À margem da entrevista autárquica publicada no site e versão papel do Diário de Notícias de 25 de agosto (ver aqui), Isaltino Morais teceu comentários sobre a política nacional. Para as presidenciais, o apoio a Gouveia e Melo é imutável. “Já disse que votava no almirante. O Dr. Marques Mendes não me cativa, não é?!”, responde sem hesitar. Em 2005, quando era presidente do PSD, o agora candidato presidencial evitou que autarcas investigados por corrupção pudessem concorrer a câmaras municipais. O episódio não foi esquecido por Isaltino Morais. “Acho que é despropositado Marques Mendes ainda falar em ética e transparência e dizer que por isso me vetou em 2005. Passaram 20 anos. Não tem mais nada, nunca teve nenhuma pasta governamental de referência, não é? Nunca teve de trabalhar a sério, não é? Nunca ganhou uma eleição!”, exclama, sem pudores, sobre o advogado natural de Fafe, que integrou os governos de Cavaco Silva como secretário de estado dos Assuntos Parlamentares; secretário de estado da Presidência do Conselho de Ministros e ministro-adjunto, além de ministro dos Assuntos Parlamentares de Durão Barroso. Isaltino conta até uma versão diferente desse ano de 2005, quando se desfiliou do partido. “Não diz a verdade. Quer dizer, quando diz que vetou o meu nome está a enganar os portugueses. Quando diz que vetou o meu nome para Oeiras, é verdade. Já não é verdade quando diz que vetou o meu nome para candidato. Porque, na realidade, ofereceram-me qualquer câmara, menos Oeiras. Portanto, podia ser candidato a Odivelas, Loures ou Amadora. Essa questão da ética foi inventada como um argumento. Às vezes, as pessoas querem construir a sua credibilidade à custa da dos outros.”Agora apoiado pelo PSD, ainda que se mantenha independente e desfiliado desde 2005, o candidato ao décimo mandato em Oeiras critica também o afastamento do partido das suas bases ideológicas. “Sou um social-democrata, muito mais social-democrata do que o PSD. O PSD foi mudando. Desde 2005 a esta parte já passou por uma fase muito encostada à direita, mas mesmo muito à direita, que foi o período da troika, e não tinha havido nenhuma necessidade. A verdade é que esse foi período de viragem brutal do PSD, no qual nunca me poderia rever”, atira Isaltino, em crítica às decisões de Passos Coelho, apesar de vincar que, à exceção de Marques Mendes, teve “boa relação com todos os presidentes do partido.”Revelando que em 2021 houve uma reaproximação com Rui Rio, assume “conversas” com Luís Montenegro e analisa a postura do atual primeiro-ministro, mais solícito a negociar com o Chega do que com o PS. “Sou um homem do centro, o PS e o PSD são conhecidos por fazerem oposições construtivas, sem cederem à esquerda ou à direita. Mas o PSD foi-se transformando e este governo é disso exemplo. Numa primeira fase [refere-se à primeira legislatura], posicionou-se ao centro, neste momento, por razões de governação, não sabe bem para onde é que vai virar. O Governo está numa situação de equilíbrio instável”, reflete, elegendo Cavaco Silva como o “maior social-democrata deste país.” “No tempo dele fizeram-se creches, lajes de necessidades, financiavam-se equipamentos”, considerou, sem relacionar que nos anos 90 Portugal beneficiava de enormes fundos de desenvolvimento europeu devido à entrada na Comunidade Económica Europeia (1986).Isaltino Morais está na última corrida eleitoral. Ana Sofia Antunes é a adversária apoiada pelo PS e PAN, a vereadora Carla Castelo tem apoios de Livre, Bloco de Esquerda e Volt. O Chega candidata o vice-presidente Pedro Frazão, a CDU Sandra Lemos, membro da concelhia de Oeiras, a Iniciativa Liberal recandidata Bruno Mourão Martins. Miguel Peixoto Parente é candidato à Câmara Municipal de Oeiras e à Assembleia Municipal pelo PPM e Nós Cidadãos. .Gouveia e Melo cai a pique nas sondagens e está já "quase em empate técnico" com Marques Mendes e Seguro.Última dança de Isaltino depende muito das polémicas e menos da força da oposição