O Partido Socialista desenvolveu nove iniciativas no âmbito da Educação, pretendendo que várias matérias anteriormente aprovadas na legislatura transata possam ser postas em prática, o que não aconteceu por fim precoce do primeiro governo de Luís Montenegro. Nos dois projetos-lei apresentados, os socialistas lançam a ideia de aumentar o associativismo no ensino básico e secundário, promovendo-o por um regulamento estabelecido por lei, que não implique, necessariamente, a criação de regulamentos específicos por escola. No segundo ponto e mais disruptivo, o PS propõe que as direções escolares passem a ser colegiais, ou seja apresentando-se à liderança como equipa e tendo participação direta de pais e alunos na eleição da mesma. "O Conselho Geral deixaria de eleger a Direção e, por isso, evitamos a contaminação da vida da escola pela política partidária de nível local", descreveu aos jornalistas o deputado Porfírio Silva, salientando a importância da "comunidade, de reuniões públicas e um período de intervenção do público". "Sabemos que em muitos sítios há uma espécie de circulação entre candidatos autárquicos e candidatos dentro das escolas ou agrupamentos e isso é muito motivado pelo modelo em que o Conselho Geral elege a Direção", detalha. Passariam a ser professores, técnicos, representantes dos alunos e representantes dos pais ou encarregados de educação a eleger a Direção. O PS avançou com a entrada de seis projetos de resolução no Parlamento, um deles justamente a pedir que sejam avaliados mecanismos e dinâmicas que resultaram da transferência de competências para os municípios na área da educação, vincando ter promovido uma descentralização pelo território que exige avaliação e relatórios regulares.A carreira docente não passa à margem. O PS pede a contagem de tempo de serviço efetivo prestado em funções docentes no ensino superior em contratação por requisição e a dispensa do período probatório para docentes com experiência prévia no ensino superior.Alarga ainda um projeto de resolução aos estatutos de carreira de educadores de infância e professores de ensino básico e secundário, reivindicando que o reposicionamento entre 2011 e 2017 deveria considerar toda a contagem de tempo de serviço prestado antes dessa mesma data, o que, no entender do PS, leva a que haja "ultrapassagem salarial a professores com mais de 20 e 30 anos de serviço". O PS pretende que os docentes mais antigos tenham revisão salarial nesse sentido, contrariando, justamente, o congelamento mencionado de 2011 a 2017.Também apresenta um projeto de resolução para proceder à revisão estruturada e abrangente da carreira da Inspeção-Geral da Educação e Ciência, com adaptações às condições de ingresso, a progressão e ao sistema de avaliação, uma vez que, considera o PS, "um docente que ingresse como inspetor na IGEC tem como perspetiva um vencimento mais baixo do que aquele que possuía como docente e uma progressão muito lenta", adicionando que a "carreira pouco atrativa" se denota na redução em 60 destes desde 2000 até à atualidade.Está ainda apresentada à Assembleia da República a necessidade de dotar as escolas de mais assistentes técnicos e operacionais. O PS defende ter investido sete milhões de euros em pessoal não docente durante os últimos governos socialistas, mas diz receber "queixas recorrentes sobre a elevada sobrecarga de trabalho do pessoal não docente devido à falta de assistentes técnicos e operacionais nas escolas", mencionando o aumento dos alunos com "necessidades educativas específicas e diferentes graus de deficiência." Como tal, os socialistas propõem ajustar os rácios para garantir o número adequado de assistentes técnicos e assistentes operacionais em articulação com a Associação Nacional de Munícios Portugueses e investir em formação dos mesmos para a intervenção junto de crianças e jovens com necessidades educativas especiais.A terminar a conferência de Imprensa, onde o PS visa querer "dialogar" e "estruturar o ensino público com a serenidade que ele merece", Eurico Brilhante Dias, líder da bancada parlamentar, teceu críticas ao ministro da Educação e Ciência, Fernando Alexandre. "Arrancaram dois anos letivos, o de 24/25 e agora o de 25/26. As escolas não percecionam melhorias. Os sindicatos vão dando números, que revelam que estão piores do que os números do ano passado. O Sr. Ministro não é capaz de dizer o número certo. Os governos do Partido Socialista começaram a trabalhar no fim de 2015 perante uma ideia de que havia professores a mais e escolas superiores de educação que não eram capazes de preencher o número de vagas que tinham para formar professores. Foi um trabalho longo, difícil, com uma pandemia pelo meio e vê-se um evidente envelhecimento da população docente. Queremos qualificar a escola pública e o Sr. Ministro, e em particular a AD, tem no Partido Socialista, como acabamos de demonstrar, uma força política disponível, responsável para melhorar a escola pública. Temos dúvidas é que a acrimónia e a polarização que o Sr. Ministro introduz na discussão destes temas contribua para termos melhores resultados", apontou Brilhante Dias.Recorde-se que no início desta semana, José Luís Carneiro, secretário-geral, atacou a falta de professores, levantando a possibilidade de 100 mil alunos começarem o ano letivo sem os docentes necessários. .Líder do PS diz que pode haver mais de 100 mil alunos sem pelo menos um professor.Ministro diz que colocação de professores será duas vezes mais rápida agora.Ministro da Educação admite que falta de professores tem impacto nos 'rankings' das escolas