Jorge Pinto avança para a corrida a Belém e diz-se “presente” após “muita reflexão e excluída a possibilidade de existência de uma candidatura única e agregadora à esquerda”, argumentando que “o espaço político da esquerda ecologista, progressista, europeísta, regionalista e libertária não pode ficar sem representação."A decisão, que posiciona o Livre nas Presidenciais, como Rui Tavares, ao DN disse ser intenção, terá um dos fundadores do partido e, por isso, será escolha consensual entre militantes, os quais tinham colocado a possibilidade de Assembleia para definir o rumo.Sem que Isabel Mendes Lopes ou Rui Tavares quisessem assumir a tarefa, Jorge Pinto, primeiro deputado eleito no círculo eleitoral do Porto, é considerado, dizem fontes próximas do Livre, um dos grandes pensadores da estrutura.Jorge Pinto pede aos militantes do Livre o seu apoio depois de falhar a solução de esquerda e de o PS apoiar António José Seguro, um candidato que não agrada ao eleitorado do Livre por posições neutrais em vários aspectos. Nomeadamente, na disponibilidade de aceitar governos minoritários mais votados, sem procurar alianças entre os menos votados. Assumindo a estratégia de posicionamento, face aos seis deputados nas últimas Legislativas, que rejeitava um possível apoio a António Filipe e Catarina Martins, vindos de PCP e Bloco de Esquerda, o desafio interno foi aceite.Um dos pontos centrais do discurso diferenciador, sabe o DN, será a posição europeísta, que ouve mais críticas tanto de PCP como de Bloco de Esquerda. Jorge Pinto integra a atual direção, vulgo Grupo de Contacto do partido, e fez parte da sua fundação. Com 38 anos, é natural de Amarante, distrito do Porto e é aí que também tenciona cativar o eleitorado. Seguro não tem convencido nas áreas urbanas e Catarina Martins, portuense, seria um trunfo para muitos habitantes, mas também para o Bloco na conquista desse eleitorado, uma vez que o partido tem vindo a perder força, por exemplo, nas áreas metropolitanas. Jorge Pinto entrará em luta direta por esses votos nesse sentido.Formado em Engenharia do Ambiente, o deputado eleito em 2024 e 2025 é também doutorado em Filosofia Social e Política, com uma tese sobre “republicanismo, ecologia e pós-produtivismo”. Escreveu vários livros, incluindo a obra “Rendimento Básico Incondicional – Uma defesa da Liberdade”, publicado em 2019, e “A Liberdade dos Futuros”, onde desenvolve a tese de “como uma política assente na promoção da autonomia pode contribuir para uma sociedade mais justa num planeta sustentável”.Apesar das suas posições públicas no Parlamento, pode dizer-se que é dos nomes mais anónimos na corrida a Belém. Agora, terá espaço próprio, menos à sombra da contribuição que dá ao grupo parlamentar e a toda organização do Partido Livre.Com este nome, as Presidenciais 2026 atingirão um recorde de candidaturas, cifrado nas dez de 2016. Seguro tem apoio do PS, Marques Mendes do PSD, André Ventura do Chega. Gouveia e Melo permanece sem apoios no Parlamento. O Livre junta-se agora a Bloco (Catarina Martins), PCP (António Filipe), Iniciativa Liberal (Cotrim de Figueiredo), ADN (Joana Amaral Dias) e Volt (Manuela Magno). O PAN reuniu na terça-feira, mas não saiu uma decisão final. O CDS-PP marca encontro para esta quarta-feira e admite uma candidatura própria, tal como o JPP. Estão ainda mais de uma dezena de pessoas da sociedade civil inscritas no Portal da Candidatura..Assembleia do Livre propõe agendamento de debate sobre Presidenciais até final de outubro.Livre apoia Jorge Pinto: candidato presidencial avança para representar a "esquerda ecologista e progressista"