Graça Freitas: "vamos fazer um último esforço de contenção social"
Diretora-Geral da Saúde diz que o país está a conseguir controlar a pandemia, mas é preciso não descurar as medidas de proteção. Esta sexta-feira, registaram-se mais 377 casos e dez mortes por covid-19, em Portugal.
"O nosso país está à beira de controlar a situação epidémica", disse a diretora-geral da Saúde, esta sexta-feira, em conferência de imprensa, lançando um "apelo muito sério" a todos os portugueses: "vamos fazer um último esforço de contenção social". Graça Freitas explicou que os estudos realizados por várias instituições têm demonstrado que, por esta altura, a perceção de risco da população está a diminuir e, por isso, é necessário relembrar que "o vírus não desapareceu" e que as regras difundidas pelas autoridades de saúde devem continuar a ser respeitadas, referindo-se ao distanciamento social, às medidas de higiene e etiqueta respiratória.
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Prestes a começar uma semana com feriados e com as férias de verão à porta, a responsável pela Direção-Geral da Saúde (DGS) garantiu que "este ano vamos poder fazer férias, mas de forma diferente". Graça Freitas não vê problemas com deslocações feitas "de forma ordeira" para outras regiões do país, mas pede que estas sejam restringidas aos respetivos agregados familiares.
"Amigos, familiares, conhecidos, devem ter medidas de distância física, utilizar máscara quando for necessário, não partilhar objetos, copos, garrafas, toalhas, manter higiene das mãos, das superfícies", lembra a diretora-geral da Saúde.
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Endurece depois o discurso, quando se refere aos infetados com o novo coronavírus ou aos seus contactos próximos, também em vigilância pelas autoridades de saúde. Tanto uns como os outros não podem deixar o seu domicílio, sob prejuízo de infetarem familiares, amigos, colega e criar novas cadeias de transmissão. "Não podem nem ir à casa do lado", sublinha.
"Todas as pessoas que sabem que estão infetadas, com ou sem sintomas, e todos os contactos próximos e que estão sob vigilância das autoridades de saúde têm indicação para ficarem em isolamento e quero fazer um apelo sério para que mantenham o isolamento durante 14 dias", pediu Graça Freitas.
Em Portugal, nas últimas 24 horas, morreram mais dez pessoas e foram confirmados mais 377 casos de covid-19 (um aumento de 1,1% em relação ao dia anterior). Segundo o boletim epidemiológico da DGS, desta sexta-feira (5 de junho), no total, desde que a pandemia começou registaram-se 33 969 infetados, 20 526 recuperados (mais 203) e 1 465 vítimas mortais no país.
Ou seja, há, neste momento, 11 978 doentes portugueses ativos (valor encontrado quando se subtrai o número de curados e mortes ao total nacional). Destes, 96% encontram-se a recuperar no domicilio.
89% dos novos casos dizem respeito à região de Lisboa e Vale do Tejo. Apenas 41 dos 377 infetados não residem nesta zona, que as autoridades de saúde continuam a "acompanhar com muita atenção", porque "apresenta uma tendência estável, mas com números de incidência relativamente elevados em relação ao resto do país", disse a diretora-geral da Saúde, em conferência de imprensa.
Os restantes infetados nas últimas 24 horas estão distribuídos pelo Centro (mais 19 infeções), pelo Norte (15), pelo Sul (quatro), pelos Açores (duas) e pelo Alentejo (um).

Quanto aos dez óbitos declarados nas últimas 24 horas, quatro tinham local de residência na região da Grande Lisboa, outros quatro no Centro e dois na região Norte.
A taxa de letalidade global do país é hoje de 4,3%, aumentando para 17,4% no caso das pessoas acima dos 70 anos - as principais vítimas mortais. Em lares, desde o início da pandemia, já morreram 529 pessoas, atualizou o secretário de estado da Saúde.
O boletim da DGS indica ainda que aguardam resultados laboratoriais 1636 pessoas e estão em vigilância pelas autoridades de saúde mais de 28 mil. O sintoma mais comum entre os infetados é a tosse (que afeta 40% dos doentes), seguida da febre (29%) e de dores musculares (21%).
62% de ocupação de camas hospitalares. Menos de um terço são doentes covid
Esta sexta-feira, estão internados 421 doentes (menos 24 que ontem), sendo que destes 58 encontram-se nos cuidados intensivos (exatamente o mesmo número que na véspera).
Tal como o DN noticiou esta quinta-feira, a maioria dos internamentos concentram-se na região de Lisboa e Vale do Tejo, onde há hospitais, como o Amadora-Sintra, que já tiveram de reabrir enfermarias dedicadas à covid, entretanto fechadas. Sobre isto, o secretário de estado da Saúde relembra que as unidades hospitalares estão a trabalhar em rede e, por isso, se houver um hospital com mais necessidades pode transferir doentes para outro.
Olhando para o plano geral, António Lacerda Sales, aponta que apenas 62% do total de camas em Portugal estão ocupadas e que só 16% a 20% destas dizem respeito a doentes covid. "A nossa preocupação é com Lisboa e Vale do Tejo, sendo que temos uma capacidade de ventilação e de camas suficiente para enfrentar" possíveis dificuldades, continua o governante.
Reforço de meios no Algarve para o verão
Durante o briefing diário, o secretário de estado da Saúde indicou ainda que assinou, esta sexta-feira, "um despacho que autoriza a mobilidade de médicos e enfermeiros para estabelecimentos de saúde na área geográfica da Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve", durante o verão.
As vagas disponíveis estarão publicadas na página online da ARS "de acordo com as necessidades".
Lisboa e Vale do Tejo com mais de 70% dos novos casos desde fim do estado de emergência
Mais de 70% dos casos de infeção por covid-19 reportados desde o fim do estado de emergência (2 de maio) foram registados em Lisboa e Vale do Tejo. Segundo as conta da agência Lusa, a região tinha até àquela data apenas 20% dos infetados do país.
Tendo em conta apenas o período entre o fim do estado de emergência e esta quinta-feira (dia 4 de junho), a região registou 6 090 infeções (73,29% do total do país) e 173 mortos (41,99%). Até agora, a Área Metropolitana de Lisboa tem tido algumas restrições na terceira fase do desconfinamento por causa do número de novos casos que regista por dia, mas o primeiro-ministro admitiu ontem que estas devem ser levantadas a partir de 15 de junho.
"Os focos [de covid] estão muito bem delimitados, [referindo-se a] pessoas que trabalham sobretudo para empresas de trabalho temporário ou no setor da construção civil", justificou o governante.
Já a região Norte tem uma percentagem mais alta de óbitos em igual período (49,51% do total do país, correspondendo a 204 mortes). No entanto, a percentagem de infetados no Norte em relação ao total do país tem vindo a descer: era de 59,41% a 3 de maio e de 50,07% a 4 de junho. Tendo em conta apenas o período entre o fim do estado de emergência e quinta-feira, foram registados nesta região 21,64% do total de infeções em Portugal.
393 mil mortes por covid em todo o mundo
O novo coronavírus já infetou mais de 6,7 milhões de pessoas no mundo inteiro, até esta sexta-feira às 10:06, segundo dados oficiais. Há agora 3,2 milhões de recuperados e 393 542 mortes a registar.
Os Estados Unidos da América são o país com a maior concentração de casos (1 924 189) e de mortes (110 179). Em termos de número de infetados, seguem-se o Brasil (615 870) e a Rússia (449 834). Portugal surge em 30.º lugar nesta tabela.
Quanto aos óbitos, depois dos Estados Unidos, o Reino Unido é a nação com mais mortes declaradas (39 904). Seguem-se o Brasil (34 039) e a Itália (33 689).
Notícia atualizada às 18:22 com o número de internamentos em enfermaria e em cuidados intensivos corrigidos pela DGS .