Miguel Arruda escudou-se no segredo de justiça para evitar explicar certas situações.
Miguel Arruda escudou-se no segredo de justiça para evitar explicar certas situações. Leonardo Negrão

Miguel Arruda sugere que poderá ser vítima de imagens geradas por Inteligência Artificial

Deputado é suspeito de furtar malas no aeroporto. Diz que está inocente até prova em contrário e que há-de encontrar uma justificação para a existência de uma conta na Vinted com o seu nome, entretanto apagada.
Publicado a
Atualizado a

O ex-deputado do Chega Miguel Arruda, suspeito de furtar malas em aeroportos, garantiu na noite de quinta-feira que está inocente e insinuou que poderá vir a ser vítima de imagens geradas por Inteligência Artificial.

Em entrevista ao Jornal Nacional, da TVI, o deputado agora independente – passou a deputado não inscrito na sequência do caso – disse que foi um “lapso” o facto de ter sido apanhado em flagrante delito com malas que não lhe pertenciam na terça-feira no aeroporto e que é o primeiro a querer ver esta situação esclarecida. No entanto, escudou-se no segredo de justiça para não explicar o que as imagens captadas pelas autoridades poderão mostrar. Questionado se poderiam surgir publicamente imagens em que fosse bem visível a sua cara a praticar os atos de que é suspeito, Miguel Arruda insinuou: “Até podem aparecer imagens de IA a mostrarem isso”.

Referindo que “as caças às bruxas são de tristes tempos passados” e garantindo que “até prova em contrário” está inocente, Miguel Arruda explicou porque tinha várias malas na sua posse: “Trazia malas minhas, que são minha propriedade, e que trouxe para o continente português vazias e que depois levava para os Açores com mercadoria que comprava cá ou que comprava em vários sites”.

Confrontado com o facto de ter existido até quinta-feira uma conta na Vinted com o nome “miguelarruda84” - que corresponde à sua data de nascimento – o deputado sugeriu que pudesse pertencer à mulher. “Penso que ela tem uma conta na Vinted para se entreter um bocadinho”, disse. “Hei-de encontrar uma justificação para isso, tudo dentro das conformidades, tudo dentro da lei. Sou uma pessoa que cumpre a lei. Sempre cumpri durante toda a minha vida”, garantiu.

Miguel Arruda escudou-se no segredo de justiça para evitar explicar certas situações.
Prata Roque denuncia nas redes sociais conta na Vinted com o nome de Miguel Arruda que vende roupa usada

O deputado Miguel Arruda foi constituído arguido, por suspeita do furto de malas no aeroporto. Na terça-feira, a PSP realizou buscas nas casas do deputado, eleito pelo círculo dos Açores, em Lisboa e em São Miguel, nos Açores.  Segundo a TVI/CNN Portugal, as autoridades apreenderam 12 malas a Miguel Arruda.

Em causa estão suspeitas de crimes de furto qualificado e contra a propriedade, tendo Miguel Arruda alegadamente furtado malas dos tapetes de bagagens das chegadas dos aeroportos de Lisboa e de Ponta Delgada quando viajava de e para os Açores no início e no final da semana de trabalhos parlamentares.

Na quinta-feira, Miguel Arruda confirmou que vai passar a deputado não inscrito, deixando de integrar o Grupo Parlamentar do Chega, e desfiliar-se do partido.

"Passo à condição de independente única e exclusivamente para proteger o partido", afirmou após uma reunião de cerca de meia hora com o presidente do Chega, André Ventura, na Assembleia da República.

Miguel Arruda indicou também que irá desfiliar-se do Chega.

O parlamentar disse que, na reunião, André Ventura lhe transmitiu que, para continuar vinculado ao Chega, teria de suspender ou renunciar ao mandato.

"O presidente colocou-me à disposição duas opções, mas eu já trazia a minha opção definida", indicou.

O deputado disse ser inocente, que as malas encontradas em sua casa são suas, e considerou que, enquanto se defende, não pode estar "conotado com qualquer tipo de partido".

Questionado se tem condições para continuar como deputado da nação, Miguel Arruda respondeu: "Claro que sim, se eu me considero inocente, se eu durmo descansado e de consciência tranquila..."

"Estamos num Estado de direito, uma pessoa só é julgada e condenada no sítio próprio, perante um juiz, não é na praça pública", defendeu.

Miguel Arruda escudou-se no segredo de justiça para evitar explicar certas situações.
Caso da Mala. Miguel Arruda passa a deputado não-inscrito para não prejudicar o Chega

Já esta sexta-feira, os trabalhos parlamentares foram interrompidos depois de o líder parlamentar do Chega ter questionado a presença do deputado Miguel Arruda na última fila, entre as bancadas do Chega e do PSD.

"Não nos sentimos confortáveis por o deputado Miguel Arruda se sentar ao lado dos deputados do Chega porque, como sabem, as coisas, não foram pacíficas, não posso responder pelo meu grupo parlamentar e pelo que possa acontecer nesta sessão plenária", avisou Pedro Pinto, líder parlamentar do Chega. “O deputado manter-se sentado ao lado do grupo parlamentar de que saiu acho que não é correto. Não é correto porque desrespeitou, quer grupo parlamentar, quer o presidente do partido, quer o presidente do grupo parlamentar e até esta casa”, defendeu.

Miguel Arruda escudou-se no segredo de justiça para evitar explicar certas situações.
"As coisas não foram pacíficas." Chega protesta por causa de lugar de Miguel Arruda na AR

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt