Prata Roque denuncia nas redes sociais conta na Vinted com o nome de Miguel Arruda que vende roupa usada
No dia em que se soube que Miguel Arruda, deputado do Chega que foi constituído arguido e é suspeito dos crimes de furto de malas nos aeroportos de Lisboa e Ponta Delgada, vai passar a deputado não inscrito, o comentador e militante socialista Miguel Prata Roque, recentemente candidato à Federação de Lisboa do PS, denunciou na rede social Instagram a existência de uma conta na aplicação de venda de roupa Vinted com o nome e ano de nascimento do deputado do Chega (miguelarruda84) onde estão à venda várias peças de roupa.
No texto que acompanha a publicação feita na rede social, Prata Roque nunca menciona o nome de Miguel Arruda, mas deixa algumas considerações: "Alguém nascido em 1984, que criou o seu perfil na Vinted (uma aplicação informática para vendas on-line de artigos já usados), há 8 meses atrás, curiosamente quando os deputados à Assembleia da República tomaram posse."
Prata Roque termina o texto com a seguinte frase: "É mesmo preciso acabar com a bandidagem..."
A referida conta no Vinted, entretanto, foi apagada.
Já esta tarde, após reunir com André Ventura, o deputado declarou-se inocente: "Se me considero inocente, durmo descansado e estou de consciência tranquila. Uma pessoa só é julgada e condenada num sítio próprio, perante um juiz, não é na praça pública. Já expliquei tudo no sítio certo. As malas que estavam em minha casa são minhas. Num mais curto espaço de tempo essa situação toda ficará esclarecida", disse, anunciando que se vai desfiliar "para proteger o partido, de modo a que o processo decorra normalmente nos tribunais". Ainda assim, assumiu que tem "condições para continuar na Assembleia da República".
Já André Ventura admitiu que o conteúdo das imagens de videovigilância é “perturbador”, assumindo que perante o facto de não ter obtido explicações "não podia permitir que continuasse no grupo parlamentar do Chega". "Propus a renúncia ou a suspensão do mandato, mas o deputado anunciou-me outra decisão. Deixei claro que tomadas de decisão contrárias ao bom senso partidário deverão levar a uma ação disciplinar por parte do Chega", acrescentou, garantindo que o seu partido "foi implacável" nesta situação e, com isso, mostrou que é "diferente" dos outros.
Na terça-feira, a PSP realizou buscas nas casas do deputado do Chega Miguel Arruda em Lisboa e em São Miguel, nos Açores. Em causa estão suspeitas de crimes de furto qualificado e contra a propriedade, sendo Miguel Arruda suspeito de ter furtado malas dos tapetes de bagagens das chegadas dos aeroportos de Lisboa e de Ponta Delgada quando viajava de e para os Açores no início e no final da semana de trabalhos parlamentares.
A PSP indicou ainda que o deputado do Chega não foi detido, sendo necessário o levantamento da imunidade parlamentar. O presidente do Chega já tinha afirmado que iria exigir explicações ao deputado do seu partido, e indicou que tiraria consequências se necessário.
Está prevista para a tarde desta quinta-feira uma reunião entre André Ventura e Miguel Arruda, onde em principio será anunciado que o deputado passará a não inscrito.
Miguel Arruda, 40 anos, foi eleito deputado pelo círculo dos Açores nas últimas eleições legislativas, nas quais foi cabeça de lista.