Jorge Pinto nega desistências. "É uma forma diferente de fazer política e falar de temáticas da República, da capacidade de um Presidente. Queremos acelerar a mudança e é preciso saber o que futuros Presidentes quererão saber. A desistência nunca esteve em cima da mesa", declara..Cotrim de Figueiredo esclarece que teve pressões para desistir a favor de Marques Mendes. "Disse o que disse para não existirem pressões para eu desistir a favor de Marques Mendes. Era importante deixarem de haver contactos e de me intimidarem para desistir. Estou satisfeito, objetivo está conseguido", revelou..O Serviço Nacional de Saúde foi o primeiro tema do debate. João Cotrim de Figueiredo falou "de corrupção, de vantagem ilegal, mas das outras que são corrupções morais como as declarações e receitas fraudulentas." Ignorar os problemas é a pior parte que se pode fazer, há má gestão, há ineficiência para consultas e cirurgias", comentou. Criticou a ideia de "convocar estados gerais" e de "tentar diminuir os partidos e oposições com intervencionismo exagerado."Jorge Pinto posiciona-se de forma contrária. "O SNS, com a dimensão que tem, terá alguns problemas. O que está em causa é a mais bela das conquistas da democracia. Fui voluntário em ambulâncias três anos e nunca perguntei se as pessoas tinham dinheiro ou não. Não resolvemos os problemas dizendo que é corrupto nem com propostas de alterações constitucionais. Convocaria estados gerais para mobilizar a população, é insustentável termos estes tempos de espera para consultas. Está referido na Constituição e quero usar esses estados gerais", explica..Jorge Pinto vincou que o "ambiente é o grande desafio à nossa era, mas que não anda sozinho, que anda em paralelo à economia." "É com a melhor transição ecológica que se pode fazer a melhor transição económica", disse, após dar exemplos de propostas do Livre e recordando a força da China na adaptação de modelos de baterias.João Cotrim de Figueiredo ripostou. "Deteto contradições, ao mesmo tempo que se fala de tecnologias aliadas à transição energética, Jorge Pinto fala na China, onde se veem conquistas tecnológicas, mas com crimes ambientais. Não pode dizer que a China é de sucesso", atirou. "A Europa tem de ser de desenvolvimento. Houve uma desvalorização da economia. Estou do lado do bem-estar humano e vou escolher isso às metas ambientais se tiver de existir uma escolha", declarou.Jorge Pinto concretizou o ponto, assertivamente: "Essa é a grande diferença. Não consigo conceber que a inovação tecnológica não vá emancipar a população, mas que não proteja o ambiente também. O combate às alterações climáticas é fundamental.".João Cotrim concorda com a greve geral. "Se os parceiros sociais não chegam a acordo com o Governo, a greve é direito legítimo", considera, falando depois de uma lei laboral que é "passo em frente para a adaptação ao que vem aí." "Vai fazer ajustamentos, evitar despedimentos coletivos e isso tem acontecido de forma anormal em Portugal. Não é o pacote laboral perfeito, pode haver mais equilíbrio. Estou contra as propostas na amamentação por exemplo", detalha, considerando, no entanto, que "Portugal tem uma alta taxa de precariedade e que a rigidez não tem ajudado."Jorge Pinto constatou uma "diferença profunda" entre ambos. "Temos três grandes problemas no emprego. Somos o segundo país europeu mais precário, temos alto fosso salarial entre homens e mulheres e baixa natalidade. Este pacote não resolve nada. Esta direita quer transformar Portugal no Bangladesh. Não é o país que eu quero. Há um círculo vicioso de baixo valor acrescentado. Não há nada que indique que esta lei aumente salários. Vai prejudicar a decisão de ter o primeiro filho, há instabilidade no emprego", explicou, acrescentando que para criar valor económico defende "introdução da tecnologia, automação e uma economia própria e de investigação."Cotrim fechou a alínea emprego. "Ouvi o Jorge Pinto dizer que temos de crescer e aumentar salários e devia perguntar porque empresas não vêm para Portugal? Temos carga fiscal, burocracia excessiva e rigidez laboral. Sem esses empregos, vai ser impossível pagar salários superiores a isso. Todos queremos que os salários subam e isso só acontece com mais empresas a crescer", concluiu..Jorge Pinto culpa Marcelo Rebelo de Sousa pela ascensão do Chega. "Basta ver a presença da extrema direita agora e como era anteriormente. Isso contribuiu para a ascensão do Chega, o Presidente da República não soube colocar-se em boa posição negocial e acabou por convocar eleições. O legado de Marcelo foi esse. Existem mini-ciclos e por isso os portugueses estão cansados da vida política e tem havido mais força do Chega", considerou. Cotrim de Figueiredo riposta. "O eleitorado do Chega votava em partidos à esquerda e agora parece que não são mais votantes. Há que recordar que existiam dois milhões de votantes que estavam com Passos Coelho. Não desisto de votantes apesar de não concordar com escolhas anteriores. Tomara eu ter esses votantes", atalhou. Depois desafiou Jorge Pinto: "Disse que dissolvia a Assembleia se fossem resultados drásticos. Se convocar eleições nessa revisão constitucional e a mesma maioria for confirmada o que fará?", questionou."Levo muito a sério o que o Presidente da República faça. A dissolução da Assembleia é mensagem para os portugueses", terminou Jorge Pinto..Questionados sobre como lidam com a derrota, Jorge Pinto diz ter "grandes referências políticas" e lembra que "há muitos grandes líderes que perderam eleições." "Temos de nos manter fiéis ao que acreditamos e assim nunca somos derrotados. Quero ser a surpresa da primeira volta", explica."Infelizmente, tenho uma vida longa e ganhei e perdi muitas vezes. Lido bem com isso, retiro ensinamentos das derrotas e levanto. Importa é levantarmo-nos depois das quedas", termina Cotrim de Figueiredo.