Sondagem: PS ultrapassa AD e maioria vê Montenegro sem condições
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Sondagem: PS ultrapassa AD e maioria vê Montenegro sem condições

Barómetro Aximage/DN, feito já depois de o Governo anunciar moção de confiança, revela que, para 50% dos inquiridos, Montenegro não deve ficar em funções. PS lidera com 30,8%, contra 25,8% da AD.
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A maioria dos inquiridos no Barómetro Aximage/DN de março consideram que Luís Montenegro é o principal responsável pela crise política em curso, e que levará à queda do seu Governo se a Assembleia da República reprovar a moção de confiança agendada para a tarde desta terça-feira. Em simultâneo, o PS passou a liderar as intenções de voto, com 30,8%, enquanto a Aliança Democrática recuou para 25,8%, numa vantagem superior à margem de erro deste estudo de opinião.

Com 601 entrevistas realizadas entre quinta-feira e sábado, depois de Montenegro ter confirmado que o Governo iria apresentar uma moção de confiança, o que fez durante o debate da moção de censura do PCP, o Barómetro Aximage/DN regista um avanço do PS (tinha 28,1% de intenções de voto no mês anterior) e uma quebra muito assinalável da AD, que apresentava 29,3%. Mas continua a haver maioria de direita, pois o Chega recua muito ligeiramente, para 17,3%, enquanto a Iniciativa Liberal sobe para 7,1%.

Os restantes partidos com representação parlamentar descem em relação ao estudo anterior, tirando o Bloco de Esquerda (4,3%), com o Livre (2,5%) à frente da CDU (2,4%) e o PAN reduzido a apenas 0,8%.

Infografia: João Coelho

Entre os segmentos do eleitorado, a AD só mantém vantagem nos mais jovens, de 18 a 34 anos (28,2%) e de 35 a 49 anos (24,6%), e na Classe A/B, com rendimentos mais elevados (36,4%), conseguindo ainda empatar com os socialistas no Norte (30,1%).

O PS fica à frente nas restantes regiões, com destaque para a Área Metropolitana de Lisboa (33,3%) e Centro (32,7%), alargando muito a vantagem entre os mais velhos, a partir dos 65 anos (46%) e os mais pobres, da Classe D (43,4%), liderando tanto nos homens (30,7%), como nas mulheres (30,9%).

Por seu lado, o Chega, com base de apoio marcadamente mais masculina (21,5%) do que feminina (13,3%), tem melhores indicadores no Sul e Ilhas (24,9%), nos eleitores dos 18 aos 34 anos (20,9%) e na Classe D (24%).

Infografia: João Coelho

Para a alteração significativa nas intenções de voto terá contribuído a polémica em torno da Spinumviva, empresa criada por Luís Montenegro e agora transferida totalmente para os seus filhos. Desafiados a apontar o principal responsável pela crise política, 45% dos inquiridos disseram que é o primeiro-ministro (outros 16% apontaram o dedo ao Governo), enquanto apenas 23% culparam os partidos da Oposição, 4% o Presidente da República e 3% outros responsáveis.

Foi uma opinião transversal a todos os segmentos, sendo única exceção aqueles que votaram na AD nas últimas Legislativas. Entre esses, 49% responsabilizam os partidos da Oposição, mas 27% culpam o primeiro-ministro e 10% todo o Governo.

Apenas 30% dos inquiridos consideram suficientes os esclarecimentos que Luís Montenegro prestou até agora à Assembleia da República sobre a sua participação na empresa familiar - cuja quota cedeu à mulher ao tornar-se presidente do PSD - e a avença que esta continuou a ter com a Solverde já depois de ser primeiro-ministro. Pelo contrário, 63% dizem que foram insuficientes, sendo essa posição dominante entre todos os inquiridos, com a exceção daqueles que votaram AD nas Legislativas de 2024 - embora mesmo entre esses só 56% tenham ficado esclarecidos, contra 41% que disseram o contrário.

Em igual sentido, apenas 37% dos inquiridos no Barómetro Aximage/DN responderam que Luís Montenegro tem condições para continuar em funções, na medida em que o cargo de primeiro-ministro tem de ser exercido em regime de exclusividade, o que a Oposição põe em causa que tenha acontecido até agora. Dos 50% que não lhe reconhecem condições (13% não sabem ou não respondem), incluindo 77% dos que votaram no Chega e 64% dos que votaram no PS (e igualmente 23% dos que votaram na AD), o veredicto dominante é que a melhor solução é realizar eleições antecipadas, o que é indicado por 59% desses inquiridos, enquanto 36% defendem a substituição do primeiro-ministro por outra figura. Era uma possível solução para a crise política, a que o Presidente da República poderia recorrer, mas tem sido afastada pelo PSD, havendo a clara intenção de Montenegro voltar a liderar as listas da coligação se houver eleições legislativas antecipadas, pela terceira vez desde 2022.

Também favorável à estratégia seguida pela liderança do PS é a opinião dos inquiridos quanto à necessidade de uma Comissão Parlamentar de Inquérito à participação de Luís Montenegro na Spinumviva. Há 37% a concordar e 29% a concordar plenamente, enquanto só 16% discordam de que seja necessária e 10% discordam plenamente. Mais uma vez, ninguém que não tenha votado na coligação há um ano é maioritariamente contra essa forma de escrutínio por parte dos deputados.

Infografia: João Coelho

Ficha técnica

Objetivo do Estudo: Sondagem de opinião realizada pela Aximage - Comunicação e Imagem Lda. para o DN sobre intenção de voto legislativo e temas da atualidade política.

Universo: Indivíduos maiores de 18 anos residentes em Portugal.

Amostra: Amostragem por quotas, obtida a partir de uma matriz cruzando sexo, idade e região (NUTSII), a partir do universo conhecido, reequilibrada por género (2), grupo etário (4) e escolaridade (2). A amostra teve 601 entrevistas efetivas: 540 entrevistas CAWI e 61 entrevistas CATI; 291 homens e 310 mulheres; 129 entre os 18 e os 34 anos, 158 entre os 35 e os 49 anos, 157 entre os 50 e os 64 anos e 157 para os 65 e mais anos; Norte 203, Centro 131, Sul e Ilhas 79, Área Metropolitana de Lisboa 188

Técnica: Aplicação online - CAWI (Computer Assisted Web Interviewing) - de um questionário estruturado a um painel de indivíduos que preenchem as quotas pré-determinadas para os indivíduos com 18 ou mais anos; entrevistas telefónicas - metodologia CATI (Computer Assisted Telephone Interviewing) do mesmo questionário devidamente adaptado ao suporte utilizado, ao subuniverso utilizado pela Aximage nos seus estudos políticos. O trabalho de campo decorreu entre 6 e 8 de março de 2025.

Taxa de resposta: 74,39%.

Margem de erro: O erro máximo de amostragem deste estudo, para um intervalo de confiança de 95%, é de + ou - 4,0%.

Responsabilidade do estudo: Aximage - Comunicação e Imagem Lda., sob a direção técnica de Ana Carla Basílio.

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