Jorge Pinto arrancou os debates presidenciais e quis deixar claro que a desistência, que chegou a apontar em entrevistas em prol de um candidato de esquerda, não é equacionada. "Queremos acelerar a mudança e é preciso saber o que futuros Presidentes quererão saber. A desistência nunca esteve em cima da mesa", declara.Na RTP, Cotrim de Figueiredo foi questionado com a menção de que tinha recebido pressões de apoiantes de Marques Mendes para desistir. Corroborou as palavras e foi mais longe. "Disse o que disse para não existirem pressões para eu desistir a favor de Marques Mendes. Era importante deixarem de haver contactos e de me intimidarem para desistir. Estou satisfeito, objetivo está conseguido", revelou.Sobre a ação do Presidente da República e como deve agir quanto à convocação de eleições, Jorge Pinto culpou Marcelo Rebelo de Sousa pela ascensão do Chega. "Basta ver a presença da extrema direita agora e como era anteriormente. Isso contribuiu para a ascensão do Chega, o Presidente da República não soube colocar-se em boa posição negocial e acabou por convocar eleições. O legado de Marcelo foi esse. Existem mini-ciclos e por isso os portugueses estão cansados da vida política e tem havido mais força do Chega", considerou. No momento seguinte, apesar de ter criticado a convocação de eleições, disse que faria uma dissolução da Assembleia em caso de ascensão da extrema-direita. "Levo muito a sério o que o Presidente da República faça. A dissolução da Assembleia é mensagem para os portugueses", terminou Jorge Pinto. .Cotrim de Figueiredo riposta a leitura, mas não concretizou totalmente. "O eleitorado do Chega votava em partidos à esquerda e agora parece que não são mais votantes. Há que recordar o que se fez para que as pessoas mudassem e que existiam dois milhões de votantes que estavam com Passos Coelho. Não desisto de votantes apesar de não concordar com escolhas anteriores. Tomara eu ter esses votantes", atalhou, negando a acusação de querer uma revisão constitucional.Cotrim de Figueiredo classificou Jorge Pinto de "intervencionista". E usou a expressão ao falar do Sistema Nacional de Saúde. "Há Estados Gerais e uma tentativa de diminuir os partidos e as oposições com intervencionismo exagerado", atirou a Jorge Pinto, lamentando que o opositor "ignore os problemas", mencionando "má gestão e ineficiência para consultas e cirurgias".Jorge Pinto posicionou-se de forma contrária. "O SNS, com a dimensão que tem, terá alguns problemas. O que está em causa é a mais bela das conquistas da democracia. Fui voluntário em ambulâncias três anos e nunca perguntei se as pessoas tinham dinheiro ou não. Não resolvemos os problemas dizendo que é corrupto nem com propostas de alterações constitucionais. Convocaria estados gerais para mobilizar a população, é insustentável termos estes tempos de espera para consultas. Está referido na Constituição e quero usar esses estados gerais", explica. .Na Lei Laboral, os candidatos assinalaram as maiores diferenças. João Cotrim concorda com a greve geral. "Se os parceiros sociais não chegam a acordo com o Governo, a greve é direito legítimo", considera, falando depois de uma lei laboral que é "passo em frente para a adaptação ao que vem aí." "Vai fazer ajustamentos, evitar despedimentos coletivos e isso tem acontecido de forma anormal em Portugal. Não é o pacote laboral perfeito, pode haver mais equilíbrio. Estou contra as propostas na amamentação por exemplo", detalha, considerando, no entanto, que "Portugal tem uma alta taxa de precariedade e que a rigidez não tem ajudado."Jorge Pinto constatou uma "diferença profunda" entre ambos. "Temos três grandes problemas no emprego. Somos o segundo país europeu mais precário, temos alto fosso salarial entre homens e mulheres e baixa natalidade. Este pacote não resolve nada. Esta direita quer transformar Portugal no Bangladesh. Não há nada que indique que esta lei aumente salários. Vai prejudicar a decisão de ter o primeiro filho, há instabilidade no emprego", explicou.Cotrim fechou a alínea emprego, focando-se nas empresas. "Ouvi o Jorge Pinto dizer que temos de crescer e aumentar salários e devia perguntar porque empresas não vêm para Portugal? Temos carga fiscal, burocracia excessiva e rigidez laboral. Sem esses empregos, vai ser impossível pagar salários superiores a isso. Todos queremos que os salários subam e isso só acontece com mais empresas a crescer", concluiu.O ambiente foi tema também. Jorge Pinto vincou que "é o grande desafio à nossa era, mas que não anda sozinho, que anda em paralelo à economia." "É com a melhor transição ecológica que se pode fazer a melhor transição económica", disse, após dar exemplos de propostas do Livre e recordando a força da China na adaptação de modelos de baterias.João Cotrim de Figueiredo usou o exemplo da China para atacar o opositor. "Deteto contradições, ao mesmo tempo que se fala de tecnologias aliadas à transição energética, Jorge Pinto fala na China, onde se veem conquistas tecnológicas, mas com crimes ambientais. Não pode dizer que a China é de sucesso", atirou. Depois, declarou uma preferência. "Estou do lado do bem-estar humano e vou escolher isso às metas ambientais se tiver de existir uma escolha", declarou..Presidenciais. Cotrim vê "passo à frente" na lei laboral, Jorge Pinto uma direita a tentar o "Bangladesh".Cotrim mantém que foi pressionado por “apoiantes de Marques Mendes” para desistir da candidatura presidencial.Debates presidenciais 2026: Gouveia e Melo e Catarina Martins divergiram mais na economia