Mais 15 mortes e 480 casos de covid-19 em Portugal. Recuperados batem recorde diário
Em Portugal, nas últimas 24 horas, morreram mais 15 pessoas e foram confirmados mais 480 casos de covid-19 (mais 1,9% que ontem). Segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS), desta quarta-feira (6 de maio), há agora no país 26182 infetados, 2076 recuperados e 1089 vítimas mortais.
O número de pessoas internadas voltou a subir (mais 20), pelo segundo dia consecutivo. Existem agora 838 doentes hospitalizados, sendo que 136 estão nos cuidados intensivos (mais dois que ontem). O que significa que 84,7% dos infetados estão a receber tratamento em casa. No boletim, destaca-se também o aumento do número de recuperados, uma vez que mostra, nas últimas 24 horas, 333 dadas como curadas - o maior aumento desde o início da pandemia.
Já a taxa de letalidade global do país mantém-se nos 4,2%, sendo que sobe aos 15% no caso das pessoas acima dos 70 anos - as principais vítimas mortais. Dos 1089 óbitos, 49% são homens e 51% mulheres.
Todas as 15 pessoas que morreram no último dia tinham mais de 60 anos, sendo que 13 pertencem a faixas etárias com mais de 70. A nível da localidade de residência, dez óbitos foram registados na região norte (que tem no total 623 mortes), três em Lisboa e Vale do Tejo (com 226 no total), e dois no centro (onde há agora 213 vítimas).
Açores e Algarve permanecem com 13 mortes, o Alentejo com uma e a Madeira é a única região do país onde não há notificação de nenhum óbito por covid-19.
O boletim da DGS de hoje indica ainda que aguardam resultados laboratoriais 2492 pessoas e estão em vigilância pelas autoridades de saúde mais de 24 mil. O sintoma mais comum entre os infetados é a tosse (que afeta 43% dos doentes), seguida da febre (30%) e de dores musculares (22%).
Esta terça-feira, o país tinha notificado mais 242 casos e 11 novas mortes por covid-19 - o menor número do último mês, mas que incluí o primeiro óbito de um homem com menos de 30 anos. Um cidadão do Bangladesh, com 29 anos, que tinha patologias anteriores, e que estava há um mês internado no Hospital Curry Cabral, em Lisboa. No final de março, tinha sido noticiada a suspeita de um rapaz de 14 anos, que, no entanto, morreu de meningite.
O Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) encontrou 150 mutações do novo coronavírus desde que este surgiu em Wuhan, na China, no final do ano passado, até esta altura, em Portugal. O estudo de âmbito nacional que tem como objetivo sequenciar o genoma do vírus está a ser liderado pelo INSA e conta com a participação do Instituto Gulbenkian da Ciência e do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde, anunciou o presidente do primeiro instituto, Fernando Almeida, durante a habitual conferência diária no ministério da Saúde.
De acordo com o responsável pelo INSA, a sequenciação do genoma do SARS-CoV-2 permite identificar "a impressão digital deste coronavírus" e perceber se o vírus que saiu de Wuhan "é o mesmo ou se tem outras linhas ou não". Possibilita ainda estabelecer a linha de contágio de cada doente infetado, identificando "cadeias de transmissão, a escala e a cronologia da transmissão, os pontos de entrada em Portugal" e, com essa informação, "avaliar o impacto das medidas de contenção" e "orientar as medidas a implementar em caso de um novo surto", referiu. Acrescentando que "até agora estivemos a responder à covid. Agora queremos que a covid nos responda a nós".
Mas até termos respostas mais concretas, a única forma de combater o vírus é respeitando as regras de higiene, de etiqueta respiratória e de distanciamento social. Válidas para todos, mas ainda mais necessárias para os mais velhos. Questionada sobre que tipo de proximidade devem manter os netos dos avós nos próximos tempos, a diretora-geral da Saúde disse que é preciso distinguir as situações: "há avós jovens, sem fatores de risco" e "avós vulneráveis".
O primeiro caso "não envolve nenhum risco acrescido", explica Graça Freitas. Só se " os avós tiverem uma idade avançada, nomeadamente 65 ou mais anos, e patologia associada, aqui sim, tem de haver precaução", continua. Devem, por isso, redobrar cuidados "e o convívio familiar com estas pessoas deve fazer-se com todas as medidas que temos recomendado, entre as quais o distanciamento social, higienização das mãos, etiqueta respiratória e utilização de máscaras".
Ainda durante a conferência de imprensa, António Lacerda Sales - o secretário de estado da Saúde - garantiu que as pessoas com diabetes e hipertensão continuarão a receber proteção relativa à covid-19. Esta tomada de posição acontece depois da Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP) ter chamado a atenção, esta quarta-feira, para a retificação do decreto-lei n.º 20/2020 que define o regime excecional de proteção no âmbito do novo coronavírus, onde os diabéticos deixaram de ser mencionados.
António Lacerda Sales justificou esta decisão com a diferença entre diabéticos descompensados e compensados, mencionando que os primeiros (quem está em risco, segundo o governante) são classificados como doentes crónicos, designação que consta no referido decreto-lei.
"Os diabéticos e os hipertensos de Portugal podem ficar tranquilos e confiantes", prometeu. "Estes doentes são essencialmente compensados. O facto de estarem compensados, porém, não significa que a qualquer momento não possam vir a descompensar. Sempre que isso puder vir a acontecer, essa situação estará com certeza coberta pelo chapéu das doenças crónicas", acrescentou.
A retificação, publicada na terça-feira em Diário da República e que retira da lista do regime excecional de proteção no âmbito da COVID-19 as pessoas com diabetes e hipertensão, foi feita quatro dias após a publicação do diploma que previa que os trabalhadores com doenças crónicas e imunodeprimidos pudessem ter as suas faltas justificadas por declaração médica, nos casos em que não fosse possível exercer as suas funções à distância. Para as associações representantes dos diabéticos esta decisão "não faz sentido" e pedem uma reformulação do documento.
O novo coronavírus já infetou mais de 3,7 milhões de pessoas no mundo inteiro, até esta quarta-feira às 10:16, segundo dados oficiais. 33,4% dos doentes foram dados como recuperados, mas 6,9% morreram (258 884 pessoas).
Os Estados Unidos da América são o país com a maior concentração de casos (1 238 040) e de mortes (72 284). Em termos de número de infetados, seguem-se Espanha (220 325), Itália (213 013) e o Reino Unido (194 990). Portugal surge em 22.º lugar nesta tabela, confirmando um afastamento face aos países com mais casos.
Quanto aos óbitos, depois dos Estados Unidos, o Reino Unido é agora a nação com mais mortes declaradas (29 427). Seguem-se Itália (29 315) e Espanha (25 857 - mais 244 vítimas nas últimas 24 horas).
O vírus Sars-cov-2, responsável pela doença covid-19, foi detetado na China no final do ano passado. O tratamento ou uma vacina continuam a não passar de uma esperança, se bem que, esta segunda-feira, cientistas holandeses e o Instituto de Israel para a Investigação Biotecnológica anunciaram ter identificado e testado anticorpos capazes de travar a infeção. O que pode ser um passo promissor no sentido de uma terapêutica futura.