino.”O bom resultado no Algarve tem como corolário a conquista de Faro, com António Pina, autarca em Olhão por 12 anos, a ser valorizado como a solução para o concelho vizinho. Em semelhantes moldes, Viseu, já que João Azevedo, que já perdera na cidade de Viriato para Fernando Ruas, ainda é lembrado como autarca em Mangualde. “Foi fácil, de alguma forma, promover a candidatura na qualidade do seu trabalho. Em 2021, perdeu em Viseu, mas recuperou muitos votos e aproximou o PS”, declara o coordenador autárquico em relação ao novo edil da cidade beirã.A capacidade de o PS concorrer a solo e vencer capitais de distrito, mesmo perante um cenário adverso em maio, levará a algumas reflexões. Até porque, em muitos casos, o fez sozinho. Não estão vetadas as coligações, mas a eficácia ficou-se pelas vitórias em Coimbra e com o Livre em Felgueiras. “Não atribuiria grande relevância a isso nesta fase, a representatividade é diminuta porque foram 13 coligações em 306 candidaturas. É verdade que só em duas houve sucesso. Não há pré-conceção em relação às políticas de coligação, mas não acredito que dupliquemos os números de coligação em 2029”, referiu, ao DN, André Rijo, confirmando que a afirmação do PS, principalmente fora dos grandes centros urbanos seguirá a solo.Por outro lado, poderá sempre ser dito que a ausência de coligação, nomeadamente com o Livre, limitou as possíveis vitórias em Braga e no Porto. Apesar dos resultados urbanos penalizarem o PS, não há ilações claras. “No Porto, achámos que não seria pela coligação à esquerda que iríamos ganhar, havia uma direita muito fragmentada. Não tenho a certeza de que os eleitores, com perfil mais conservador, pudessem vir a dar vitória”, justificou, lembrando que foi “taco a taco”, mas reconhecendo ter sido uma “pena” perder o concelho do Porto por curta margem para o PSD de Pedro Duarte. “Cada eleição tem um contexto difícil, o PS tinha o maior número de presidentes em final de mandato, era desafio adicional, mas discutimos, até nos centros urbanos, até ao fim, como é o caso de Sintra. Também em Gaia a avaliação foi positiva”, termina Rijo. .Rui Tavares ao DN: "Por José Luís Carneiro existiriam mais coligações com o Livre".Autárquicas: PSD vence nas cinco maiores câmaras, pela primeira vez desde 2005, mas PS trava queda eleitoral