Ensino à distância. Procura crescente gera problemas de acesso a plataformas digitais
Com as escolas obrigadas a dar aulas à distância, duas principais editoras ofereceram as suas plataformas digitais para professores e alunos. Mas o aumento do número de inscritos provocou problemas no seu funcionamento, que garantem já estar resolvidos.
Já todos aguardavam a notícia, mas a ordem só chegaria no dia 12 deste mês: como forma de combater o atual surto de covid-19 em Portugal, todas as escolas foram obrigadas a suspender as suas atividades letivas presenciais, pelo menos até 9 de abril. Mas o 2.º Período, anunciou o Ministério da Educação no dia seguinte, é para continuar, obrigando professores e a alunos a adaptar-se a um ensino à distância. Para auxiliar nesta tarefa, as editoras LeYa e Porto Editora decidiram tornar as suas plataformas educativas virtuais gratuitas a partir desta semana e, desde então, o número de utilizadores escalou. Com a escalada, chegaram os problemas: pais, professores e alunos queixam-se da dificuldade de acesso às plataformas.
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"O que aconteceu desde sexta-feira ultrapassa todos os cenários e reflete, indubitavelmente, a complexidade e o inusitado dos tempos que vivemos, sem paralelo na nossa história coletiva recente", escreveu a Porto Editora, em resposta ao DN. Se no dia 12 de março, quando foi anunciado o fecho das escolas, a plataforma disponibilizada por esta editora, Escola Virtual, contava com 200 mil alunos inscritos - além de 50 mil professores -, numa semana o número galgou para os 300 mil.
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"Tudo mudou", admitem. Logo no início desta semana, a editora registou "algumas dificuldades no funcionamento da plataforma" devido à sobrecarga "máxima" e "de forma ininterrupta" sobre a plataforma e o Centro de Contacto. "Mesmo durante o fim e semana", registaram "largas dezenas de milhares de acesso em simultâneo", relatam.
A Porto Editora garante a "equipa de sistemas de informação tem-se desdobrado a aumentar sucessivamente a capacidade dos servidores para dar resposta a este aumento exponencial de utilizadores" e que, durante esta quinta-feira "a Escola Virtual já esteve em excelente funcionamento e a tendência é ficar ainda mais estável".
A editora LeYa, por outro lado, garante que tem conseguido manter a plataforma "estável do ponto de vista de usabilidade", uma vez que depende de servidores adaptados para "escalar facilmente em função da utilização".
À semelhança do que acontece com a Porto Editora, também a plataforma Aula Digital da Leya registou que "o tráfego tem aumentado continuamente desde sexta-feira", "data em que a plataforma passou a estar acessível a todos", escrevem. Ainda que a "grande maioria" dos utilizadores já estivesse registada, "dado que o Estado oferece uma licença digital a cada aluno no âmbito da oferta escolar", assinalaram "uma utilização oito vezes superior à habitual". No total, foram criadas cerca de dez mil salas e 130 mil testes.
O ensino à distância é a única forma de ligação entre professores e alunos até que as atividades letivas presenciais sejam restabelecidas. O Governo voltará a avaliar a situação da Educação a 9 de abril.