António Filipe visitou as Oficinas da Comboios de Portugal (CP) em Guifões, Matosinhos.
António Filipe visitou as Oficinas da Comboios de Portugal (CP) em Guifões, Matosinhos.RICARDO CASTELO/LUSA

António Filipe diz que Marques Mendes deve dar o exemplo e cumprir obrigações declarativas

O candidato à presidência considerou que quando alguém pretende ser Presidente da República o país tem o direito de saber a que interesses é que está ligado. quanto ao caso Spinumviva diz que o problema ético mantêm-se.
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O candidato presidencial António Filipe afirmou esta quinta-feira, 18 de dezembro, que o seu adversário Luís Marques Mendes, que tem “invocado retidão ética”, tem de dar o exemplo e cumprir as suas obrigações declarativas.

“As obrigações declarativas são rigorosas e pormenorizadas e, isso, tem que ser cumprido, sobretudo com Luís Marques Mendes que, ao longo da campanha presidencial, tem invocado a sua retidão ética e eu creio que tem que dar o exemplo, portanto, as suas obrigações declarativas devem ser integralmente cumpridas”, disse o candidato, apoiado pelo PCP, quando questionado sobre a notícia da revista Sábado de que Luís Marques Mendes recusa-se a esclarecer como ganhou 709 mil euros líquidos nos últimos dois anos enquanto consultor externo da sociedade Abreu Advogados.

No final de uma visita às Oficinas da Comboios de Portugal (CP) em Guifões, Matosinhos, distrito do Porto, o comunista considerou que quando alguém pretende ser Presidente da República o país tem o direito de saber a que interesses é que está ligado.

E, isto, é válido para qualquer candidato, para qualquer titular de cargo político ou candidato a cargo político, apontou.

“Tanto mais quando estamos a falar do Presidente da República que é um cargo da mais absoluta exclusividade”, reforçou.

Segundo a revista Sábado, em causa estão 413.247,58 euros recebidos em 2023 e 296.309,37 euros em 2024, valores que Marques Mendes não explica relativamente à origem exata dos honorários e sobre possíveis conflitos de interesses.

Na quarta-feira, este candidato presidencial, apoiado pelo PSD, reiterou a sua disponibilidade para revelar os clientes da sua empresa familiar, se estes lhe derem autorização.

Nas suas declarações aos jornalistas, Marques Mendes só manifestou disponibilidade para revelar os clientes da sua empresa familiar – que tinha funções de consultoria e foi extinguida em novembro –, não se referindo aos clientes que representou na sociedade de advogados.

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António Filipe considerou ainda que, apesar da averiguação preventiva à empresa da família do primeiro-ministro ter sido arquivada pelo Ministério Público (MP), continua a existir um problema ético.

“Creio que a questão que envolve o primeiro-ministro não se coloca apenas no plano jurisdicional, ou seja, o Ministério Público concluiu que não havia indícios para qualquer acusação criminal muito bem, registamos isso, agora temos aqui um problema ético que se arrasta”, afirmou.

Segundo o comunista, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, não pode desenvolver outras atividades de natureza privada e, aquilo que se soube há já muito tempo, é que desenvolveu, já nessa qualidade, atividades dessa natureza, através de uma empresa familiar.

“Isso é um facto. E, logo na altura em que o país teve o conhecimento disso, eu afirmei que isso tornava incompatível à sua situação do primeiro-ministro”, recordou.

A averiguação preventiva à Spinumviva, empresa da família do primeiro-ministro, foi arquivada, anunciou na quarta-feira a Procuradoria-Geral da República (PGR).

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Acusa Governo de hostilizar os cidadãos imigrantes

António Filipe acusou ainda o Governo PSD/CDS-PP de hostilizar os cidadãos imigrantes, dificultando a sua integração na sociedade.

“O PSD assumiu, de facto, uma atitude de hostilização relativamente aos cidadãos imigrantes que eles, na sua esmagadora maioria, não merecem”, afirmou o comunista, no dia em que se assinala o Dia Internacional dos Migrantes.

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O candidato disse que caminho não pode ser o da hostilização e expulsão dos imigrantes, mas, sim, a sua legalização porque a imigração é um bem, mas a imigração ilegal é um mal.

“Primeiro precisamos de imigração, segundo precisamos de imigração regulada, terceiro precisamos de combater as redes de tráfico e quarto precisamos de encontrar mecanismos que permitam a integração dos cidadãos estrangeiros e das suas famílias”, vincou.

Para António Filipe, o Governo tem tido uma atitude “completamente errada nesta matéria” porque tem alinhado com um discurso de hostilidade e estigmatização dos cidadãos imigrantes que é demagógico e que não é verdadeiro.

E, desta forma, considerou, está a criar um ambiente social que não é saudável na sociedade portuguesa e que prejudica gravemente a integração dos imigrantes.

Portugal precisa de uma política migratória que fosse realista e que assentasse, não na exclusão, mas na integração, defendeu.

António Filipe frisou que é inquestionável que a economia portuguesa precisa de migração e que há largos setores de atividade que dependem, em larga medida, da mão-de-obra de cidadãos estrangeiros.

“Todos nós queremos que a migração seja regulada, isso é inquestionável”, assinalou.

As eleições presidenciais estão agendadas para 18 de janeiro de 2026.

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