O líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, apresentou algumas das propostas de alteração ao OE2026.
O líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, apresentou algumas das propostas de alteração ao OE2026.Foto: Leonardo Negrão

Chega e PS convergem em alterações ao Orçamento de Estado, mas estão indisponíveis para negociar entre si

Conheça os pontos de aproximação entre os dois maiores partidos da oposição, que vão desde as pensões ao IVA. Socialistas apontam à irresponsabilidade financeira de André Ventura.
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Chega e PS adicionaram mais de 100 propostas de alteração ao Orçamento de Estado na especialidade e coincidem em algumas vontades estratégicas, apesar de se colocarem à margem de entendimentos um com o outro para fazer aprovar medidas. Sabe o DN que é essa a disposição do PS, até porque considera que as propostas do Chega desequilibram e muito as contas do Estado. "O PS é um partido responsável e vai cumprir com as suas responsabilidades” optando pela abstenção “na generalidade das propostas” de alteração apresentadas pelos partidos", declarou o deputado Miguel Costa Matos.

De acordo com o que foi possível saber, o Chega não terá a intenção de viabilizar propostas do PS, mesmo tendo a noção de que um entendimento entre os dois partidos da oposição mais representados no Parlamento ditariam a correção do Orçamento de Estado.

Pensões

Nas pensões, em primeira mão, André Ventura apelou a um consenso entre os três partidos mais representados no Parlamento para um aumento permanente de 1,5% nas reformas até 1567,50 euros, portanto além do que está previsto. No ano passado, o Chega permitiu a viabilização da proposta do PS para um aumento adicional das pensões em 1,25%, no entanto os socialistas defendem agora que o suplemento extraordinário seja convertido em aumento permanente para que conte para a formação da pensão de 2027.

O PS considera que a medida do Chega é irresponsável financeiramente, ao invés defendendo que as suas preservam o excedente orçamental. Com entendimento entre os dois partidos, o Governo teria de fazer novas contas ao Orçamento de Estado, mas o acordo entre PS e Chega não parece possível. Outros partidos apresentaram propostas nesta matéria: o PCP quer um aumento permanente de 5%, não inferior a 75 euros, e o Bloco de Esquerda propõe uma subida mínima de 50 euros por pensionista. Precisariam de votos favoráveis de PS e Chega para verem a proposta aprovada.

IVA

No IVA há uma diferenciação importante. Embora o Chega defenda a taxa zero sobre um cabaz de alimentos essenciais, o PS propõe que a aplicação da receita fiscal proveniente da eliminação do desconto no Imposto Sobre Produtos Petrolíferos seja canalizada para a redução do IVA para 6% ou, nalguns casos, isenção de imposto, em bens alimentares essenciais. Não está, portanto, usada a medida de IVA zero de Pedro Nuno Santos, de modo a reconhecer que o excedente orçamental não permite tal margem. O Governo já sinalizou que pretende iniciar um processo gradual para eliminar os descontos no Imposto Sobre Produtos Petrolíferos e Energéticos (ISP). Por ser uma bandeira há muito conhecida do Chega este acordo será inviável com André Ventura.

Portagens

Nas portagens, o Governo manifestou-se contra a dissolução, até indo contra algumas promessas eleitorais de candidatos da AD. Em 2024, o fim das ex-SCUT teve entendimento de PS e Chega. Agora, o partido de extrema direita defende um plano faseado de redução e gratuitidade progressiva de portagens em todo o país, enumerando inúmeras regiões onde quer ver serem já retirados os pórticos. O PS propõe a isenção de portagens na autoestrada A6 e nos troços da A2 que servem o Alentejo para residentes e empresas com sede na região, que Frederico Francisco, deputado socialista, disse à Lusa custarem 20,5 milhões de euros anualmente. A bancada socialista defende suspender temporariamente as portagens para pesados na A41, A19 e A8 enquanto são realizados estudos sobre congestionamento e modelos futuros de financiamento da rede rodoviária. Sem que o Plano Ferroviário Nacional tivesse avançado como queria o PS, isentar os transportes de mercadorias seria forma de aumentar a competitividade económica, defendem os socialistas.

Outros temas

Chega e PS têm aproximações nas comissões cobradas em amortizações nos créditos à habitação. André Ventura propõe taxa única máxima de 0,5% para aquisição ou construção de casa própria e permanente, defendendo a maior previsibilidade nos custos na gestão de crédito. O PS é mais exigente e quer isentar de comissões, de modo permanente, operações de amortização de créditos à habitação em regime de taxa variável.

Um outro tema que passaria despercebido não fosse o pedido do presidente do Tribunal Constitucional, José João Abrantes, tem de ver com o aumento de 1,6 milhões de euros para o Palácio Ratton. O Governo manifestou-se contra, mas os partidos da oposição, PS, Chega e esquerda do Parlamento colocaram-se disponíveis para entendimento.

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