Covid-19. Ministra diz que situação em Lisboa e Vale do Tejo não vai ter "medidas mais restritivas"

A responsável pela pasta da Saúde refere que, neste momento, não há necessidade de pôr em práticas outras restrições por causa da covid-19. Adianta ainda que mais de metade dos infetados na região são jovens, adultos que estão a recuperar bem da doenças e 30% dos casos dizem respeito a pessoas assintomáticas.

Os novos casos de covid-19 na região de Lisboa e Vale do Tejo - centro das atenções nacionais nas últimas duas semanas - não se devem ao desconfinamento, disse a ministra da Saúde, em conferência de imprensa, este sábado. Marta Temido relaciona antes estas infeções com "atividades regulares", como o ambiente laboral e admite que não são necessárias "medidas mais restritivas", por agora.

"Isso não está em cima da mesa. Estes focos não estarão relacionados com o desconfinamento, mas antes com atividades que sempre se realizarem, com pessoas que sempre estiveram a trabalhar e apenas sugerem um atraso na incidência da doença em Lisboa e Vale do Tejo", justifica a ministra.

Ainda sem conhecer o número de novos casos das últimas 24 horas na Grande Lisboa e no resto do país, devido a um problema informático que atrasou a divulgação do boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS), a responsável pela pasta da Saúde garantiu que a situação epidemiológica na Área Metropolitana de Lisboa está controlada. Principalmente, porque 30% dos infetados são assintomáticos e mais de 50% são jovens, adultos (entre os 20 e os 49 anos) com doença ligeira.

Com base nos dados do boletim desta sexta-feira, os concelhos de Lisboa, Loures, Amadora, Odivelas e Sintra são os mais afetados pela pandemia, neste momento. O que levou o Governo a traçar um plano de testes de despiste de covid em empresas nestas zonas, que só terminará este sábado. No entanto, até agora, apenas 4,6% destas análises se revelaram positivas para covid, informou a ministra.

O aumento da testagem é outro dos fatores, apresentados por Marta Temido, para o crescimento dos casos na região, que carateriza como "pequenos surtos". Justificação também sugerida pelo Presidente da República, este sábado, aos jornalistas, quando fazia um ponto da situação epidemiológica de Lisboa e Vale do Tejo. "Não podemos é estar a confundir uma operação massiva [de testagem], que se deve fazer na área da construção civil em cinco municípios, com uma disseminação maior", dizia Marcelo Rebelo de Sousa.

Desde o primeiro dia de março, Portugal já realizou 908 291 teste de despiste para a covid, atualizou a ministra da Saúde. 8,8% deste total referem-se ao mês de março, 38% a abril, 46% a maio e 6,6% nos primeiros cinco dias de junho. "O que mostra o aumento da testagem que temos perseguido", continua a governante.

Portugal tinha, esta sexta-feira, 33 969 infetados com o novo coronavírus, 20 526 recuperados e 1 465 vítimas mortais no país, de acordo com o boletim da DGS, que deverá ser atualizado hoje, sem se conhecer o novo horário da divulgação dos dados. Em comunicado às redações, a autoridade da saúde esclarece que "esta madrugada ocorreu uma alteração técnica nas configurações de acesso, não comunicada previamente, num sistema crítico da Microsoft", o que provocou um "atraso do acesso dos técnicos da DGS aos dados que permitem a construção do boletim".

Atividade não urgente suspensa na Grande Lisboa para "garantir prontidão" no caso de "uma situação imprevista"

Sobre a suspensão temporária da atividade programada nos hospitais da área metropolitana de Lisboa, por causa do número de novos casos de covid na região, a ministra explicou que isto "acontecerá enquanto se mantiver a situação epidemiológica que justifique algum estado de alerta". Lembrando ainda que o cancelamento provisório de consultas, exames e cirurgias já tinha acontecido no Norte do país, ainda antes de se estender a todo o território nacional. Trata-se de uma medida de segurança extra.

Marta Temido realça que estes hospitais estavam a ter "um aumento discreto daquilo que é a procura de cuidados de saúde primários e hospitalares" e que mais vale adiar alguma atividade agora "para garantir prontidão" em "caso de termos uma situação imprevista".

"Todos compreenderão certamente que face a um contexto em que ainda estamos a constatar um aumento discreto daquilo que é a procura de cuidados de saúde primários e cuidados hospitalares, temos de garantir a prontidão para o caso de termos uma situação imprevista. E temos de garantir que as equipas de saúde estão disponíveis para apoiar este esforço maciço de supressão da doença nesta área", defendeu a governante.

A decisão constará num despacho conjunto de vários ministérios a publicar nos próximos dias, depois de ter sido determinada para vigorar "desde 3 de junho e enquanto a situação epidemiológica o justificar".

Na sexta-feira, o bastonário da Ordem dos Médicos alertou que a retoma da atividade programada nos hospitais, embora gradual, não deve ser impedida em função da zona do país que regista mais ou menos casos de covid-19. Já antes, na quinta, em entrevista ao DN, Miguel Guimarães tinha revelado preocupação com a reorganização da atividade programada em todo o país, especialmente na região da Grande Lisboa.

Época balnear, que começa hoje, "preocupa todos"

Este sábado inaugura-se a época balnear e autoridades de saúde e governo são unânimes: os portugueses podem e devem ir à praia, mas "com regras".

"A praia vai continuar a fazer bem à saúde também neste verão de 2020", garantiu António Costa, que se dirigiu à praia da Rocha, em Portimão, para marcar o dia. "Temos capacidade para 850 mil pessoas estarem nas praias em simultâneo, mas é muito importante que todos os dias, antes de escolher a praia, tenhamos cuidados em verificar a sinalética da ocupação", apontou o primeiro-ministro, referindo-se à aplicação Info Praias.

Durante a conferência de imprensa, também a diretora, geral da Saúde manifestou vontade que os portugueses "se divirtam e se descontraiam" durante o verão, mas sem esquecer as regras: "não se esqueçam de que estamos perante uma epidemia. Esta é uma doença contagiosa que se transmite".

Graça Freitas admitiu que a época balnear "preocupa a todos", mas será mais fácil com respeito pelo distanciamento social, pelas regras de higiene e etiqueta respiratória. A responsável pela DGS lembra ainda que durante as idas à praia a companhia deve limitar-se a outros elementos do agregado familiar e não envolver partilha de objetos.

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